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Ilhas Marshall: estudo revela lado B de testes nucleares dos EUA

Um novo estudo revelou que os efeitos dos testes de armas nucleares nas Ilhas Marshall foram piores do que aqueles reconhecidos publicamente pelo governo dos Estados Unidos. Os experimentos foram encerrados há quase sete décadas.

Segundo a pesquisa mais recente, todos os atóis, incluindo os atóis do sul, receberam precipitação radioativa, mas apenas três dos 24 atóis, todos do norte e habitados no momento da precipitação, passaram por exames médicos para detectar câncer.

O levantamento “O Legado dos Testes Nucleares dos EUA nas Ilhas Marshall” foi encomendado pelo Greenpeace Alemanha e realizado pelo Instituto de Pesquisa Energética e Ambiental (IEER) com base em documentos oficiais de 1945 até os dias atuais.

“Entre os muitos aspectos preocupantes do legado nuclear das Ilhas Marshall está o fato de os Estados Unidos terem concluído, em 1948, após apenas três testes, que as Ilhas Marshall não eram ‘um local adequado para experimentos atômicos’ por não atenderem aos critérios meteorológicos exigidos. Mesmo assim, os testes continuaram”, disse Arjun Makhijani, autor do relatório e presidente do IEER. 

Novo estudo mostra que todo o país foi afetado pela precipitação radioativa (Imagem: Edpats/Shutterstock)

As principais conclusões do estudo

  • As medições de radioatividade e estimativas de dose do governo dos EUA mostram que todo o país foi afetado pela precipitação radioativa;
  • Imediatamente após o teste de Castle Bravo – o maior teste de armas nucleares já realizado pelo governo dos EUA – sua capital, Majuro, foi oficialmente considerada um atol de “exposição muito baixa”. No entanto, os níveis de radiação eram dezenas de vezes, e até 300 vezes maiores, em relação aos níveis de radiação gama de fundo;
  • Testes nucleares nas Ilhas Marshall geraram exposições à radiação em todo o mundo, com “pontos críticos” detectados a oeste das Ilhas Marshall, como Colombo, Sri Lanka, e a leste, até a Cidade do México;
  • A força explosiva total detonada nas Ilhas Marshall foi de 108 megatons – o equivalente a lançar uma bomba de Hiroshima todos os dias durante vinte anos. Em termos proporcionais, estima-se que a precipitação nuclear resulte em cerca de 100.000 mortes por câncer em excesso em todo o mundo;
  • A remediação de áreas contaminadas é complexa e custosa. As Ilhas Marshall carecem de capacidade técnica em diversas áreas cruciais para a saúde, a proteção ambiental e a possibilidade de reassentamento;
  • O histórico de danos e a desconfiança em relação aos Estados Unidos são agravados pela dependência marshallesa dos Estados Unidos para financiamento e conhecimento científico e médico. Por exemplo, o Runit Dome, que abriga décadas de resíduos nucleares, foi considerado “seguro” pelo Departamento de Energia dos EUA, apesar das rachaduras e do impacto das mudanças climáticas e da elevação do nível do mar.
Greenpeace realizou missão de seis semanas pelos atóis para apoiar luta das Ilhas Marshall por compensação (Imagem: D_Zheleva/Shutterstock)

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Política desumana

Em março e abril, o Greenpeace e seu navio principal, o Rainbow Warrior, completaram uma missão de seis semanas com especialistas em radiação e cientistas independentes para conduzir pesquisas nos atóis para apoiar o governo das Ilhas Marshall em sua luta contínua por justiça nuclear e compensação.

“Os testes nas Ilhas Marshall são exemplares de uma política imperial desumana que sacrificou deliberadamente vidas humanas e ignorou as culturas do Pacífico. Como resultado desse legado nuclear, os marshalleses foram despojados de suas terras, tradições e cultura, com o povo de Bikini e Rongelap deslocado para sempre”, disse Shiva Gounden, Chefe do Pacífico do Greenpeace Austrália-Pacífico. 

“Os EUA ainda não reconhecem a extensão total do profundo impacto. No entanto, esses testes de bombas atômicas não são um capítulo encerrado e continuam tendo impacto hoje. Reparações que correspondam à extensão dos danos causados ​​pelos testes já deveriam ter sido feitas há muito tempo.”

Em julho, o Greenpeace e o Rainbow Warrior comemorarão mais um aniversário de 40 anos: o bombardeio do Rainbow Warrior I pelo serviço secreto francês, que tentava interromper a campanha do Greenpeace contra os testes nucleares na Polinésia Francesa (Maohi Nui). 

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Netflix anuncia minissérie sobre maior acidente radioativo do Brasil

Um episódio marcante da história brasileira vai inspirar a produção de uma nova minissérie da Netflix. A empresa de streaming anunciou que a obra será sobre o maior acidente radioativo do Brasil, ocorrido em Goiânia, em 1987.

Emergência Radioativa vai acompanhar a atuação de físicos e médicos na corrida contra o tempo para salvar milhares de vidas. Apesar da confirmação, não foi divulgada uma previsão de estreia para a produção.

Narrativa será liderada pelas vítimas do acidente radioativo

  • Também não há informações sobre o elenco.
  • A obra foi criada por Gustavo Lipsztein, dirigida por Fernando Coimbra e produzida pela Gullane.
  • Segundo o diretor, Emergência Radioativa resgata, por meio da ficção, um evento histórico quase esquecido no país, mas que diz muito sobre nós enquanto nação.
  • Ele afirma que a narrativa tem múltiplos pontos de vista e é liderada pelas vítimas.
Maior acidente radioativo do Brasil ocorreu em Goiânia, em 1987 (Imagem de Arquivo da Secretaria de Estado de Saúde de Goiás)

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Relembre o episódio

Em setembro de 1987, o manuseio indevido de um aparelho de radioterapia abandonado, onde funcionava o Instituto Goiano de Radioterapia, provocou um desastre que atingiu centenas de pessoas, direta e indiretamente. Por conter chumbo, material de relativo valor financeiro, uma fonte de Césio-137 foi vendida para um depósito de ferro-velho, cujo dono a repassou a outros dois depósitos, além de distribuir os fragmentos do material radioativo a parentes e amigos que, por sua vez, os levaram para suas casas.

Segundo a Secretaria de Saúde do estado, a fonte , com radioatividade de 50.9 Tbq (1375 Ci) continha cloreto de césio, composto químico de alta solubilidade. Com a violação do equipamento, foram espalhados no meio ambiente vários fragmentos de 137Cs, na forma de pó azul brilhante, provocando a contaminação de diversos locais, especificamente naqueles onde houve manipulação do material e para onde foram levadas as várias partes do aparelho de radioterapia.

De acordo com os jornais e meios de comunicação da época, bem como informações oficiais do governo goiano, as pessoas que tiveram contato com o material radioativo – direto na pele (contaminação externa), inalação, ingestão, absorção por penetração através de lesões da pele (contaminação interna) e irradiação – apresentaram, desde os primeiros dias, náuseas, vômitos, diarreia, tonturas e lesões do tipo queimadura.

Vista aérea do ferro-velho que comprou o material radioativo (Imagem: Yosikazu Maeda via Secretaria de Estado de Saúde de Goiás)

Algumas delas buscaram assistência médica em hospitais locais até que a esposa do dono do depósito de ferro-velho, suspeitando que aquele material tivesse relação com o mal-estar que se abateu sobre sua família, levou a peça para a Divisão de Vigilância Sanitária da Secretaria Estadual de Saúde, onde finalmente o material foi identificado como radioativo. 

Em Goiânia, no total, foram monitoradas 112.800 pessoas, das quais 249 apresentaram significativa contaminação interna e/ou externa, sendo que em 120 delas a contaminação era apenas em roupas e calçados, e as mesmas foram liberadas após a descontaminação. As outras 129 passaram a receber acompanhamento médico regular.

No total, 28 pessoas desenvolveram em maior ou menor intensidade, a Síndrome Cutânea da Radiação (as lesões cutâneas também eram ditas “radiodermites”). Os quatro casos de óbito ocorreram cerca de quatro a cinco semanas após a exposição ao material radioativo, devido a complicações esperadas da SAR – hemorragia (dois pacientes) e infecção generalizada (também dois pacientes).

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7 celulares que mais emitem radiação em 2025

Os smartphones são cada vez mais essenciais e estão constantemente próximos ao nosso corpo. No entanto, muitos usuários ignoram que os celulares emitem radiação, especificamente radiação eletromagnética. Essa radiação é gerada quando o telefone se conecta a torres de celular ou a redes Wi-Fi  para transmitir dados e fazer chamadas.

A radiação é medida pela Taxa de Absorção Específica (SAR) e a medição indica a quantidade de energia de radiofrequência absorvida pelo corpo humano durante o uso do aparelho. Com o aumento do tempo que passamos conectados, entender os níveis de SAR, como essa radiação é medida e seus possíveis riscos à saúde ganhou mais importância.

Alguns modelos de celular no mercado apresentam níveis de SAR mais elevados do que outros, levantando preocupações sobre a exposição prolongada. Mas, afinal, o que é exatamente o SAR? Como os fabricantes realizam essa medição? E, principalmente, quais são os riscos associados a uma exposição acima do recomendado? 

A seguir, exploraremos esses questionamentos, listando os aparelhos com as maiores taxas de radiação e explicando as recomendações de segurança para um uso mais consciente.

Como o SAR é medido

Antenas de torre de telecomunicações
Antenas de torre de telecomunicações (Imagem: sarayut_sy / Shutterstock)

A Taxa de Absorção Específica (SAR, do inglês “Specific Absorption Rate”) é um padrão internacional que mede a quantidade de radiação de radiofrequência (RF) absorvida pelo corpo humano quando exposto a um dispositivo sem fio, como um celular. O valor é expresso em watts por quilograma (W/kg) e indica o limite seguro de exposição a ondas eletromagnéticas.

Os fabricantes realizam testes padronizados para determinar o SAR de seus aparelhos, seguindo normas regulatórias (como as da FCC nos EUA ou da ANATEL no Brasil). O processo geralmente inclui:

  1. Simulação do uso real, na qual o celular é testado em duas posições:
    • Junto à cabeça (para medição durante chamadas).
    • Junto ao corpo (para medição quando carregado no bolso, por exemplo).
  1. Uso de um manequim com líquido simulado. Neste caso, um manequim é preenchido com um gel que imita os tecidos humanos é exposto à radiação do aparelho em funcionamento máximo.
  1. Medição por sensores por meio de uma sonda. Este equipamento mede a quantidade de energia absorvida pelo “tecido” simulado em um intervalo de tempo.
  1. A maioria dos países estabelece um limite máximo de SAR (geralmente 1,6 W/kg nos EUA e 2,0 W/kg na Europa). Se um aparelho ultrapassar esse valor, ele não é aprovado para venda.

Vale destacar que o SAR é medido em condições de máxima potência, algo que raramente ocorre no uso diário, já que os celulares ajustam sua emissão de acordo com a qualidade do sinal. No entanto, conhecer esse índice ajuda a avaliar a exposição potencial à radiação.

Mesmo que a radiação de radiofrequência (RF) seja de baixa energia, o contato prolongado com a cabeça ou o corpo (como ao fazer longas chamadas ou dormir próximo ao celular) aumenta a exposição, o que leva a preocupações sobre possíveis efeitos cumulativos.

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Quais celulares emitem mais radiação em 2025

Mulher usando smartphone na cama à noite
Evite manter o celular junto ao corpo por longos períodos ou dormir com o aparelho muito próximo (Imagem: kittirat roekburi / Shutterstock)

Veja os modelos com níveis mais altos de radiação em 2025, segundo o BfS (Escritório Federal Alemão de Proteção contra Radiação). O escritório disponibiliza uma lista dos smartphones com os mais altos níveis de radiação, medida pela Taxa de Absorção:

  1. Motorola Edge – 1,79 W/kg (o mais alto do ranking)
  2. ZTE Axon 11 5G – 1,59 W/kg
  3. OnePlus 6T – 1,55 W/kg
  4. Sony Xperia XA2 Plus – 1,41 W/kg
  5. Google Pixel 3 XL – 1,39 W/kg
  6. Google Pixel 4a – 1,37 W/kg
  7. Sony Xperia XZ1 Compact / Oppo Reno5 5G – 1,36 W/kg

Já os celulares com os níveis mais baixos de radiação (SAR) são os seguintes:

  • Huawei Nova 2 – 1,25 W/kg
  • OnePlus 9 – 1,26 W/kg
  • Huawei P Smart – 1,27 W/kg
  • ZTE Axon 7 Mini – 1,29 W/kg
  • Google Pixel 3 / OnePlus 6 – 1,33 W/kg

Esses testes são realizados por laboratórios acreditados e devem seguir diretrizes estabelecidas por órgãos reguladores, como a Comissão Internacional de Proteção Radiológica (ICRP) e a Organização Mundial da Saúde (OMS)​.

Para saber se o seu celular emite muita radiação, você pode seguir algumas etapas, como consultar listas e rankings. O Escritório Federal Alemão de Proteção contra Radiação (BfS) fornece uma lista atualizada dos celulares com os mais altos e mais baixos níveis de radiação. Você pode acessar essas informações diretamente no site do BfS ou em outros sites que compilam dados sobre radiação de dispositivos móveis.

Analise a utilização do dispositivo

Ainda que o seu aparelho não esteja na lista dos celulares que mais emitem radiação, é importante ficar atento à utilização dele. Veja algumas dicas:

  • Se você usa o celular com frequência em chamadas, especialmente em áreas com sinal fraco, a radiação pode ser maior. Considerar o uso de fones de ouvido ou viva-voz pode ajudar a reduzir a exposição​.
  • É importante verificar informações mais recentes, pois os valores de SAR podem variar com o tempo e com as novas gerações de dispositivos. 
  • A tendência é que os valores de SAR continuem a diminuir em dispositivos mais recentes, devido à evolução tecnológica e à maior atenção à saúde. 
  • É possível encontrar informações detalhadas sobre os valores de SAR em sites de fabricantes, órgãos reguladores e em notícias de tecnologia. 

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Por que a areia do Deserto do Saara é radioativa?

O Deserto do Saara, a maior região desértica do mundo, é um ambiente extremo que fascina cientistas e aventureiros.

Mas, além das temperaturas escaldantes e das paisagens impressionantes, há um fenômeno curioso que desperta a atenção de pesquisadores: a areia radioativa do Saara.

Esse aspecto inusitado levanta questões importantes sobre a segurança ambiental e os impactos para os seres vivos que habitam ou passam por essa região.

A radioatividade da areia do Saara pode soar alarmante à primeira vista, mas é um fenômeno natural que ocorre devido à presença de minerais radioativos em sua composição.

Essa característica não é exclusiva do Saara; outros desertos ao redor do mundo também contêm materiais que emitem radiação em níveis variados.

Contudo, a areia do Saara tem se tornado objeto de estudo, especialmente porque tempestades de areia podem espalhar essas partículas por longas distâncias, chegando até mesmo a outros continentes.

Mas até que ponto essa radioatividade representa um risco? A contaminação se espalha por todo o deserto ou está concentrada em regiões específicas? Humanos e animais estão vulneráveis a esses efeitos? A seguir, explicamos tudo o que você precisa saber sobre esse fenômeno.

Por que a areia do Deserto do Saara é radioativa?

A radioatividade da areia do Saara é o resultado da presença de elementos naturais como urânio, tório e potássio-40, minerais encontrados na crosta terrestre.

Dunas de areia em um deserto (Reprodução: Maurizio De Mattei/Shutterstock)

Ao longo de milhões de anos, processos geológicos dispersaram esses materiais pelo deserto, tornando algumas regiões mais radioativas do que outras.

Apesar disso, a radiação não está presente em todo o deserto de forma homogênea. Algumas áreas apresentam concentrações maiores, especialmente onde ocorrem formações rochosas ricas nesses minerais.

No entanto, a maior parte da areia do Saara tem níveis baixos de radiação, comparáveis aos de outras regiões do planeta.

Outro fator que contribui para a dispersão da radioatividade são as tempestades de areia. Essas tempestades podem transportar partículas radioativas por milhares de quilômetros, chegando a lugares como a Europa e a América do Sul.

Contudo, os níveis são tão baixos que dificilmente representam uma ameaça à saúde humana ou animal.

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A radiação da areia do Saara oferece riscos?

De modo geral, a radiação da areia do Saara é considerada irrisória e não representa riscos graves para humanos ou animais.

Aviso de radiação
Aviso de radiação (Crédito: lesston/shutterstock)

A quantidade de radiação emitida pelos minerais da areia é muito inferior às doses necessárias para causar danos significativos à saúde. Além disso, a radiação natural está presente em diversos ambientes do planeta, incluindo montanhas, praias e até mesmo no solo das cidades.

A principal preocupação ocorre quando há exposição prolongada a níveis mais elevados de radiação, o que pode ocorrer em regiões específicas do Saara onde a concentração de minerais radioativos é mais alta. No entanto, essas áreas são raras e, geralmente, localizadas longe de habitações humanas.

Os animais que vivem no deserto também não são afetados de maneira significativa. A evolução os adaptou para sobreviver em condições extremas, incluindo a presença de minerais radioativos.

Até o momento, não há evidências de impactos negativos sobre a fauna local devido à radiação natural do deserto. Portanto, apesar de o termo “areia radioativa do Saara” soar preocupante, os níveis de radiação são considerados seguros e fazem parte do equilíbrio natural do planeta.

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O que é o Efeito Cherenkov?

O universo da física é repleto de fenômenos intrigantes, e um dos mais fascinantes é o efeito Cherenkov. Você já viu e se perguntou por que alguns reatores nucleares brilham com uma tonalidade azul intensa?

Esse brilho, muitas vezes retratado em filmes e séries de ficção científica, não é um mero efeito cinematográfico, mas sim um fenômeno real, conhecido como efeito Cherenkov.

Ele ocorre quando partículas carregadas, como elétrons, atravessam um meio dielétrico — como a água — a uma velocidade superior à da luz nesse meio. Esse efeito produz um característico brilho azul, que pode ser observado em reatores nucleares submersos.

Além de seu impacto visual impressionante, o efeito Cherenkov tem aplicações significativas na ciência e na tecnologia, desde a detecção de radiação até a astrofísica. Vamos entender o que é esse fenômeno, como ele ocorre e suas aplicações no mundo moderno.

Como ocorre o Efeito Cherenkov?

Para entender o efeito Cherenkov, é essencial compreender alguns conceitos básicos de física.

A luminosidade azulada da água nas piscinas de resfriamento dos combustíveis usados das usinas nucleares é gerada pelo efeito Cherenkov (Imagem: Advanced Test Reactor, Idaho National Laboratory.)

Quando uma partícula carregada, como um elétron, viaja através de um meio como a água ou um gás a uma velocidade maior do que a luz se propagaria nesse meio, ocorre uma liberação de radiação eletromagnética.

Essa radiação é emitida em um espectro que tende para o azul, resultando no brilho característico.

A velocidade da luz no vácuo é um limite absoluto, segundo a teoria da relatividade de Einstein. No entanto, em materiais como a água, o vidro ou até mesmo o ar, a luz viaja a uma velocidade reduzida.

Se uma partícula carregada consegue ultrapassar essa velocidade reduzida, ela provoca uma perturbação nas moléculas do meio, gerando um efeito análogo ao boom sônico, mas em formato óptico.

Aplicações do Efeito Cherenkov

O efeito Cherenkov não é apenas uma curiosidade da física, mas também uma ferramenta poderosa em diversas áreas. Algumas de suas principais aplicações incluem:

Detecção de Radiação

Os detectores de Cherenkov são amplamente usados para identificar partículas de alta energia em aceleradores, detectores de neutrinos e experimentos com raios cósmicos. Esses dispositivos são fundamentais para a física de partículas e para o entendimento do universo em escalas subatômicas.

Reatores Nucleares

O brilho azul observado em reatores nucleares submersos em água é um efeito direto da radiação Cherenkov. Ele ocorre porque os elétrons liberados na fissão nuclear ultrapassam a velocidade da luz na água, gerando esse efeito luminoso.

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Medicina e Diagnóstico por Imagem

Na medicina, o efeito Cherenkov está sendo explorado para melhorar técnicas de imagem biomédica, como a detecção de tumores. Essa abordagem permite visualizar processos biológicos em tempo real, utilizando partículas carregadas que interagem com tecidos biológicos.

Astrofísica e Exploração Espacial

Na astronomia, telescópios Cherenkov são usados para detectar raios cósmicos e fenômenos astrofísicos extremos. Esses telescópios conseguem captar a radiação Cherenkov emitida por partículas de alta energia que entram na atmosfera terrestre, ajudando na compreensão do cosmos.

Descoberta e Origem do Nome

O efeito Cherenkov foi descoberto pelo físico soviético Pavel Cherenkov em 1934, durante experimentos com soluções líquidas expostas à radiação.

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Pavel Cherenkov (Imagem: Domínio público)

Em 1958, Cherenkov, junto com seus colegas Igor Tamm e Ilya Frank, recebeu o Prêmio Nobel de Física por explicar teoricamente o fenômeno. Desde então, o efeito tem sido utilizado em diversas aplicações científicas e tecnológicas.

Diferença entre Efeito Cherenkov e Boom Sônico

Uma comparação interessante pode ser feita entre o efeito Cherenkov e o boom sônico. O boom sônico ocorre quando um objeto supera a velocidade do som no ar, gerando ondas de choque audíveis.

Da mesma forma, o efeito Cherenkov é uma “onda de choque” óptica, gerada quando partículas carregadas superam a velocidade da luz em um meio material.

Ambos os fenômenos são causados pela superação de uma barreira de velocidade dentro de um determinado ambiente, resultando na liberação de energia de maneira perceptível – seja como som, no caso do boom sônico, ou luz, no caso do efeito Cherenkov.

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Limpeza da usina de Fukushima expõe trabalhadores a radiação e estresse

O processo de limpeza da usina nuclear de Fukushima, no Japão, pode durar décadas. Algumas previsões, inclusive, dizem que os trabalhos no complexo, que foi atingido por um forte terremoto seguido por tsunami, em 2011, podem levar mais de um século.

Em meio a este cenário, vários trabalhadores estão sendo expostos a radiação e estresse, o que aumenta as críticas feitas ao plano anunciado pela Tokyo Electric Power Company Holdings (TEPCO), que administra o espaço.

Funcionários estão com medo, diz jornal

De acordo com reportagem da Associated Press, os níveis de radiação da usina nuclear de Fukushima caíram significativamente desde o colapso há 14 anos. Os trabalhadores andam em muitas áreas usando apenas máscaras cirúrgicas e roupas normais.

No entanto, aqueles que precisam entrar nos prédios mais danificados devem usar proteção máxima: máscaras faciais completas com filtros, luvas e meias de várias camadas, capas de sapatos, macacão com capuz e uma jaqueta impermeável, além de um capacete.

Situação de Fukushima, no Japão, após passagem de tsunami, em 2011 (Imagem: Fly_and_Dive/Shutterstock)

À medida que os funcionários removem os detritos de combustível derretido dos reatores, eles enfrentam enormes quantidades de estresse psicológico e níveis perigosos de radiação. Isso porque as máscaras faciais reduzem a visibilidade e dificultam a respiração, enquanto as roupas tornam a locomoção mais difícil.

Para diminuir os riscos, os profissionais ensaiam as tarefas várias vezes antes de acessarem os locais mais perigosos. Mesmo assim, acabam expostos à radiação, embora as autoridades digam que ela é muito menor do que o necessário para causar algum problema de saúde.

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Foto mostra interior da usina nuclear de Fukushima mais de 10 anos depois (Imagem: reprodução/Tokyo Electric Power)

Trabalhos em Fukushima geram polêmicas

  • Além da limpeza da usina, autoridades japonesas estão promovendo o processo de liberação no Oceano Pacífico da água radioativa tratada de Fukushima.
  • A ação causa uma série de discussões sobre questões de segurança.
  • No ano passado, os trabalhos foram suspensos após um terremoto de 5,8 graus de magnitude atingir a região.
  • A Tepco disse que o tremor não provocou mais danos à instalação, mas a situação aumentou os temores em relação à usina.
  • Além disso, uma falha nas operações de manutenção na usina nuclear causou o vazamento de cerca de 5,5 toneladas de água radioativa.
  • Apesar do incidente, as autoridades japonesas afirmam que não houve contaminação do ambiente externo.
  • Em outro episódio, dois funcionários que atuavam no local foram hospitalizados após terem contato com o material radioativo.
  • Eles não sofreram lesões e a Tokyo Electric Power anunciou o reforço na segurança das operações.
  • O início da liberação da água radioativa aconteceu no dia 24 de agosto de 2023.
  • O material será descartado no oceano de forma gradual – no máximo 500 mil litros por dia – por meio de uma tubulação subaquática de um quilômetro.
  • O procedimento conta com o aval da Agência Internacional de Energia Nuclear.
  • As autoridades japonesas garantem que o despejo é seguro, uma vez que a água, suficiente para encher 500 piscinas olímpicas e usada para resfriar as barras de combustível da usina de Fukushima, destruída após ser atingida por um tsunami e um terremoto em 2011, foi totalmente tratada.
  • No entanto, países como a China condenam o plano japonês.

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