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Especialistas avaliam impacto no meio ambiente da derrubada da estação espacial

Nesta quinta-feira (5), comemora-se o Dia Mundial do Meio Ambiente, data que chama atenção para os impactos das atividades humanas no planeta – inclusive as que ocorrem no espaço. Um dos temas em debate é o fim da Estação Espacial Internacional (ISS). A NASA planeja tirá-la de órbita (ou seja, derrubá-la na Terra) no início da próxima década, o que levanta preocupações sobre possíveis danos à atmosfera e aos oceanos.

Segundo especialistas consultados pelo site Space.com, a principal medida para reduzir os riscos ambientais é garantir que a reentrada da estação seja feita de forma controlada. Isso significa conduzir a estrutura até uma área remota do oceano, evitando que pedaços caiam em regiões habitadas ou causem danos ao meio ambiente. A operação precisa ser planejada com cuidado, já que falhas nesse processo podem resultar em sérias consequências.

Proximidade do fim da vida útil da ISS aumenta preocupações sobre a desorbitação da estrutura em relação ao meio ambiente. Crédito: Artsiom P – Shutterstock

Em 2023, um comitê de segurança ligado à NASA reforçou a urgência de desenvolver um plano seguro para a desorbitação da ISS. O grupo alertou que, caso ocorra um defeito grave na estação, pode ser necessário agir rapidamente. 

Estação espacial será derrubada pela SpaceX

Por isso, a agência contratou a SpaceX para criar um veículo capaz de guiar o complexo científico até sua destruição segura no mar.

O contrato com a empresa de Elon Musk foi firmado por US$843 milhões, o equivalente a mais de R$4,8 bilhões, para desenvolver o Veículo Deorbital dos EUA (USDV), que deverá estar pronto para uso em 2031. A ISS pesa cerca de 450 toneladas, o que torna a reentrada especialmente desafiadora e exige extrema precisão técnica.

Representação artística elaborada com Inteligência Artificial mostra a Estação Espacial Internacional (ISS) caindo no oceano. Crédito: Flavia Correia via DALL-E/Olhar Digital

O cientista Leonard Schulz, do Instituto de Geofísica da Universidade de Braunschweig, na Alemanha, alerta que o peso da estação pode liberar substâncias na atmosfera durante a queda. Segundo ele, os efeitos dessas substâncias na camada de ozônio e no clima ainda não são totalmente compreendidos. “Provavelmente, no futuro, veremos o que essa reentrada pode trazer para a atmosfera em termos de substâncias liberadas”, disse ele, lembrando que a preocupação com o meio ambiente aumenta com o crescimento do número de reentradas espaciais.

Já o físico italiano Luciano Anselmo, do Instituto de Ciências de Pisa, acredita que os impactos nos oceanos serão mínimos. “A reentrada de objetos espaciais é um contribuinte muito pequeno para a poluição dos oceanos, se comparada aos navios afundados ou outros resíduos”, garante. No entanto, ele concorda que os efeitos na atmosfera superior merecem mais atenção.

Ilustração do Veículo de Desórbita dos EUA (USDV), que será fornecido pela SpaceX para conduzir a Estação Espacial Internacional a uma reentrada ardente na atmosfera da Terra. Crédito: SpaceX

David Santillo, do Greenpeace, disse que o grupo já monitorou outras reentradas, como a da estação russa Mir, em 2001. Ele sugere o uso de tratados internacionais, como a Convenção de Londres, para criar regras que ajudem a proteger o meio ambiente espacial e terrestre.

É essencial que decisões sobre a ISS considerem não só a segurança da operação, mas também seus impactos ambientais – afinal, o espaço não está fora do alcance das nossas responsabilidades com o planeta.

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Dia Mundial do Meio Ambiente: adaptação climática é urgente e lucrativa

Apesar do agravamento de desastres naturais como enchentes e incêndios florestais nos últimos anos, muita gente ainda pensa que a preservação do meio ambiente é um custo desnecessário – mas, além da importância vital para o mundo, essas ações ainda podem ser lucrativas.

Um estudo do World Resources Institute (WRI) revela que o financiamento para adaptação climática não é apenas urgente, mas também altamente vantajoso. Segundo o levantamento, projetos de adaptação oferecem retornos em três frentes: evitam perdas causadas por desastres, geram ganhos econômicos – como criação de empregos e aumento da produtividade – e promovem benefícios sociais e ambientais, como melhoria da saúde pública e da biodiversidade. Saiba mais aqui.

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Como a poluição machuca seus pulmões, segundo pesquisa

A poluição do ar se tornou uma das maiores ameaças à saúde humana na atualidade. Pequenas partículas, que podem ser originadas de fontes naturais e artificiais, invadem nossos pulmões e causam danos que, em último caso, podem levar à morte.

Apesar deste problema já ser conhecido, o que acontece no nível molecular para causar os prejuízos pulmonares ainda gerava dúvida nos cientistas. Mas, agora, um novo estudo do Centro de Pesquisa de Fronteira de Imunologia (IFReC) da Universidade de Osaka, no Japão, pode ter acabado com o mistério.

Baixa qualidade do ar em algumas cidades é um problema grave (Imagem: Arrush Chopra/Shutterstock)

Poluentes afetam a capacidade de limpeza dos pulmões

Os pesquisadores identificaram o mecanismo pelo qual a poluição do ar danifica o sistema de autolimpeza dos pulmões, deixando-nos vulneráveis a infecções. Eles também descobriram uma maneira de reverter esse dano e restaurar a função pulmonar.

Segundo o trabalho, os poluentes atmosféricos PM2.5 afetam negativamente a depuração mucociliar, um importante mecanismo de proteção no trato respiratório. Ela funciona basicamente prendendo poluentes em um muco pegajoso e, em seguida, liberando estas substâncias para fora das vias aéreas.

Pesquisa identificou o que acontece dentro dos pulmões (Imagem: Shutterstock/Explode)

Os cientistas descobriram que os poluentes fazem com que os ácidos graxos poliinsaturados (PUFAs) encontrados nas membranas celulares ciliadas sofram oxidação, resultando na formação de moléculas reativas chamadas aldeídos derivados de peróxido lipídico nas vias aéreas. Sua reatividade permite que eles modifiquem as células, levando a disfunções e danos importantes.

Quando são danificadas, as células e seus cílios anexados perdem a capacidade de mover os poluentes para fora dos pulmões, aumentando assim o risco de infecção. As conclusões foram descritas em estudo foi publicado no Journal of Clinical Investigation.

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Apesar da promissora descoberta, é fundamental reduzir os níveis de poluição atuais (Imagem: Chris LeBoutillier/Unsplash)

Enzima pode restaurar capacidade pulmonar

  • Investigando maneiras de reverter o dano celular e restaurar a função normal dos pulmões, os pesquisadores examinaram um gene que produz aldeído desidrogenase (ALDH1A1), uma enzima envolvida na quebra de aldeídos.
  • Um experimento realizado em camundongos que não tinham ALDH1A1 revelou que os animais tinham maiores riscos de desenvolver uma infecção pulmonar grave quando expostos ao PM2.5.
  • No entanto, quando os níveis de ALDH1A1 eram aumentados, a função mucociliar também era restaurada.
  • Esses resultados demonstram que o metabolismo do aldeído garante a resiliência ciliar e reduz os problemas respiratórios associados à poluição do ar.
  • O próximo passo é entender como estas descobertas podem impactar na saúde humana.

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Lama no fundo de lago guarda um século de história da poluição em São Paulo

Um artigo publicado em abril na revista Environmental Science and Pollution Research revelou que o solo do fundo de um lago em São Paulo guarda registros de 100 anos de poluição por metais

O estudo analisou os sedimentos do Lago das Garças, no Parque Estadual das Fontes do Ipiranga, mostrando como a cidade foi se tornando mais contaminada com o passar das décadas.

Os cientistas usaram uma técnica chamada paleolimnologia, que estuda camadas de sedimentos para entender como o ambiente mudou ao longo do tempo. Essas camadas funcionam como páginas de um livro, registrando o que ocorreu em cada época. Assim, foi possível reconstituir a evolução da poluição na capital paulista.

Lago das Garças, no Parque Estadual das Fontes do Ipiranga. É possível notar o crescimento maciço de algas na superfície e a urbanização ao fundo. Crédito: Tatiane Araujo de Jesus

Para isso, mergulhadores coletaram cilindros de lama do fundo do lago. Esses “núcleos” de sedimento guardam material depositado ano após ano. Como o carbono-14 não funciona bem para datas mais recentes, os pesquisadores usaram um método alternativo com chumbo-210, um isótopo radioativo que permite datar até 150 anos atrás.

Pesquisa encontra três épocas distintas de poluição

A pesquisa analisou a presença de oito metais pesados nos sedimentos: cobalto, cromo, cobre, ferro, manganês, níquel, chumbo e zinco. Essas substâncias são poluentes comuns em áreas urbanas e industriais, e seu acúmulo está diretamente ligado às atividades humanas.

Os resultados mostram três períodos distintos de poluição. Até 1950, as concentrações de metais eram baixas, refletindo uma cidade ainda pouco industrializada. O lago, formado pelo represamento do córrego Campanário em 1893, foi usado para abastecimento de água até 1928.

Entre 1950 e 1975, os níveis de poluentes começaram a subir. O aumento coincidiu com o crescimento desordenado da cidade, o uso mais intenso do Aeroporto de Congonhas e a expansão das indústrias no ABC Paulista. A urbanização acelerada contribuiu para a contaminação crescente.

De 1975 a 2000, a situação se agravou. Foi nesse período que os níveis de metais como chumbo, níquel, ferro, cromo e cobre atingiram os maiores valores. A construção da Rodovia dos Imigrantes, em 1974, e o aumento no tráfego de veículos intensificaram o problema na região.

Material coletado no Lago das Garças, no Parque Estadual das Fontes do Ipiranga, para análise. Crédito: Tatiane Araujo de Jesus

Um dos dados mais marcantes foi a queda nos níveis de chumbo a partir de 1986, quando o Brasil proibiu a gasolina com chumbo. Isso foi resultado direto do Programa de Controle de Emissões de Veículos (Proconve), um exemplo de como políticas públicas podem ter efeito concreto na redução da poluição.

No entanto, mesmo com a queda do chumbo, outros metais continuaram aumentando nos anos 1990. Cobalto, níquel e cobre, por exemplo, cresceram possivelmente por mudanças no setor industrial da região. Uma siderúrgica próxima ao lago trocou a produção de aço por artefatos metálicos nesse período.

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Políticas públicas mais rigorosas podem controlar a emissão de poluentes

Em um comunicado, os autores explicam que os sedimentos funcionam como arquivos naturais. Eles guardam as marcas da ação humana e ajudam a entender como o ambiente foi sendo alterado. Isso pode servir de base para políticas de restauração e preservação ambiental.

O estudo também alerta para os desafios das áreas de conservação. Mesmo protegidas, elas continuam sendo afetadas pela poluição vinda do entorno. “Não adianta cercar e chamar de área de preservação se o ar e o solo ao redor continuam contaminados”, destaca a pesquisadora Tatiane Araujo de Jesus, da Universidade Federal do ABC (UFABC).

Ela lembra que parte da poluição já está registrada no fundo dos lagos e rios. Por isso, além de impedir novos danos, é preciso pensar em como lidar com esse passivo ambiental acumulado. Restaurar o ambiente depende de saber como ele era antes da poluição.

A pesquisa reforça a necessidade de políticas públicas mais rigorosas para controlar a emissão de poluentes. Conhecer a história da poluição ajuda a planejar um futuro mais saudável. Como conclui a pesquisadora, “os dados mostram como chegamos até aqui – e nos ajudam a decidir para onde queremos ir”.

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Poluição de microplásticos pode ser pior do que imaginávamos

Um novo estudo do Centro de Biodiversidade Naturalis, na Holanda, sugere que a extensão da contaminação de microplásticos em ecossistemas de água doce é maior do que os cientistas imaginavam.

Os pesquisadores examinaram larvas de tricópteros, pequenos insetos que constroem invólucros protetores ao redor de si mesmos usando material vegetal, areia e pequenas pedras em seu ambiente.

Coletados nas décadas de 1970 e 1980, os invólucros são provenientes de riachos límpidos considerados intocados na época. Mas a pesquisa identificou partículas de plástico nas estruturas, indicando a contaminação já em 1971.

“A inclusão de plástico no invólucro de uma tricóptera significa que o plástico está entrando na cadeia alimentar”, disse o principal autor do estudo, Auke-Florian Hiemstra, ao site Live Science. “Se os tricópteros são afetados por microplásticos há mais de meio século, isso significa que o ecossistema em geral também é afetado.”

Os pesquisadores utilizaram a técnica de análise de raios X por dispersão de energia para revelar elementos químicos e aditivos comumente associados a plásticos dentro dos tricópteros.

Pesquisadores descobriram que esta carcaça de tricóptero de 1971 contém microplástico (Imagem: Auke-Florian Hiemstra/Reprodução)

A falta da dimensão real do problema

Hiemstra alerta que o impacto dos microplásticos nos sistemas de água doce são objeto de apenas 4% dos estudos atuais sobre microplásticos. Isso dificulta a visualização do real panorama do problema, segundo ele.

Apesar de a presença de microplásticos na década de 2000 ser bem documentada, a cronologia histórica da poluição ainda é vaga. A falta de dados históricos compromete uma avaliação sobre o impacto nos ecossistemas e nas populações humanas.

Microplásticos são pequenos fragmentos de polímeros sintéticos que podem levar de centenas a milhares de anos para se degradar. Eles são definidos como tendo entre 1 micrômetro e 5 milímetros de comprimento.

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Questão de saúde pública

O efeito dos microplásticos no corpo humano ainda são objeto de estudo, assim como produtos químicos presentes nos plásticos, incluindo ftalatos e substâncias perfluoroalquílicas e polifluoroalquílicas (PFAS).

Um close-up de uma carcaça de tricóptero de 1986 (Imagem: Auke-Florian Hiemstra/Reprodução)

Pesquisas iniciais relacionaram a exposição ao plástico ao risco de diversas condições de saúde, incluindo doenças cardíacas, doenças pulmonares, câncer e doença de Alzheimer. Apesar disso, a associação exata ainda é incerta, segundo a reportagem.

“Com o aumento das taxas de câncer entre os jovens e a crescente exposição [a microplásticos] desde a infância, os potenciais riscos à saúde a longo prazo — especialmente para aqueles expostos no útero — continuam sendo uma grande preocupação”, disse Bernardo Lemos, professor de farmacologia e toxicologia na Universidade do Arizona.

“Nossa compreensão dos potenciais danos da exposição a microplásticos é muito preliminar neste estágio”, afirmou. “Será interessante documentar como a abundância e a qualidade dos microplásticos mudam ao longo das décadas.”

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Contaminação por metais pesados ameaça agricultura

A atividade humana tem extinguido diversos recursos vitais para a nossa sobrevivência no planeta. Um cenário que pode ser verificado também no solo, o que pode representar uma grave ameaça para o futuro das sociedades.

De acordo com um novo estudo, até 1,4 bilhão de pessoas vivem em áreas com solo perigosamente poluído por metais pesados como arsênico, cádmio, cobalto, cromo, cobre, níquel e chumbo. Isso representa cerca de 17% de todas as terras agrícolas do planeta.

Metais reduzem o rendimento das colheitas

  • Os pesquisadores explicam que a poluição por metais pesados no solo é causada tanto por fontes naturais como pela atividade humana.
  • Ela representa riscos significativos para os ecossistemas e para a nossa saúde.
  • Esses poluentes reduzem o rendimento das colheitas, afetam a biodiversidade e comprometem a qualidade da água, bem como a segurança alimentar por meio da bioacumulação em animais de fazenda.
  • Embora estudos anteriores tenham mostrado que a poluição por metais tóxicos está espalhada pelo mundo, sua distribuição ainda era incerta.
  • Agora, no entanto, um novo trabalho publicado na revista Science revelou o tamanho do problema.
Cerca de 17% de todas as terras agrícolas do planeta podem estar ameaçadas (Imagem; Fotokostic/Shutterstock)

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Cádmio é o principal “vilão” dos solos

Na nova pesquisa, os cientistas utilizaram 1.493 estudos regionais abrangendo 796.084 amostras de solo. O objetivo era avaliar a distribuição global de metais tóxicos em solos agrícolas e identificar onde as concentrações excedem os limites de segurança.

Usando abordagens de aprendizado de máquina e modelagem, eles estimam que até 17% das terras agrícolas globais – cerca de 242 milhões de hectares – estão contaminadas por pelo menos um metal tóxico.

O cádmio foi o mais encontrado, especialmente no sul e leste da Ásia, partes do Oriente Médio e África.

Solos podem estar comprometidos (Imagem: 24Novembers/Shutterstock)

Níquel, cromo, arsênico e cobalto também excederam os limites em várias regiões, em grande parte devido a uma mistura de fontes geológicas naturais e atividades humanas, como mineração e industrialização. Por conta disso, a equipe fez um apelo para que as autoridades adotem medidas imediatas para proteger os solos.

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Poluição: cidade europeia vira exemplo de como melhorar a qualidade do ar

Nos últimos 20 anos, os níveis de partículas finas e dióxido de nitrogênio no céu de Paris caíram 55% e 50%, respectivamente, segundo um relatório da Airparif.

O documento da entidade que monitora a qualidade do ar na capital francesa analisou dados de 2005 a 2024.

O resultado é reflexo de uma combinação de políticas europeias, nacionais e locais, para reduzir emissões nocivas ao meio ambiente e aos seres humanos, de acordo com o documento. Isso inclui tráfego de veículos e atividades da indústria.

Entre as medidas que contribuíram para a queda dos dois poluentes atmosféricos estão a substituição de veículos a diesel por veículos a gasolina e elétricos, aumento da infraestrutura de transporte público e ciclismo, tributações e padrões de emissões.

Os pesquisadores descobriram que o ozônio é o único poluente monitorado que não diminuiu nos últimos 20 anos. A molécula se forma a partir de uma reação química entre outros poluentes e a luz solar, e pode ser especialmente prejudicial em dias quentes.

Paris quer reduzir espaços de estacionamentos para carros até 2030 (Imagem: olrat/iStock)

Menos poluição, menos mortes

O estudo concluiu que o número de mortes prematuras relacionadas à poluição do ar caiu em um terço entre 2010 e 2019. Ainda assim, o impacto na saúde pública continua sendo motivo de preocupação.

Do total de novos casos de doenças respiratórias crônicas — incluindo asma, câncer de pulmão e doença pulmonar obstrutiva crônica (DPOC) —, 10% a 20% foram associados às condições do ar na capital francesa.

Além disso, 5% a 10% das condições cardiovasculares e metabólicas, como ataques cardíacos, derrames e diabetes tipo 2, estão relacionadas à poluição, segundo o estudo.

Na avaliação da Airparif, as autoridades poderiam evitar 7.900 mortes prematuras se respeitassem os limites de qualidade do ar recomendados pela Organização Mundial da Saúde.

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Capital francesa restringe circulação de carros em bairros centrais desde novembro de 2024 (Imagem: Olivier DJIANN/iStock)

Menos espaço para carros

O plano climático da cidade 2024-2030 prevê a remoção de 60.000 vagas de estacionamento para dar lugar a árvores e espaços verdes. Desde novembro do ano passado, Paris tem uma zona de tráfego limitado em bairros centrais, restringindo a circulação de veículos e incentivando o transporte a pé.

Segundo o estudo, moradores que vivem mais próximos do tráfego intenso são os mais afetados pela condição do ar. As zonas de alta poluição estão localizadas principalmente “a menos de 50 metros das principais vias de tráfego”, diz o relatório.

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Nem plástico, nem papel! Esse pode ser o canudo do futuro

Combater a poluição gerada pelos plásticos é um dos principais desafios da atualidade. Todos os anos, mais de 400 milhões de toneladas do material são produzidas e cerca de cinco por cento disso acaba nos rios, mares e oceanos.

E um dos “vilões” neste cenário são os canudos. Algumas alternativas chegaram a ser desenvolvidas, como os produtos de papel, mas ainda enfrentam algumas limitações. Agora, uma nova solução promete resolver o problema de uma vez por todas.

Composição do material é igual à do papel comum

  • Um grupo de pesquisadores desenvolveu o que está sendo chamado de papelão transparente (tPB).
  • O material é feito totalmente de celulose e sua composição é igual à do papel comum.
  • Mas há diferenças importantes nesse ‘papel diferentão’.
  • Os cientistas usaram celulose regenerada de plantas e madeira para criar um hidrogel transparente e que possa ser moldado.
  • De acordo com os autores, isso foi possível através da secagem do hidrogel de celulose espesso e uso de uma solução aquosa de brometo de lítio (LiBr) como solvente.
  • Assim foi criado um material espesso transparente e tridimensional feito exclusivamente de celulose pura, capaz de assumir várias formas, desde placas com milímetros de espessura até formas de copo ou canudo.
  • As descobertas foram descritas em estudo publicado na revista Science Advances.
Material pode ser transformado em outros objetos, como copos (Imagem: Science Advances)

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Resistentes e recicláveis

Os pesquisadores explicam que o novo produto resolve um problema comum dos canudos de papel. O material não se desfaz ao entrar em contato com líquidos em altas temperaturas. Testes mostraram que ele é capaz de resistir ao longo de três horas. Um fino revestimento de resina ainda impede que haja vazamentos.

Outro destaque do tPB é o fato dele e do solvente usado para produzi-lo serem recicláveis. Ao mesmo tempo, é possível utilizar materiais reciclados para criar o produto, o que diminui os impactos da sua produção para o meio ambiente.

Nova tecnologia pode ajudar a combater a poluição gerada pelos plásticos (Imagem: xalien/Shutterstock)

A equipe também analisou o que aconteceria se o canudo fosse lançado no oceano. Em grandes profundidades, por exemplo, ele desapareceria totalmente em menos de um ano, um processo muito mais rápido do que o plástico original, que pode levar séculos.

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Perigo invisível invade rios da Europa

Níveis “alarmantes” de microplástico foram encontrados em grandes rios da Europa, de acordo com cientistas em 14 estudos publicados simultaneamente nesta segunda-feira (07), segundo informações da AFP.

A poluição por microplásticos foi detectada em todos os rios europeus estudados, com uma média de três partículas por metro cúbico de água, segundo um dos estudos, liderado pelo cientista francês Jean-François Ghiglione.

A pesquisa envolveu nove grandes rios, como o Tâmisa e o Tibre, e revelou uma poluição alarmante, embora em níveis inferiores aos dos rios mais poluídos do mundo, como o Yangtze e o Ganges.

No entanto, os estudos destacam que, em rios como o Ródano, o fluxo rápido resulta em até 3.000 partículas por segundo.

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Nove grandes rios europeus foram estudados, levando a revelação preocupante sobre poluição de microplásticos (Imagem: Sansoen Saengsakaorat/Shutterstock)

Partículas invisíveis se espalham

  • Uma descoberta surpreendente foi que a massa de microplásticos invisíveis, que não podem ser vistas a olho nu, é mais significativa que a de partículas visíveis.
  • Esses microplásticos, menores que um grão de arroz, incluem fibras sintéticas de roupas, resíduos de pneus e pellets plásticos industriais, conhecidos como “lágrimas de sereia”.
  • Esses grânulos plásticos podem ser encontrados também nas praias após incidentes marítimos.

Além disso, os pesquisadores identificaram uma bactéria patogênica associada a um microplástico no rio Loire.

Os estudos, que contaram com a colaboração de 40 cientistas de 19 laboratórios, sugere que a poluição plástica nos rios é difundida e originada de diversas fontes, incluindo a produção industrial de plástico.

Os cientistas alertam para a necessidade urgente de reduzir a produção de plástico primário para combater essa poluição crescente.

Poluição de microplásticos em rios da Europa motivou um alerta dos cientistas para a região – Imagem: Deemerwha studio/Shutterstock

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O que aconteceria com os humanos se toda a água doce da Terra estivesse poluída?

A água é uma das substâncias mais importantes do planeta, imprescindível para que a vida aconteça e sobreviva, principalmente para os humanos. Ela cobre mais de 70% da superfície da Terra, porém, apenas a pequena fração de 2,5% é de água doce e, em teoria, própria para consumo. Dessa quantidade, cerca de 1,8% está congelada nas calotas polares, restando algo em torno de 0,6% de água disponível para vivermos.

Com esses dados, fica evidente a necessidade de cuidado para preservar a água, uma vez que ela existe em pouca quantidade para tantas pessoas que existem no mundo. Porém, esse acaba sendo um paradigma, pois a atividade humana é a principal responsável pela poluição das poucas reservas do líquido que nos restam. Com isso, você já parou para pensar o que nos aconteceria se toda água doce do planeta estivesse poluída?

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Sem dúvidas, essa seria uma situação que complicaria a nossa vida como um todo. Confira abaixo na matéria o que teríamos que fazer para lidar com essa situação.

Apenas 0,6% da água do mundo está disponível para consumo. (Imagem: Freepik)

O que faríamos se toda a água do doce do planeta ficasse poluída?

Por pior que pareça essa situação, nem tudo estaria perdido: mesmo com as reservas de água doce comprometidas, a tecnologia atual não nos deixaria sem esse precioso líquido. Com a evolução considerável das técnicas para tratamento da substância, seria possível até mesmo a transformação de esgoto em água potável.

Entre essas tecnologias estão a ultra e a nanofiltração, além dos processos oxidativos avançados e outras técnicas que se baseiam em mecanismos físico-químicos e biológicos, que estão sendo desenvolvidas e permitem que diversos poluentes sejam removidos da água.

No entanto, mesmo que a tecnologia tenha avançado, ainda há alguns problemas que seriam encontrados em uma situação hipotética de poluição de toda a água. São elas:

  • Custo: o acesso à água potável ficaria consideravelmente mais caro caso esse processo fosse feito em larga escala. Isso poderia piorar mais ainda a situação das regiões onde o recurso já é mais escasso do que a média, além das pessoas que vivem em risco hídrico. Sendo assim, o recurso se tornaria proibitivo para muitas pessoas;
  • Falhas possíveis: com o abastecimento totalmente dependente do tratamento, qualquer pequena falha no sistema poderia comprometer de forma significante o acesso à água. Isso porque, quanto mais complexos os poluentes da água a ser tratada, mais barreiras são exigidas para garantir que ela tenha a qualidade esperada no final do tratamento.
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Alguns rios atingem um nível tão alto de poluição que os tornam “rios mortos”. (Imagem: Freepik)

O que é água poluída?

A poluição da água é um conceito que precisa ser analisado do ponto de vista do equilíbrio ecológico, e também do uso que os seres humanos fazem dela. Primeiro, a água não pode estar tão poluída de modo a impedir a sobrevivência dos organismos e gerar a perda de biodiversidade. Isso acontece com os rios Tietê e Pinheiros em São Paulo, por exemplo, onde o nível de poluição dos trechos que passam pela cidade os transformam em “rios mortos”.

Além disso, a água precisa juntar as condições ideais para ser usada pelos humanos sem que haja risco. Ainda que a água de um rio seja limpa, não significa que não ofereça problema ao ser consumida sem nenhum tipo de tratamento, por exemplo. Contudo, essa água ainda poderia servir para outros usos, como a irrigação de culturas agrícolas.

É importante deixar claro que mesmo as fontes de água que não apresentam poluição causada por seres humanos podem ter características diferentes dependendo de cada região, como o tipo de solo, o relevo e a vegetação. Sendo assim, a ideia de poluição depende de possíveis impactos que a água poluída pode causar para os ecossistemas, ou os prejuízos e limitações que ela pode impor para as atividades humanas.

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A água salgada dos oceanos seria mais uma opção em caso de comprometimento de toda a água doce do planeta. (Imagem: Freepik)

Água salgada como opção

A água salgada dos oceanos seria mais uma opção em caso de comprometimento de toda a água doce do planeta. Isso seria possível com um processo chamado de dessalinização que, basicamente, remove o sal da água e a torna própria para o consumo.

Entretanto, esse procedimento tem um custo muito elevado, o que causaria um problema sério de oferta que já foi citado acima. Além disso, geraria um alto gasto energético e produção considerável de resíduos. Então, em escala global, essa solução traria uma série de outros problemas juntamente com a solução da questão principal.

Preservação: o melhor caminho

Com as soluções apresentadas acima, sabemos que a humanidade dificilmente ficaria sem água. Contudo, o comprometimento completo das reservas de água potável causaria diversas consequências terríveis, como prejuízos aos seres humanos, perdas na biodiversidade e alterações consideráveis nos ecossistemas, por exemplo.

Por isso, é sempre importante reforçar que o tratamento de água precisa estar em última opção no caso de esgotamento de outras atitudes para preservar a qualidade adequada da substância. Para isso, entre as melhores práticas estão a preservação dos mananciais, através de:

  • Tratamento de esgoto;
  • Controle da expansão urbana e agrícola;
  • Reflorestamento de áreas degradadas.
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A melhor forma de evitar a necessidade de tratamento de água não potável é promovendo a preservação. (Imagem: Freepik)

Essas atividades evitariam que os poluentes chegassem até as águas, resolvendo boa parte do problema diretamente em sua origem.

O ciclo hidrológico também merece atenção, incluindo a evaporação da água, a formação das nuvens e a condensação da água, que causa as chuvas que alimentam os rios e demais corpos d’água. O ciclo é fechado e faz com que a quantidade de água se mantenha constante no planeta.

Contudo, ele é afetado diretamente pelas mudanças climáticas, que fazem aumentar a ocorrência de eventos extremos e geram desequilíbrio. Uma consequência disso são as regiões secas que ficam ainda mais secas. Com tudo isso, fica claro que garantir a boa qualidade da água é uma questão de sobrevivência para os seres que dela dependem.

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Microplásticos contaminam áreas marinhas protegidas no Brasil

Nem mesmo áreas marinhas protegidas (AMPs) — áreas com diversas restrições para atividade humana — estão livres da contaminação por microplásticos no Brasil. É o que mostra um estudo feito por cientistas brasileiros e australianos e publicado na revista Environmental Research.

Pela classificação internacional, microplásticos podem ter até cinco milímetros de diâmetro, fabricados para uso industrial ou cosmético. As partículas também podem resultar da fragmentação de plásticos maiores, contaminando o oceano a partir da decomposição do lixo marinho, por exemplo.

Na nova pesquisa, a equipe usou ostras, mariscos e mexilhões para apurar o nível da contaminação em dez AMPs: Parque Nacional de Jericoacoara, Atol das Rocas, Fernando de Noronha, Rio dos Frades, Abrolhos, Tamoios, Alcatrazes, Guaraqueçaba, Carijós e Arvoredo.

Arquipélago de Alcatrazes, no litoral de São Paulo, concentra a maior taxa de contaminação (Imagem: MatheusHonorato/iStock)

Os moluscos bivalves são considerados “sentinelas do mar”, já que se alimentam filtrando a água-marinha. Os alimentos ali presentes são retidos pelas brânquias, tipo de peneira que pode ser analisada posteriormente para indicar possíveis contaminantes.

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Descobertas da pesquisa sobre microplásticos em AMPs brasileiras

  • Microplásticos foram encontrados em todas as localidades analisadas, com concentração média de 0,42 ± 0,34 partícula por grama de tecido úmido;
  • O Refúgio de Vida Silvestre do Arquipélago de Alcatrazes, no litoral de São Paulo, concentra a maior taxa de contaminação entre as áreas estudadas;
  • A Reserva Biológica do Atol das Rocas, no Rio Grande do Norte, apresentou o menor volume dessas partículas;
  • Os principais microplásticos encontrados foram polímeros alquídicos, utilizados em tintas e vernizes; celulose; polietileno tereftalato (PET); e politetrafluoretileno (PTFE ou teflon), usado em revestimentos antiaderentes e industriais;
  • A pesquisa conseguiu identificar 59,4% deles, mas os 40,6% não puderam ser descritos.
Atol das Rocas possui o menor volume de microplásticos entre AMPs (Imagem: ICMBio)

“O dado positivo é que a contaminação em todas essas áreas está abaixo da média internacional para áreas marinhas protegidas. E muito abaixo da média brasileira para áreas não protegidas. Locais muito contaminados, como Santos e algumas praias do Rio de Janeiro, chegam a apresentar contaminações de 50 a 60 vezes maior”, disse Ítalo Braga, professor do Instituto do Mar da Universidade Federal de São Paulo (IMar-Unifesp), à Agência Fapesp.

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