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Planeta gigante orbita estrela minúscula a uma distância que a ciência não explica

Cientistas descobriram um planeta gigante orbitando uma estrela pequena e fraca, do tipo anã vermelha, a cerca de 241 anos-luz da Terra, o que é uma distância relativamente curta em proporções astronômicas. O que mais chamou a atenção dos pesquisadores foi o fato de uma estrela tão leve ter conseguido formar um planeta tão grande, algo que as teorias atuais não conseguem explicar bem.

Batizado de TOI-6894b, o mundo alienígena está descrito em um artigo publicado nesta quarta-feira (4) na revista científica Nature Astronomy. A descoberta foi feita por uma equipe internacional que analisa exoplanetas (ou seja, planetas fora do Sistema Solar). “É uma descoberta intrigante”, afirmou Vincent Van Eylen, um dos autores e astrofísico da University College London, em um comunicado. Segundo ele, entender como esse planeta surgiu é um dos principais desafios atuais na astronomia.

Ilustração de uma estrela anã vermelha com um exoplaneta em órbita próxima. Crédito: Rawpixel.com – Shutterstock

Até então, acreditava-se que estrelas com menos de um terço da massa do Sol não teriam material suficiente para formar planetas gigantes. Por isso, a descoberta do TOI-6894b é tão surpreendente. Outros exemplos parecidos já haviam sido encontrados, mas ainda são raros. Agora, os cientistas querem buscar mais casos assim para poder rever as ideias tradicionais sobre formação planetária.

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Caçador de exoplanetas da NASA entra em ação

A equipe usou dados do Satélite de Pesquisa de Exoplanetas em Trânsito (TESS, na sigla em inglês), da NASA, lançado em 2018. Em 2023, o time identificou 15 candidatos a planetas gigantes orbitando estrelas pequenas – entre eles, o recém-confirmado TOI-6894b, que a partir daí passou a ser estudado com mais detalhes, incluindo observações com telescópios em solo.

Os dados mostraram que TOI-6894b tem cerca de 17% da massa de Júpiter, o maior planeta do Sistema Solar. Isso equivale a 53 vezes a massa da Terra. Com tamanho semelhante ao de Saturno, o planeta gira em torno de sua estrela em apenas três dias, o que indica que está muito próximo dela. Já a estrela tem só 20% da massa do Sol, sendo a menor conhecida a abrigar um planeta gigante.

O TESS (Satélite de Pesquisa de Exoplanetas em Trânsito), caça-exoplanetas da NASA, já detectou mais de 7,2 mil possíveis mundos alienígenas. Crédito: Dotted Yeti – Shutterstock

Segundo os cientistas, isso pode indicar que planetas gigantes ao redor de estrelas pequenas são mais comuns do que se pensava. “A maioria das estrelas da nossa galáxia são pequenas como essa”, explicou Daniel Bayliss, astrofísico da Universidade de Warwick, na Inglaterra. “Se elas podem ter planetas grandes, isso muda tudo o que sabemos sobre a quantidade de planetas gigantes na Via Láctea”.

James Webb pode investigar atmosfera do planeta

A descoberta desafia o modelo mais aceito de formação planetária, chamado “modelo de acreção do núcleo”. Nele, um planeta começa pequeno e cresce até atrair muito gás. Mas esse processo exige muito material ao redor da estrela, o que não se esperava em estrelas tão pequenas. Outra hipótese é que o planeta tenha se formado a partir do colapso de uma nuvem de gás instável.

Representação artística do Telescópio Espacial James Webb
Representação artística do Telescópio Espacial James Webb, que será usado para examinar a atmosfera do planeta TOI-6894b. Crédito: 24K-Production – Shutterstock

Para tirar dúvidas, os cientistas pretendem usar o Telescópio Espacial James Webb (JWST) e estudar a atmosfera do TOI-6894b para entender como ele realmente se formou. Essa descoberta pode mudar tudo o que se sabe sobre a origem dos planetas no Universo.

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James Webb descobre origem de um dos mundos mais extremos já observados

Um artigo publicado nesta segunda-feira (2) na Nature Astronomy traz novas pistas sobre a origem de Tylos, também conhecido como WASP-121b, um dos mundos mais extremos já observados. Esse exoplaneta gigante gasoso, situado a 880 anos-luz da Terra, está tão perto da estrela hospedeira que sua atmosfera ferve com nuvens de metal vaporizado. 

Agora, cientistas conseguiram identificar os blocos de construção que deram origem ao planeta alienígena, compostos por pequenas pedras e poeira que sobraram do nascimento da estrela.

Usando o Telescópio Espacial James Webb (JWST), da NASA, a equipe detectou na atmosfera de Tylos várias moléculas, incluindo monóxido de silício – um indicativo de rocha vaporizada – além de água, metano e monóxido de carbono. Esses elementos ajudam a traçar a história do planeta, revelando onde ele se formou e como cresceu. O estudo foi liderado por Thomas Evans-Soma, da Universidade de Newcastle, na Austrália.

Representação artística ilustra como WASP-121b orbita a estrela hospedeira Dilmun. Ao mostrar vinte estágios da trajetória do planeta, a imagem demonstra como ele apresenta frações variadas de seu lado diurno iluminado e quente. Observando toda a órbita, a equipe extraiu informações das mudanças nas emissões atmosféricas. A fase do planeta que passa em frente da estrela também permitiu à equipe examinar como o fino limbo atmosférico do planeta alterava a radiação estelar que brilhava. Dessa forma, eles detectaram gás monóxido de silício. Crédito: © Patrícia Klein

Exoplaneta WASP-121b é “fofo” e inchado

Tylos tem 1,75 vez o tamanho de Júpiter, mas apenas 1,16 vez sua massa, o que significa que é mais “fofo” e inchado. Ele completa uma volta ao redor da estrela Dilmun a cada 30 horas, uma órbita extremamente próxima e quente. Essa proximidade faz com que sua atmosfera esteja evaporando, expandida pelo calor intenso, o que facilita a observação com telescópios.

Durante sua órbita, Tylos passa na frente de sua estrela, permitindo que parte da luz atravesse sua atmosfera. Essa luz muda ao passar pelas moléculas do planeta, e os astrônomos analisam essas alterações para descobrir que substâncias estão presentes por lá. Esse método tem ajudado a tornar Tylos um dos exoplanetas mais bem estudados da galáxia.

Tylos pertence a uma classe chamada “Júpiter quente”, que inclui planetas gigantes que orbitam muito perto de suas estrelas. Mas isso levanta um problema: tão próximos, eles não teriam como se formar ali, já que o calor e os ventos estelares impediriam a acumulação de gás. A principal hipótese é que eles nascem mais longe e, com o tempo, migram para perto da estrela.

Representação artística do exoplaneta WASP-121b, gigante que orbita muito próximo da estrela hospedeira. Crédito: Engine House VFX, At-Bristol Science Center, Universidade de Exeter

Análises anteriores já haviam detectado monóxido de silício em Tylos, mas esta é a primeira vez que a combinação completa de moléculas revela onde ele surgiu. As estrelas nascem de nuvens de gás que giram e formam um disco ao redor delas. Esse disco gera os planetas a partir de pequenos fragmentos sólidos. Quando o gás some, restam seixos de poeira e gelo que se unem para formar mundos.

A temperatura no disco varia conforme a distância da estrela. Em regiões mais quentes, o gelo vira gás, formando o que os cientistas chamam de “linha de gelo”. Observando a composição da atmosfera de Tylos, os pesquisadores concluíram que ele se formou numa região onde o metano já era gás, mas o gelo ainda estava sólido. Isso coloca sua origem bem distante da estrela Dilmun.

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Detalhe em Tylos chama a atenção dos pesquisadores

No Sistema Solar, essa distância está entre Júpiter e Urano. Mas como Dilmun é mais quente que o Sol, Tylos teria nascido ainda mais longe e migrado longamente até sua órbita atual. Isso reforça a ideia de que os Júpiteres quentes nascem longe e depois se aproximam da estrela.

Um detalhe curioso chamou a atenção dos cientistas: a presença de metano no lado noturno do planeta. Essa molécula é instável em altas temperaturas e não deveria ser detectada nessa altitude. A explicação mais provável é que há correntes intensas puxando o metano das camadas profundas para a parte superior da atmosfera.

Esse movimento vertical surpreendente ainda não é totalmente compreendido e desafia os modelos atuais usados para estudar exoplanetas. Em um comunicado, Evans-Soma diz que os cientistas terão que ajustar suas simulações para levar em conta esse tipo de mistura atmosférica tão forte. Mesmo depois de tantas observações, Tylos continua sendo um laboratório cósmico cheio de surpresas.

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Tecnologia promete algo revolucionário: obter imagens diretas de exoplanetas

Um artigo publicado na revista Optica descreve um novo dispositivo que pode revolucionar a busca por mundos parecidos com a Terra fora do Sistema Solar. Cientistas estão desenvolvendo uma tecnologia baseada na física quântica para viabilizar o que antes era quase impossível: tirar fotos diretas de exoplanetas. 

Desde a invenção do telescópio, em 1608, nossa visão do Universo mudou radicalmente. No começo, era possível apenas ver crateras da Lua e algumas luas de Júpiter. Hoje, equipamentos modernos como o James Webb capturam imagens muito mais detalhadas e profundas do espaço. Mesmo assim, observar exoplanetas ainda é um grande desafio.

Para ver esses mundos distantes, os telescópios usam um instrumento chamado coronógrafo, que serve para bloquear a luz das estrelas, que ofusca tudo ao redor. Ao fazer isso, o instrumento permite que os cientistas vejam objetos muito mais fracos, como planetas orbitando essas estrelas. Mas mesmo os coronógrafos mais modernos têm limites.

Uma equipe liderada pelos estudantes de Ph.D. Nico Deshler, da Universidade do Arizona, e Itay Ozer, da Universidade de Maryland, está tentando ultrapassar essas barreiras usando princípios da mecânica quântica. Eles querem melhorar a resolução dos telescópios sem precisar construir equipamentos gigantescos. Isso porque aumentar o tamanho do telescópio também aumenta muito o custo e a complexidade da missão espacial.

Mesmo com telescópios avançados como o James Webb, observar exoplanetas continua sendo um grande desafio para a astronomia. Crédito: dima_zel – iStockPhoto

Estudo propõe coronógrafo “sensível à quântica”

A resolução é a capacidade de distinguir detalhes em uma imagem. Quanto maior a resolução, mais próximo ou menor pode ser o objeto observado. Mas existe um limite chamado limite de difração, que depende do tamanho do telescópio e do tipo de luz observada. Superar essa margem é justamente o objetivo do novo dispositivo.

O que o estudo propõe é um coronógrafo “sensível à quântica”, que não apenas bloqueia a luz da estrela, mas separa os fótons (as partículas de luz) vindos da estrela e do planeta com muita precisão. Isso é feito antes mesmo que a luz chegue ao detector do telescópio, o que reduz muito os erros na imagem.

O funcionamento se baseia nos chamados modos espaciais da luz. Cada fonte de luz, dependendo de sua posição, excita um modo espacial diferente. Usando máscaras especiais que guiam esses fótons, o novo dispositivo consegue desviar a luz da estrela e deixar passar apenas a do exoplaneta.

Essas máscaras fazem parte de um equipamento chamado classificador de modo espacial. À medida que a luz passa por ele, os fótons se separam em regiões diferentes. Isso permite isolar a luz fraca do planeta da luz intensa da estrela, mesmo quando os dois estão muito próximos.

Diferentemente dos métodos tradicionais, que removem a luz da estrela por processamento digital depois que a imagem já foi capturada, este novo método faz a separação antes que a luz atinja o detector, o que torna a imagem mais limpa e aumenta a chance de detectar planetas pequenos e próximos de suas estrelas.

Quando o telescópio é apontado diretamente para uma estrela, os fótons dela se concentram em um único modo espacial, o chamado modo fundamental. O novo coronógrafo é capaz de filtrar esse modo, removendo completamente a luz da estrela e revelando apenas a luz vinda do planeta.

Como o planeta está em um ponto ligeiramente diferente do céu, ele excita um modo espacial diferente. Com isso, a luz dele pode ser separada da luz da estrela de forma muito precisa, preservando todas as informações que os fótons carregam sobre o planeta.

Projeto conceitual de uma imagem direta quântica obtida por coronógrafo baseado na ordenação de modo espacial. Crédito: Nico Deshler, Itay Ozer, Amit Ashok e Saikat Guha

Equipe simula alcance de exoplanetas em laboratório

Para testar a ideia, os cientistas simularam o sistema em laboratório. Usaram dois pontos de luz: um brilhante representando a estrela e outro fraco representando o planeta. Ao mover esse ponto fraco e capturar imagens, eles analisaram até que ponto o dispositivo conseguia detectar o exoplaneta.

Eles perceberam que, se o planeta estiver muito perto da estrela, parte da sua luz ainda é perdida. Mas, à medida que a distância aumenta, mesmo que esteja abaixo do limite tradicional de separação, o sinal do planeta começa a se destacar. Isso mostra que o dispositivo funciona como esperado.

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Em outro teste, colocaram a “estrela” mil vezes mais brilhante que o “planeta”. Mesmo assim, o novo sistema conseguiu detectar o planeta com boa precisão, alcançando resultados muito próximos do que a teoria prevê para um desempenho ideal.

Em entrevista ao site Space.com, Deshler diz que isso prova que a tecnologia pode ir além dos limites atuais e tornar visíveis planetas que hoje estão fora do alcance dos melhores telescópios. A equipe agora trabalha para transformar o protótipo em um sistema pronto para ser usado em missões espaciais.

Um dos principais desafios é construir o classificador de modo com altíssima precisão. Pequenos erros na fabricação ou no alinhamento das peças podem causar “vazamentos” de luz entre os modos, o que prejudica o desempenho do sistema. Para isso, eles planejam usar técnicas avançadas de fabricação, como fotolitografia (usada na produção de chips), impressão 3D especializada e microusinagem. O objetivo é produzir máscaras difrativas com qualidade suficiente para detectar planetas semelhantes à Terra.

No futuro, essa tecnologia poderá complementar missões espaciais como o Observatório de Mundos Habitáveis, planejado para suceder o Hubble e o James Webb. A vantagem da imagem direta é que ela permite estudar o espectro de luz do planeta e, com isso, identificar sinais químicos que podem indicar a presença de vida.

Ozer e Deshler acreditam que o novo coronógrafo pode se tornar mais uma ferramenta poderosa na busca por outros mundos habitáveis. No entanto, eles alertam que nenhuma técnica é suficiente sozinha. A descoberta de exoplanetas exige múltiplas abordagens, como o estudo de trânsitos, velocidade orbital e lentes gravitacionais.

Mesmo assim, o avanço mostra que a combinação entre astronomia e física quântica está abrindo caminhos promissores. Ver um “gêmeo da Terra” com nossos próprios olhos talvez esteja mais perto do que imaginávamos.

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Hoje é Dia de Star Wars! Como seria viver em um mundo com dois sóis como Tatooine?

Neste domingo (4), é comemorado o “Dia de Star Wars”. Isso porque a data, lida em inglês (“May the 4th”) tem uma sonoridade semelhante à frase icônica “May the Force be with you” – “Que a Força esteja com você”.

Recentemente, o Olhar Digital noticiou a descoberta de um planeta, batizado de 2M1510 (AB) b, orbitando duas anãs marrons ao mesmo tempo, em um ângulo de 90 graus. Chamado de “planeta polar”, ele gira acima e abaixo das estrelas, e não ao redor, como é mais comum.

Planetas em sistemas binários já foram observados antes, sendo inclusive apelidados de “mundos Tatooine”, em referência ao planeta da saga Star Wars, habitado por colonos humanos e espécies de diversas origens, onde é possível ver dois sóis no céu. 

Na saga Star Wars, o mundo Tatooine tem dois sóis. Crédito: Divulgação / Lucasfilm / Disney

No entanto, os 16 encontrados anteriormente orbitam no mesmo plano em que as estrelas se movimentam. O que torna  tão especial esse novo achado – descrito em um artigo publicado em abril na revista Science Advances – é seu ângulo de órbita ser completamente perpendicular ao das estrelas. Saiba mais detalhes sobre ele aqui.

Isso levanta uma dúvida fascinante: como seria viver em um planeta com dois sóis?

Planeta com dois sóis têm modulação sazonal

Em primeiro lugar, o padrão de dia e noite seria diferente do que conhecemos na Terra. Isso porque os dois sóis não nasceriam nem se poriam sempre no mesmo lugar do céu. Em certos momentos, as estrelas pareceriam distantes uma da outra. Em outros, estariam bem próximas no céu. Esse movimento alteraria a duração dos dias e influenciaria diretamente a temperatura e a quantidade de luz recebida na superfície.

Além disso, o planeta gira em torno das duas estrelas, que por sua vez orbitam um ponto comum entre elas. Esse “balé gravitacional” afeta a posição do planeta em relação a cada estrela ao longo do tempo, influenciando significativamente o clima.

Em entrevista ao site Space.com, o astrônomo Amaury Triaud, da Universidade de Birmingham, na Inglaterra, disse que planetas assim passam por uma espécie de “modulação sazonal”, com as estações do ano dependendo da órbita das estrelas e podendo acontecer com frequência diferente das estações terrestres.

Se as duas estrelas forem parecidas, o planeta tende a ser mais frio quando estiver perto de apenas uma delas e mais quente quando estiver no meio das duas. Mas se forem diferentes (por exemplo, uma estrela como o Sol e outra bem mais fraca), a estação mais quente vai ocorrer quando o planeta estiver mais próximo da estrela mais potente.

Há até casos em que o planeta entra e sai da chamada “zona habitável“, região em que a temperatura é ideal para existir água líquida. Isso depende de quão próximas ou distantes as estrelas estão – e de quais delas o planeta se aproxima mais.

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Água líquida no planeta 2M1510 (AB) b é impossível

No caso específico do planeta 2M1510 (AB) b, a situação é ainda mais complexa. Por ter uma órbita polar, ou seja, perpendicular ao plano das estrelas, ele não vê os sóis girando no céu da mesma forma que um planeta em órbita comum.

Triaud explica que esse tipo de órbita pode suavizar os efeitos extremos do clima, mas ainda assim as variações estariam presentes. As duas estrelas mudam constantemente de posição em relação ao planeta, o que afeta a luz e o calor recebidos.

Imagem revela 2M1510 AB, um par de anãs marrons (A e B) que orbitam entre si. Elas são vistas como uma só, mas os astrônomos sabem que são duas porque elas se eclipsam periodicamente. Este sistema contém uma terceira anã marrom, 2M1510 C, que está localizada muito longe para ser responsável por perturbações gravitacionais observadas. Crédito: Pesquisa de Legado DESI / D. Lang (Instituto Perimetral)

Além disso, o sistema 2M1510 tem uma terceira anã marrom, mais distante, que o planeta não orbita. Por serem estrelas muito frias, é improvável que elas consigam aquecer o planeta o suficiente para permitir a existência de água líquida – e, portanto, vida como conhecemos.

Ilustração mostra um exoplaneta orbitando duas anãs marrons – objetos maiores que planetas gigantes gasosos, mas pequenos demais para serem estrelas propriamente ditas. Crédito: ESO/M. Kornmesser

Mundo de Star Wars seria desafiador na vida real

Já o fictício Tatooine é retratado como um planeta seco e desértico, com estações sutis. Suas duas estrelas aparecem no céu ao mesmo tempo, o que sugere que elas estão muito próximas uma da outra e sempre mantêm uma distância relativamente constante do planeta.

Na ficção, Luke Skywalker achava Tatooine entediante. Mas, na vida real, um planeta com dois sóis poderia ser tudo, menos previsível. A combinação de múltiplas estrelas pode tornar o ambiente instável – e a vida, se possível, bastante desafiadora.

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Cientistas encontram um planeta que parece ter vindo de Star Wars

Um artigo publicado este mês na revista Science Advances, liderado por Thomas Baycroft, estudante de doutorado na Universidade de Birmingham, no Reino Unido, revela a descoberta de um planeta orbitando duas estrelas ao mesmo tempo, em um ângulo de 90 graus. Chamado de “planeta polar”, ele gira acima e abaixo das estrelas, e não ao redor, como é mais comum.

Imagem revela 2M1510 AB, um par de anãs marrons (A e B) que orbitam entre si. Elas são vistas como uma só, mas os astrônomos sabem que são duas porque elas se eclipsam periodicamente. Este sistema contém uma terceira anã marrom, 2M1510 C, que está localizada muito longe para ser responsável por perturbações gravitacionais observadas. Crédito: Pesquisa de Legado DESI / D. Lang (Instituto Perimetral)

Batizado de 2M1510 (AB) b, o exoplaneta – mundo fora do Sistema Solar – foi encontrado ao redor de duas anãs marrons, que são objetos maiores do que planetas como Júpiter, mas que não têm massa suficiente para brilhar como estrelas. Elas formam um sistema binário, ou seja, giram uma em torno da outra. Da Terra, parecem se esconder uma atrás da outra em certos momentos, como num eclipse.

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Planeta com dois sóis remete a “mundo Tatooine”

Planetas em sistemas binários já foram observados antes, sendo inclusive apelidados de “mundos Tatooine”, em referência ao planeta da saga Star Wars, onde é possível ver dois sóis no céu. No entanto, todos esses planetas orbitam no mesmo plano em que as estrelas se movimentam. O que torna esse novo achado tão especial é seu ângulo de órbita ser completamente perpendicular ao das estrelas.

Essa descoberta foi possível graças ao Very Large Telescope (VLT), localizado no Chile e operado pelo Observatório Europeu do Sul (ESO). A equipe de astrônomos estava estudando o sistema 2M1510 com outro objetivo, mas notou que as duas estrelas apresentavam movimentos irregulares. Isso costuma indicar a presença de um planeta que, com sua gravidade, puxa levemente as estrelas enquanto orbita.

Ilustração mostra um exoplaneta orbitando duas anãs marrons – objetos maiores que planetas gigantes gasosos, mas pequenos demais para serem estrelas propriamente ditas. Crédito: ESO/M. Kornmesser

Diante desse comportamento estranho, os cientistas simularam várias situações para explicar o que estavam vendo. Segundo Baycroft, só havia uma explicação que combinava com os dados: um planeta em órbita polar. 

“Foi uma grande surpresa. Não estávamos procurando por isso”, comentou Amaury Triaud, professor da mesma universidade e coautor do estudo, em um comunicado. Para os cientistas, o caso mostra que o Universo ainda é cheio de mistérios. E que, muitas vezes, grandes descobertas acontecem por acaso.

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Astrônomos capturam detalhes inéditos de planetas em formação

Pesquisadores da Universidade do Arizona, nos EUA, obtiveram imagens sem precedentes de planetas extremamente jovens ao redor de uma estrela localizada a 370 anos-luz da Terra. A observação foi feita com o instrumento Magellan Adaptive Optics Xtreme (MagAO-X), um sistema avançado que corrige a turbulência da atmosfera terrestre.

Com apenas 5 milhões de anos, a estrela PDS 70 é um bebê cósmico se comparado ao Sol, que tem mais de 4,5 bilhões de anos. Em torno dela, foram detectados dois planetas em formação, que receberam os nomes de PDS 70 b e PDS 70 c. As imagens revelaram anéis compactos de poeira ao redor deles, que podem dar origem a luas.

A equipe também registrou mudanças inesperadas no brilho dos planetas, uma característica da juventude agitada do sistema. Essas variações sugerem um intenso processo de crescimento, com os planetas acumulando material ao seu redor. O estudo foi publicado no periódico científico The Astronomical Journal.

Como o MagAO-X consegue imagens tão nítidas de planetas distantes?

O MagAO-X funciona de maneira semelhante aos fones de ouvido com cancelamento de ruído, mas aplicado à óptica. Ele utiliza um espelho deformável que se ajusta duas mil vezes por segundo para corrigir as distorções causadas pela atmosfera terrestre. Isso permite que um telescópio no solo registre imagens tão nítidas quanto as de telescópios espaciais.

Esse instrumento foi acoplado ao Telescópio Magalhães, de 6,5 metros, que fica no Observatório Las Campanas, no Chile. Com essa tecnologia, os astrônomos puderam enxergar detalhes incríveis dos planetas em formação. 

Diagrama dos discos de poeira no sistema PDS 70. Crédito: Emmeline Close e Laird Close

Sistema Solar pode ter sido parecido com isso no passado

Os astrônomos acreditam que, há bilhões de anos, o Sistema Solar pode ter se parecido com o sistema PDS 70. A estrela é cercada por um vasto disco de gás e poeira, que apresenta uma grande lacuna. Essa região livre de poeira pode indicar a presença de planetas massivos que, como “aspiradores cósmicos”, varrem e reorganizam o material ao redor.

Planetas tão jovens como esses são extremamente raros de serem encontrados. Entre os mais de cinco mil exoplanetas conhecidos, PDS 70 b e c estão entre os poucos cuja formação ainda pode ser observada diretamente. Para os cientistas, estudar esses objetos pode ajudar a entender melhor como planetas e luas se formam.

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Planetas ainda estão em desenvolvimento

Apesar de já serem várias vezes mais massivos que Júpiter, os planetas PDS 70 b e c ainda estão acumulando material de sua “nuvem de nascimento”. Esse processo acontece por meio de quedas de gás hidrogênio em suas atmosferas, um fenômeno que faz com que eles brilhem em um comprimento de onda chamado H-alfa.

O MagAO-X conseguiu detectar esse brilho e distinguir as estruturas ao redor dos planetas. As imagens revelaram, pela primeira vez, anéis de poeira iluminados pela luz da estrela central. Esse material provavelmente formará luas no futuro.

Além disso, os astrônomos notaram mudanças rápidas no brilho dos planetas. Em apenas três anos, PDS 70 b perdeu 80% de seu brilho, enquanto PDS 70 c ficou duas vezes mais luminoso. A explicação mais provável é que a quantidade de gás sendo absorvida por cada planeta mudou drasticamente nesse curto intervalo de tempo.

“É como se um dos planetas tivesse entrado em dieta enquanto o outro estivesse se banqueteando com hidrogênio”, brincou o pesquisador Laird Close, em um comunicado. No entanto, os cientistas ainda não sabem ao certo o que está causando essas variações extremas.

A equipe pretende continuar investigando protoplanetas ao redor de outras estrelas jovens usando o MagAO-X. Mesmo no limite das capacidades atuais, novas melhorias tecnológicas devem tornar essas descobertas mais comuns nos próximos anos.

O astrônomo Jared Males, líder do projeto, destacou a importância de investir em telescópios terrestres cada vez maiores. “No solo, podemos construir telescópios muito maiores do que no espaço. Esse estudo mostra como instrumentos avançados podem permitir descobertas impressionantes a partir da Terra”.

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