Sistema binário raríssimo revela estrela orbitando dentro de outra

Um estudo publicado nesta quinta-feira (22), na revista Science, pode ter identificado um tipo raríssimo de sistema estelar binário no qual uma estrela está orbitando dentro da outra. Localizado a cerca de 455 anos-luz da Terra, o achado envolve um pulsar (estrela extremamente densa que gira rapidamente) e uma estrela de hélio. 

O pulsar em questão, chamado PSR J1928+1815, é o remanescente de uma estrela que explodiu em uma supernova. Nessa explosão, a matéria é comprimida de tal forma que sobra quase só nêutrons, tornando essa “estrela morta” extremamente densa. E como gira muito rápido, ela emite pulsos regulares de ondas de rádio detectáveis da Terra.

Com o Telescópio Esférico de Rádio de Abertura de 500 metros (FAST), na China, o maior radiotelescópio do mundo, os astrônomos descobriram que esse pulsar tem uma companheira: uma estrela de hélio com massa semelhante à do Sol que perdeu sua camada externa de hidrogênio e ficou apenas com o núcleo. As duas estão tão próximas que completam uma volta uma ao redor da outra em apenas 3,6 horas.

Esse pulsar gira quase 100 vezes por segundo. Pulsares com essa velocidade são chamados de “milissegundo” e geralmente ficam tão rápidos por “canibalizarem” estrelas vizinhas, puxando matéria delas. Isso acelera sua rotação de forma impressionante.

Estrelas orbitando uma à outra tão de perto e tão rapidamente que em algum momento uma acaba dentro da companheira. Crédito: Wikimedia/Creative Commons

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Descoberta de sistema raro com estrela orbitando outra por dentro é inédita

Pesquisas anteriores sugeriam que, nesse processo, o pulsar pode acabar dentro da camada externa da companheira – uma fase chamada de “envelope comum”. Até hoje, esse tipo de sistema nunca tinha sido observado. Agora, esse pode ser o primeiro caso real identificado.

Modelos de computador mostram que, no início, o pulsar e sua parceira estavam bem mais distantes. Mas com o tempo, o pulsar foi sugando a matéria da outra estrela até mergulhar em suas camadas externas. Após cerca de mil anos, ele ficou bem próximo do núcleo da estrela, formando um sistema supercompacto.

Os cientistas estimam que apenas entre 16 e 84 sistemas semelhantes possam existir em toda a Via Láctea, que tem até 400 bilhões de estrelas. Isso mostra como é raro esse tipo de sistema – e o quanto ainda temos a descobrir sobre o funcionamento do Universo.

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Gás, poeira e “arco-íris”: Webb capta formação de sistema estelar

O telescópio espacial James Webb, da Nasa, captou imagens impressionantes que mostram novos detalhes de um sistema estelar em formação. O Lynds 483 está a 650 anos-luz de distância na constelação Serpens e tem um formato curioso de ampulheta. Um ano-luz é igual a 9,46 trilhões de quilômetros.

A nuvem vertical é formada por duas estrelas que ejetam gás e poeira nas cores laranja, azul e roxo. O espetáculo visual foi captado usando luz infravermelha próxima de alta resolução do telescópio que é considerado o principal observatório de ciência espacial do mundo.

Protoestrelas têm expelido gás e poeira em jatos rápidos e compactos ao longo de dezenas de milhares de anos. Mas alguns fluxos são ligeiramente mais lentos e, segundo a Nasa, acabam “tropeçando” no espaço.

Ilustração da constelação Serpens (Imagem: Nasa/Reprodução)

Isso pode gerar um atrito entre compostos recentes e antigos, desencadeando reações químicas que produzem diversas moléculas, como monóxido de carbono, metanol e vários outros compostos orgânicos, de acordo com a agência espacial.

Na foto, as duas protoestrelas podem ser vistas no centro da ampulheta, em um disco horizontal. Acima e abaixo desse disco, onde a poeira é mais fina, é possível observar a luz brilhante das estrelas em uma espécie de cone laranja semitransparente.

“Daqui a milhões de anos, quando as estrelas terminarem de se formar, cada uma delas poderá ter aproximadamente a massa do nosso Sol. Seus fluxos terão limpado a área — varrendo essas ejeções semitransparentes. Tudo o que pode permanecer é um pequeno disco de gás e poeira onde planetas podem eventualmente se formar”, explica a Nasa.

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Nome do sistema solar homenageia a astrônoma americana Beverly T. Lynds (Imagem: IAU/Divulgação)

O trabalho começou lá atrás…

O sistema solar Lynds 483 homenageia a astrônoma americana Beverly T. Lynds, que estudou nebulosas “escuras” e “brilhantes” no início dos anos 1960. Ela catalogou as coordenadas e características de cada objeto a partir de chapas fotográficas captadas pelo projeto Palomar Observatory Sky Survey, na Califórnia.

Segundo a Nasa, o material ajudou na criação futura de mapas detalhados de densas nuvens de poeira onde as estrelas se formam — conteúdo fundamental para pesquisas da comunidade astronômica antes do acesso generalizado à internet.

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