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Geólogos descobrem enorme pedregulho carregado por tsunami há sete mil anos

Uma equipe de pesquisadores da Universidade de Queensland (Austrália) identificou um bloco de calcário de dimensões gigantescas arrancado do alto de um penhasco de 30 metros e lançado a mais de 200 metros para o interior da ilha de Tongatapu, em Tonga, há cerca de 6,9 mil anos.

Esta imagem mostra o quão alto é o pedregulho em relação a uma pessoa (Imagem: Martin Kohler [CC BY 4.0])

Batizada pelos moradores locais como Maka Lahi (“pedra grande”, em língua tonganesa), a rocha pesa aproximadamente 1,18 mil toneladas e mede cerca de 14 x 12 x 6,7 metros — o equivalente ao volume de uma casa de dois andares, relata o IFLScience.

O achado ocorreu quando o doutorando Martin Köhler e seus colegas consultavam agricultores à beira da costa em busca de indícios de pedregulhos movidos por tsunamis. “Era fim de tarde e um fazendeiro mencionou essa pedra”, relatou Köhler. “Fiquei chocado ao encontrá-la tão longe do mar, coberta pela vegetação. Não há outra explicação que não a força de uma onda descomunal.”

Pedregulho de quase duas mil toneladas foi lançado por enorme tsunami

  • Por meio de simulações numéricas, os cientistas estimaram que um tsunami com picos de até 50 metros de altura e duração mínima de 90 segundos teria sido necessário para deslocar o bloco de cima do penhasco até sua localização atual;
  • Esses valores excedem, em muito, a maior onda de tsunami já registrada e contrariam as projeções para eventos ocorridos durante o Holoceno, período iniciado há cerca de 11,7 mil anos;
  • Para precisar a época do evento, a equipe analisou o depósito de calcário formado nas faces laterais da rocha após sua imobilização;
  • Como esse tipo de revestimento não sobrevive ao spray marinho e se desgasta durante o transporte por água, sua presença indica que Maka Lahi repousa no sítio atual há 6,89 mil anos, segundo datação por isótopos.
Animação mostrando nível de água necessário para mover a rocha
Gráfico mostra a quantidade de água necessária para mover o rochedo (Imagem: Kohler et al., Geologia Marinha, 2025 [CC BY 4.0])

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Embora ainda não haja consenso sobre o gatilho do tsunami, Köhler e seus colegas suspeitam que o colapso de uma encosta vulcânica submarina a sul de Tongatapu tenha gerado a onda gigantesca. Futuras sondagens do fundo oceânico devem ajudar a confirmar essa hipótese.

No mesmo arquipélago, outra rocha colossal — a Maui Rock — foi transportada por uma onda menor há cerca de 500 anos, partindo de um penhasco mais baixo e percorrendo distância reduzida.

No Japão, o bloco Obiishi, embora maior, exigiu tsunami de porte inferior por se situar quase ao nível do mar. Na tradição tonganesa, essas formações são conhecidas como “pedras arremessadas por Maui”, em referência ao semideus que, segundo a lenda, atirava rochas gigantes ao perseguir galinhas.

O estudo, publicado em acesso aberto na revista Marine Geology, ganha relevância após o tsunami de 2022 em Tonga, que deixou seis mortos e destruiu resorts. Para a coautora Dra. Annie Lau, “compreender a magnitude e a frequência desses eventos é vital para planejar defesas costeiras e sistemas de alerta, especialmente em ilhas vulneráveis a desastres naturais”.

Penhasco em Tonga
Esse penhasco em Tonga mostra que não estamos a salvo de tsunamis mesmo a tal altura (Imagem: Annie Lau [CC BY 4.0])

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Briga entre geólogos: qual é a rocha mais antiga dos EUA?

Geólogos ainda divergem sobre a definição da rocha mais antiga dos Estados Unidos — e o debate esquentou com a divulgação de novo levantamento com os prováveis ​​candidatos ao posto no GSA Today, jornal científico da Sociedade Geológica dos EUA.

Atualmente, o Gnaisse Morton, em Minnesota (EUA), é atribuído como a “Rocha Mais Antiga do Mundo” — com placa instalada logo ao seu lado. Em 1974, cientistas avaliaram a formação como tendo 3,8 bilhões de anos, segundo IFL Science.

Rochas ajudam na compreensão da formação da Terra (Imagem: E4 PLUS/Shutterstock)

No entanto, técnicas mais avançadas de medições possibilitaram a reavaliação da rocha, que, agora, é estimada em 3,5 bilhões (na melhor das hipóteses). E para deixar a disputa ainda mais acirrada: o gnaisse de Acasta, no Canadá, foi datado em quatro bilhões de anos.

Por que datar a rocha mais antiga do planeta importa?

  • Revelar detalhes da atividade geológica das rochas é uma maneira de compreender, também, a formação da Terra;
  • A questão é se a idade é definida por quando atingiram sua forma final ou quando a versão anterior foi formada, segundo a reportagem;
  • As Colinas Jack, na Austrália Ocidental, abrigam os minerais mais antigos já conhecidos: cristais de zircônio que resfriaram a partir do magma há 4,4 bilhões de anos;
  • As rochas das quais faziam parte, no entanto, já sofreram erosão, mas os zircões foram posteriormente incorporados a outras rochas durante a atividade sedimentar;
  • Pesquisadores da Universidade do Texas em Dallas (EUA) acreditam que o Gnaisse de Morton contém zircões com idades de 3,5, 3,3 e 2,6 bilhões de anos

A mesma equipe também avaliou o Gnaisse de Watersmeet, em Michigan (EUA), composto por zircões com 3,8 bilhões de anos, bem como alguns com apenas 1,3 bilhão. Para a equipe, é o mais antigo já medido nos Estados Unidos, mas o estudo ainda depende de revisão por pares.

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Novo estudo avalia que Gnaisse Morton contém zircões com idades de 3,5, 3,3 e 2,6 bilhões de anos (Imagem: Wirestock Creators/Shutterstock)

Segredos da Terra…

Apesar de estarem na superfície, as rochas quase certamente passaram a maior parte do tempo desde sua formação dentro da Terra. Essa proteção das intempéries pode guardar diversos segredos em estruturas ainda mais antigas.

Além de Michigan e Minnesota, Wyoming (EUA) também abriga candidatos promissores para bater o recorde tão desejado: cientistas já identificaram zircões de detritos de quatro bilhões de anos no Estado, de acordo com a reportagem.

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Esta rocha única encontrada em Marte intriga a NASA

O rover Mars 2020 da NASA encontrou uma rocha que tem intrigado a agência espacial estadunidense. Chamado de “Skull Hill”, o objeto foi identificado em 11 de abril durante jornada pela parte inferior da “Witch Hazel Hill“, na borda da cratera Jezero, em Marte.

A imagem foi captada no local conhecido como “Porto Anson” e mostra grande rocha de cor distinta das demais, em tom mais escuro. A suspeita é que tenha se originado em outro lugar e transportada até o ponto atual em um movimento denominado “float” (flutuar, em português).

Rover Perseverance avistou uma textura curiosa em uma rocha também em Marte (Imagem: Divulgação/NASA)

De onde ela veio? A NASA já sabe?

  • Segundo a NASA, as cavidades em Skull Hill podem ter se formado pela erosão de clastos da rocha ou pela erosão do vento;
  • Outra hipótese é que se trata de uma rocha ígnea erodida de um afloramento próximo ou ejetada de uma cratera de impacto;
  • “Na Terra e em Marte, ferro e magnésio são alguns dos principais constituintes das rochas ígneas, que se formam a partir do resfriamento de magma ou lava. Essas rochas podem incluir minerais de cor escura, como olivina, piroxênio, anfibólio e biotita”, diz o artigo;
  • A equipe ainda está trabalhando para entender melhor de onde elas vieram e como chegaram ali. E isso vai incluir medições da composição química desses flutuadores de tons mais escuros vistos em Skull Hill.

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Descobertas similares

A cor escura de Skull Hill lembra os meteoritos encontrados na cratera Gale pelo rover Curiosity, em 2016. A NASA confirmou que se tratava de um objeto espacial de ferro-níquel caído do céu do Planeta Vermelho.

“Meteoritos de ferro-níquel são classe comum de rochas espaciais encontradas na Terra e exemplos anteriores já foram observados em Marte, mas este, chamado ‘Rocha Ovo’, é o primeiro em Marte examinado com um espectrômetro de disparo a laser”, informou a agência à época.

Mais recentemente, o rover Perseverance avistou uma textura curiosa em uma rocha também em Marte. A superfície parecia ser composta por centenas de esferas cinza-escuras, com milímetros de tamanho — que pode ser observada também em Skull Hill. Sua origem ainda está sendo estudada.

Cor escura de Skull Hill lembra os meteoritos encontrados na cratera Gale pelo rover Curiosity, em 2016 (Imagem: Divulgação/NASA)

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