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Seja no trabalho ou nos estudos, você busca sempre a excelência. Não gosta de pedir ajuda para ninguém e faz questão de ser o número 1. E nunca reclama.
Olhando de fora, as pessoas podem pensar que você conquistou tudo isso sem fazer muito esforço. Seria algo quase natural. Aí dentro, porém, existe uma verdadeira panela de pressão. Stress, ansiedade, auto-cobrança, esgotamento…
Se você se identificou com algumas dessas linhas, talvez esteja vivendo um quadro de síndrome do pato flutuante. Nunca ouviu falar? Ela pode ser mais comum do que você imagina.
Pessoas bem-sucedidas profissionalmente também podem sofrer com distúrbios mentais – Imagem: fizkes/Shutterstock
Saiba mais sobre esse distúrbio
O termo foi cunhado por especialistas da Universidade de Stanford, nos Estados Unidos.
Eles usaram a figura dessa ave por causa do jeito que ela nada.
Você já deve ter visto um pato flutuando em uma lagoa: é algo bonito – ele parece deslizar por sobre a água.
O que a gente não vê é que, debaixo d’água, as patas dele não param de se mexer, num movimento frenético.
Esse vídeo abaixo dá uma medida do que estou falando:
A síndrome do pato flutuante busca ilustrar esse contraste entre as aparências e a realidade.
O problema em si não é novo, mas vem se tornando cada vez mais comum diante da rotina acelerada que vivemos.
Por vezes, não conseguimos conciliar os estudos, o trabalho, a igreja, a família, os amigos e até mesmo o lazer.
Quando vemos, não estamos dando conta, mas ainda assim queremos mostrar para o mundo que está tudo bem.
Quando Stanford deu um nome para isso, muitas pessoas se identificaram e perceberam que vivem um quadro similar.
Como lidar
A recomendação sempre será: busque ajuda profissional. É claro que não é errado tentar sempre ser o número 1, mas devemos conhecer os nossos limites.
De acordo com os especialistas de Stanford, a síndrome do pato flutuante pode ter um impacto significativo na saúde mental, levando ao esgotamento emocional, ansiedade e até mesmo depressão.
Não devemos ter vergonha nem preguiça de buscar ajuda profissional, independentemente da idade – Imagem: Elnur/Shutterstock
Se você busca ajuda profissional, você pode fazê-lo através do sistema privado ou público. No segundo caso, existe a chamada Rede de Atenção Psicossocial, que chega ao cidadão por meio de atendimentos nas APS (Atenção Primária à Saúde) e nos CAPS (Centros de Atenção Psicossocial).
Mais da metade dos vídeos mais populares no TikTok com dicas de saúde mental contém desinformação, segundo uma investigação do The Guardian.
A análise de 100 vídeos com a hashtag #mentalhealthtips, feita por especialistas em saúde mental, revelou que 52 apresentavam informações falsas, imprecisas ou enganosas.
O conteúdo vai desde orientações simplistas, como comer uma laranja no banho para aliviar a ansiedade, até diagnósticos indevidos e soluções milagrosas para traumas profundos. Muitos vídeos confundem bem-estar com doenças mentais e tratam experiências humanas comuns como patologias graves, alertam os profissionais.
Transtornos sérios sofrem banalização no TikTok
Especialistas, como o neuropsiquiatra David Okai, do King’s College London (Inglaterra), destacaram o uso incorreto de linguagem terapêutica, o que pode levar à banalização de transtornos sérios;
A psicóloga Amber Johnston alertou para a generalização de traumas complexos e individuais em vídeos de 30 segundos;
Já o psiquiatra e ex-ministro da saúde Dan Poulter criticou a patologização de emoções normais, o que pode prejudicar diagnósticos reais.
52% dos vídeos mais populares distorcem diagnósticos, oferecem soluções simplistas e ignoram complexidade clínica (Imagem: phBodrova/Shutterstock)
Parlamentares classificaram os resultados como alarmantes e cobraram regulamentação mais rigorosa. A deputada Chi Onwurah afirmou que o TikTok e outros algoritmos amplificam conteúdos enganosos, enquanto a deputada Victoria Collins pediu ação urgente para proteger o público.
O TikTok defendeu a plataforma, alegando que remove vídeos perigosos e promove conteúdos confiáveis em parceria com o NHS e a Organização Mundial da Saúde (OMS). No entanto, especialistas alertam que dicas virais não devem substituir orientação clínica qualificada e que doenças mentais exigem avaliação profissional.
Especialistas alertam sobre conteúdos simplistas e enganosos que transformam experiências humanas em diagnósticos psiquiátricos (Imagem: Luiza Kamalova/Shutterstock)
Em 2021, três amigos decidiram passar um fim de semana no interior da Holanda para fazer um experimento: deixar o celular de lado e focar no momento presente. O resultado foi um retorno para casa com inspiração e leveza — e que daria o pontapé inicial do Offline Club.
Jordy, Ilya e Valentijn são os nomes por trás do clube que organiza eventos sociais para incentivar a “desintoxicação das redes sociais”. Lançada em fevereiro de 2024, a plataforma atua em 11 países: Holanda, Reino Unido, França, Espanha, Itália, Alemanha, Portugal, Dinamarca, Bélgica e Emirados Árabes Unidos.
“Você está pronto para abandonar seu telefone?”, diz uma postagem no Instagram. Os encontros ocorrem em parques e cafés, promovendo atividades como leitura e pintura, acompanhado de música e piquenique.
Há reuniões gratuitas, com ingressos distribuídos pela internet e vagas limitadas. Já as experiências imersivas são pagas: € 425 (R$ 2,7 mil) para um fim de semana em uma casa para 12 pessoas em meio à natureza, com sauna, jardim e espaço para cozinhar.
Jovens criaram o clube após passar um fim de semana longe do celular no interior da Holanda (Imagem: Offline Club/Reprodução)
Tendência?
O clube poderia ser um efeito colateral da hiperconectividade: jovens entre 16 e 29 anos passam mais de três horas por dia em seus smartphones, segundo levantamento de 2024 realizado pela associação alemã de telecomunicações Bitkom.
Ao mesmo tempo, muitos deles gostariam de reduzir o tempo em frente às telas. Uma pesquisa recente da organização britânica British Standards Institution (BSI) mostrou que quase 70% dos jovens entre 16 e 21 anos se sentem pior quando passam tempo na internet.
Metade diz ser a favor de um “toque de recolher digital” que restringiria o acesso a determinados aplicativos e sites após as 22h. E 46% até afirmaram que prefeririam viver em um mundo sem internet, como destaca uma reportagem da DW.
Plataforma também oferece retiros em casas compartilhadas com até 12 pessoas (Imagem: Offline Club/Reprodução)
Impondo limites
Como já discutido aqui no Olhar Digital, o uso excessivo de tecnologias pode causar dependência em seus usuários, levando à solidão gradual, ao isolamento social e a problemas familiares. A conexão constante desencadeada pelo uso de smartphones, em alguns casos, pode estar associada ao vício e ao uso compulsivo.
O adoecimento mental tem levado governos de várias partes do mundo a limitar o acesso aos celulares. Recentemente, a Dinamarca anunciou que vai proibir a entrada dos aparelhos nas escolas de todo o país, assim como foi definido no Brasil.
Já a Austrália foi além: proibiu menores de 16 anos de acessarem as redes sociais — uma medida polêmica que entrará em vigor em novembro deste ano. No Reino Unido, o governo estuda criar toques de recolher obrigatórios, apesar da resistência do Parlamento.
A cafeína tem diversos benefícios, como melhorar humor, o estado de vigilância e alerta, enquanto alguns estudos até sugerem que a substância pode potencializar os efeitos do tratamento de depressão. No entanto, há ligações entre a ingestão da cafeína e a piora da ansiedade e, até mesmo, de ataques de pânico para pessoas que já convivem com transtorno de pânico.
Pacientes com esse distúrbio podem ter sensibilidade a alguns gatilhos externos, em especial, nos casos em que a pessoa já experimentou situações estressantes que provocaram ansiedade. Para além disso, os ataques de pânico podem vir por meio de substâncias, como inalação de dióxido de carbono (CO2).
De acordo com um estudo de revisão publicado em 2021 na revista General Hospital Psychiatry, cafeína em doses superiores a cinco xícaras de café pode levar a uma tendência a ataques de pânico em pacientes que já tem transtorno do pânico. Também pode gerar uma sensação maior de ansiedade mesmo entre aqueles que não convivem com o distúrbio.
Cafeína pode estar ligada a ataques de pânico / Crédito: Danijela Maksimovic (shutterstock / reprodução)
O estudo analisou dez pesquisas que administraram placebo e cafeína em todos os participantes para verificar os efeitos da substância. No total, os estudos somaram 244 pacientes com transtorno de pânico.
Os mecanismos capazes de contribuir para um ataque de pânico da cafeína ainda são bastante desconhecidos e precisam de mais pesquisas.
Parte disso, pode ser explicado a partir de uma perspectiva psicológica, já que indivíduos que apresentam o transtorno podem interpretar sinais corporais de forma incorreta. Por exemplo, pensar que o aumento da frequência do coração, na verdade, indica um ataque cardíaco.
Em altas doses, café pode gerar ansiedade / Crédito: Lucas de Freitas (shutterstock/reprodução)
No nível do sistema nervoso, os ataques de pânico com ingestão de cafeína também podem estar relacionados ao bloqueio de receptores que estão envolvidos na regulação respiratória, na regulação da frequência cardíaca, na detecção de ameaças e no processamento emocional.
Em grandes doses, a cafeína pode provocar ansiedade, suor, distúrbios cardíacos e afetar o crescimento fetal. Para adultos, 200 mg de cafeína por vez, o que equivale a duas xícaras de café, não são prejudiciais. Doses de 400 mg por dia da substância são consideradas seguras, mas isso pode variar de pessoa para pessoa a depender da tolerância do indivíduo.
Pets podem ajudar a reduzir a solidão e promover a saúde e o bem-estar, apontam pesquisadores;
Um estudo reuniu estudantes internacionais e idosos que vivem em casas de repouso, realizando encontros semanais com animais de estimação;
Os participantes preencheram questionários sobre solidão, conexões sociais, saúde mental e bem-estar antes e depois do experimento;
Como resultado, os pesquisadores observaram reduções significativas no sentimento de solidão e uma melhora na saúde.
Pets ajudam a reduzir a solidão e promover a saúde. (Imagem: Chendongshan/Shutterstock)
De acordo com a equipe – formada por pesquisadores da Universidade Monash e do Peninsula Health, ambos na Austrália –, o convívio com animais de estimação durante o estudo não só ajudou os participantes a criarem laços sociais e se sentirem menos solitários, mas, com isso, ainda trouxe melhorias para a saúde mental, o bem-estar e as funções cerebrais.
Estudo usou pets reais e robóticos para reduzir a solidão
Para o estudo, os pesquisadores reuniram 10 estudantes internacionais (com idade média de 22 anos), seis idosos que vivem em casas de repouso (com idade média de 83 anos) e três funcionários de alta gerência dessas instituições de cuidados. Ao longo de 18 semanas, os participantes se reuniram presencialmente e realizaram “atividades assistidas por animais”.
Os encontros duravam uma hora por semana e sempre envolviam animais de estimação – incluindo pets trazidos pelos próprios familiares dos participantes, cães ou gatos robóticos e até o cachorro de estimação da autora principal do estudo, Em Bould.
Estudo com pets mostrou reduções significativas na solidão de idosos e estudantes. (Imagem: Halfpoint/Shutterstock)
Convívio com pets melhorou habilidades de socialização dos participantes
Os participantes preencheram questionários antes e depois do estudo, respondendo questões relacionadas à solidão, conexões sociais, bem-estar e saúde mental. “Descobrimos que tanto adultos mais velhos quanto estudantes internacionais experimentaram uma redução significativa nos sentimentos de solidão e uma melhora significativa em sua saúde. A presença de animais de estimação vivos, em particular, ajudou a quebrar o gelo e facilitou as conversas entre os participantes”, explica Bould em comunicado.
O interesse em comum pelos animais de estimação “realmente ajudou a iniciar a conversa”, disse um idoso que participou do estudo aos pesquisadores. “Não tenho companhia, então gostei de conversar com os alunos sobre animais, mas também conversamos sobre outras coisas. Isso me animou.”
Pacientes muitas vezes escondem — consciente ou inconscientemente — suas emoções reais. Um novo adesivo facial inteligente, desenvolvido por pesquisadores da Universidade Estadual da Pensilvânia (EUA), pode ajudar a revelar esses sentimentos com precisão surpreendente, oferecendo nova ferramenta para o monitoramento remoto da saúde mental.
O dispositivo flexível, criado pelo professor Huanyu “Larry” Cheng e sua equipe, conta com sensores que monitoram, simultaneamente, movimentos da pele, temperatura corporal, suor e níveis de oxigênio no sangue.
Dispositivo pode ser usado voluntariamente por pacientes que percebam correr risco de desenvolver condições, como depressão e ansiedade (Imagem: Universidade Estadual da Pensilvânia)
Esses dados são enviados via Bluetooth para um aplicativo conectado à nuvem, onde algoritmos de inteligência artificial (IA) analisam expressões faciais e sinais fisiológicos.
Nos testes de laboratório, o sistema foi capaz de identificar seis expressões básicas (felicidade, surpresa, medo, tristeza, raiva e nojo) com mais de 96% de precisão;
E, para distinguir emoções verdadeiras — que nem sempre correspondem às expressões —, a tecnologia cruza os dados faciais com os sinais do corpo, alcançando, até agora, 89% de precisão ao interpretar reações a estímulos emocionais, como videoclipes;
Como os dados são processados online, o adesivo poderá permitir que médicos monitorem o bem-estar psicológico de pacientes à distância, o que pode ser especialmente útil em contextos clínicos e terapêuticos.
Avanços para tratar a saúde mental
Segundo Cheng, essa abordagem integrada fornece forma mais completa de entender as emoções humanas e pode contribuir para avanços significativos na área da saúde mental.
“As pessoas, muitas vezes, não demonstram, visivelmente, como realmente se sentem. Por isso, estamos combinando a análise da expressão facial com outros sinais fisiológicos importantes, o que, em última análise, levará a melhor monitoramento e apoio à saúde mental”, afirmou o professor Cheng.
O estudo que permitiu a criação do dispositivo foi publicado na revista Nano Letters.
Algoritmos de detecção de expressão do adesivo foram treinados em oito voluntários e, depois, testados em outros três (Imagem: Universidade Estadual da Pensilvânia)
O uso de mídias sociais por adolescentes continua gerando preocupações entre pais, educadores e autoridades.
Um novo relatório do Pew Research Center revela que quase metade dos adolescentes americanos acredita que as redes sociais têm um impacto majoritariamente negativo sobre sua geração — e muitos estão tentando reduzir o tempo de uso.
Detalhes da pesquisa
A pesquisa entrevistou 1.391 jovens de 13 a 17 anos e seus pais.
Os resultados mostram um aumento significativo na percepção negativa em relação às redes sociais: 48% dos adolescentes acham que elas fazem mal a seus colegas, contra 32% em 2022.
No entanto, apenas 14% afirmam sentir esse impacto negativo diretamente em si mesmos.
Apesar disso, 44% dos adolescentes disseram ter diminuído o tempo que passam online, e 45% reconhecem que passam tempo demais nas redes.
As meninas demonstram maior sensibilidade aos efeitos negativos: são mais propensas a relatar impactos no sono, autoestima e produtividade.
Esses dados reforçam pesquisas anteriores que apontam uma ligação mais forte entre redes sociais e problemas de saúde mental em meninas adolescentes.
Documentos internos da Meta, por exemplo, mostraram que o Instagram afeta negativamente a imagem corporal de uma em cada três adolescentes.
Jovens apontam redes sociais como fonte de mal-estar – Imagem: Rawpixel.com/Shutterstock
Enquanto isso, pais continuam mais preocupados que os próprios filhos. Quase 90% se dizem preocupados com a saúde mental dos adolescentes, e 44% apontam as redes sociais como principal causa de prejuízo emocional — proporção bem maior que os 22% entre os próprios jovens.
Apesar das críticas, as redes sociais também têm aspectos positivos. Cerca de 60% dos adolescentes dizem que as plataformas ajudam a expressar sua criatividade e a manter contato com os amigos.
Diante desses dados, cresce o debate sobre políticas de regulação. Países como Austrália e estados americanos como Utah já adotaram leis que limitam o acesso de menores às redes, e autoridades seguem pressionando empresas como a Meta por mais responsabilidade e proteção aos jovens usuários.
Governos e empresas já se movimentam com medidas para combater os danos das redes sociais na saúde mental dos jovens (Imagem: Viktollio/Shutterstock)
Você já ouviu dizer que o intestino é o “segundo cérebro”? Pois é, agora a ciência foi além: um simples copo de iogurte pode ser o empurrãozinho que faltava para afastar o mau humor, o estresse e até a ansiedade. Um novo estudo revela que os probióticos não são só aliados da digestão — eles também mexem com suas emoções.
É o que destaca a revista MedicalXpress: pesquisadores da Universidade de Oxford e da Universidade de Leiden testaram probióticos em jovens saudáveis por um mês e perceberam algo surpreendente. Os voluntários começaram a se sentir menos ansiosos e estressados depois de duas semanas. Nada de testes complicados — o que funcionou mesmo foi acompanhar o humor diário com perguntas simples.
Além de melhorar o astral, os probióticos também ajudaram na leitura das emoções alheias. Quem fez o experimento ficou mais afiado para reconhecer expressões faciais. E tem mais: quem é mais cauteloso, com perfil de evitar riscos, parece se beneficiar ainda mais dessas bactérias do bem.
Probióticos mostram efeito rápido no humor e abrem caminho para novas abordagens
Os efeitos positivos começaram a surgir após duas semanas de uso diário — um tempo semelhante ao dos antidepressivos, mas com uma diferença importante: os probióticos reduziram apenas os sentimentos negativos, sem interferir nos positivos.
Além da saúde mental: probióticos ajudam a fortalecer o sistema imunológico e equilibrar a microbiota intestinal (Imagem: Tatjana Baibakova/Shutterstock)
Relatos simples do dia a dia foram mais eficientes do que os tradicionais testes psicológicos para captar as mudanças de humor. Isso mostra como ferramentas diretas podem revelar transformações sutis que passariam despercebidas em métodos mais complexos.
Apesar do potencial promissor, os pesquisadores reforçam: probióticos não devem ser usados como substitutos de antidepressivos. Eles podem, no máximo, funcionar como aliados — e sempre com orientação profissional.
Uma ajuda que também vem do prato — mas com cautela
Probióticos não estão apenas em copos de iogurte natural. Eles também podem ser encontrados em alimentos como kefir e missô. Incorporar esses itens à rotina pode ser um primeiro passo para quem busca benefícios leves no humor e na saúde digestiva.
Kefir, chucrute e outros fermentados ganham destaque por seus efeitos positivos na saúde intestinal e mental (Imagem: Tatjana Baibakova/Shutterstock)
Ainda assim, nem todo produto com o selo “probiótico” traz os mesmos efeitos. A composição das bactérias, a quantidade ingerida e a duração do uso são fatores decisivos. Nem sempre o que está na prateleira do mercado tem a concentração ideal para influenciar o cérebro.
Por isso, os cientistas são claros: apesar de animadores, os resultados ainda não justificam o uso indiscriminado. A promessa é real, mas os probióticos devem ser vistos como um complemento — e não como substituto para tratamentos médicos tradicionais.
A saudade é capaz de despertar diversas emoções, e estar associadas e muitas lembranças. Para alguns, ela faz referência à ausência e distância, nos fazendo sentir falta de pessoas, lugares, objetos e animais, por exemplo. Para outros, esse sentimento remete à nostalgia e boas lembranças, causando uma sensação que transita entre a alegria e a tristeza.
Um estudo publicado por um neurocientista brasileiro, juntamente com pesquisadores do King’s College London, do Reino Unido, mostrou uma possibilidade inédita de que esse sentimento tem um potencial de agir como um recurso para amenizar sintomas em pacientes com depressão.
Saiba mais sobre o estudo e seus resultados abaixo.
O sentimento de saudade no sentido de nostalgia pode ajudar no tratamento dos sintomas de depressão. (Imagem: PeopleImages.com – Yuri A/Shutterstock)
A saudade pode tratar depressão? Veja o que diz a ciência
De acordo com o dicionário Michaelis, a definição de saudade é: “sentimento nostálgico e melancólico associado à recordação de pessoa ou coisa ausente, distante ou extinta, ou à ausência de coisas, prazeres e emoções experimentadas e já passadas, consideradas bens positivos e desejáveis“.
Com isso em mente, é mais fácil entender a pesquisa publicada no periódico Frontiers in Psychology. O estudo é fruto de uma parceria entre os pesquisadores do King’s College de Londres, no Reino Unido, e o brasileiro Jorge Moll Neto, neurocientista e idealizador do IDOR Ciência Pioneira, uma iniciativa independente de investimento em pesquisas de ponta.
Ver a saudade sob essa perspectiva é essencial, uma vez que a ideia de usar esse sentimento como aliado para o tratamento de sintomas da depressão pode parecer inusitada, principalmente por sua associação à carga emocional melancólica.
Entretanto, a saudade tem uma natureza ambígua, podendo também ser descrita como uma forma de sentir falta e amor por algo do passado. Acessar músicas, livros e filmes antigos, por exemplo, pode trazer à tona a nostalgia e a admiração, além de muitas vezes lembrar de tempos felizes.
O pesquisador Jorge Moll Neto explica: “A saudade pode ser analisada como um sentimento que traz senso de valorização sobre eventos e pessoas e que ajuda o paciente a se reconectar com memórias significativas para sua vida. Embora não seja descrita como puramente positiva, a saudade, quando observada nessa outra perspectiva, pode ter efeitos positivos importantes de estabilização emocional e reforço do significado da vida”.
De acordo com a psicologia, a saudade é um sentimento complexo, que pode estar ligado às emoções de pertencimento, família e senso de significado. Mesmo que tenha uma grande complexidade, esse tema é pouco explorado nesse campo, o que fez com que os pesquisadores decidissem investigá-la mais a fundo, unindo a lacuna de pesquisas com observações clínicas.
Isso motivou a investigação de uma possibilidade inédita de tratamento da depressão, uma doença que afeta mais de 11 milhões de brasileiros (segundo dados da OMS).
Usando como base os debates entre os pesquisadores e estudos anteriores que apontaram a nostalgia como uma ajuda para encontrar um sentido para a vida, os cientistas desenvolveram a hipótese de que a saudade poderia funcionar como um recurso emocional útil na psicoterapia.
(Imagem: Yournameonstones/Shutterstock)
Como foi a pesquisa
No estudo, a equipe de pesquisadores observou 39 indivíduos com sentimentos intensos e recorrentes de autocrítica e autoculpabilização, que são sintomas comuns em quadros de depressão, e costumam estar acompanhados por baixa autoestima e sensação de desesperança. Contudo, a pesquisa considerou participantes que não possuíam um diagnóstico clínico formal.
Os voluntários foram escolhidos a partir de uma longa lista de candidatos, que vieram de anúncios online, listas de e-mails e redes sociais. Então, os participantes foram convidados a fazer um vídeo de 10 minutos usando fotos, vídeos e músicas.
Na primeira parte da dinâmica, eles precisavam trazer sentimentos de autocrítica e tristeza, enquanto na segunda deveriam explorar a saudade com memórias afetivas e significativas do passado.
Então, os voluntários receberam a instrução de assistir ao vídeo diariamente durante uma semana, enquanto refletiam sobre seus sentimentos. Depois, os pesquisadores aplicaram formulários e fizeram acompanhamento online, com o objetivo de avaliar, através de pontuações, a frequência dos pensamentos autocríticos e a presença de possíveis sintomas depressivos.
Os especialistas então puderam perceber uma redução significativa desses pensamentos depois de uma semana do início do experimento. Com isso, o resultado mostrou que o incentivo a uma “transformação” emocional para a saudade pode trazer efeitos positivos na saúde mental.
Os pesquisadores levantaram a hipótese de que a saudade pode ser usada como um recurso emocional na psicoterapia. (Imagem: Pixel-Shot/Shutterstock)
Para os cientistas, uma vez que essa emoção era apresentada no final do vídeo, ela era capaz de ajudar a mudar o tom emocional do material, incentivando uma reflexão mais leve e menos negativa dos participantes. Assim, os pesquisadores levantaram a hipótese de que a saudade pode ser usada como um recurso emocional na psicoterapia, durante suas discussões.
Segundo Moll, o estudo feito foi uma das primeiras tentativas de usar a saudade como intervenção terapêutica estruturada, e teve alta adesão e segurança, sem relatos de eventos adversos.
Além disso, os resultados reforçam a importância de estudos maiores, como ensaios clínicos randomizados com pacientes diagnosticados com depressão. “Isso mostra que a saudade pode ser mais explorada por seu potencial terapêutico, como recurso culturalmente próximo das pessoas”, conclui o neurocientista.
Em 2024, o Brasil registrou quase meio milhão de afastamentos do trabalho por questões de saúde mental, marcando um aumento de 68% em relação ao ano anterior, segundo dados do Ministério da Previdência Social, divulgados em matéria do Jornal da USP.
Esse crescimento reflete o impacto da pandemia de Covid-19, que aumentou a incidência de transtornos mentais, e mudanças no ambiente de trabalho, como avanços tecnológicos e crises econômicas, que elevaram as exigências no trabalho, gerando insegurança e estresse.
Período da pandemia elevou exigências no trabalho, gerando mais estresse e doenças mentais para funcionários – Imagem: PeopleImages.com – Yuri A / Shutterstock
Tema ainda é um tabu em ambientes de trabalho
A psicóloga Marina Greghi Sticca, da USP, alerta para os estigmas que ainda cercam a busca por ajuda, como o medo de retaliações e demissões, destacando a importância de programas de prevenção e reabilitação nas empresas.
A Lei nº 14.831, em vigor desde março de 2024, incentiva as empresas a promoverem a saúde mental, mas o aumento dos afastamentos indica um problema estrutural, como a pressão por produtividade sem a devida compensação, segundo a professora Luciana Romano Morilas, também da USP.
Luciana alerta que as empresas devem repensar a gestão de produtividade, destacando os benefícios do home office, como maior bem-estar e redução do estresse.
Além disso, a partir de maio de 2025, as empresas serão obrigadas a avaliar riscos psicossociais, como estresse e assédio, e implementar medidas preventivas e corretivas.
A psicóloga Marina também sugere estratégias individuais, como autocuidado, alimentação saudável, práticas físicas, micropausas e técnicas de relaxamento, que podem ajudar a mitigar os impactos do ambiente de trabalho na saúde mental.
Especialistas apontam que colaboradores com problemas mentais ainda hesitam em buscar ajuda, evidenciando a necessidade de conscientização no ambiente de trabalho – Imagem: fizkes/Shutterstock