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No decorrer da viagem que o Sistema Solar faz pela galáxia, ele pode se encontrar com outras estrelas e, mesmo que distantes, elas podem impactar a ordem dos planetas. Para entender as possibilidades de desastres, cientistas simularam os possíveis futuros das órbitas dos mundos em torno do Sol.
“A passagem de estrelas pode alterar a estabilidade dos planetas e de Plutão, bem como a arquitetura secular dos planetas gigantes, ao longo dos próximos 5 bilhões de anos”, escreveram os pesquisadores.
O novo estudo, publicado na Icarus, argumenta que simulações anteriores superestimavam a estabilidade dos planetas.
A análise inédita estima cerca de 19 encontros por milhão de anos a cada um parsec (3,26 anos-luz) viajado pelo Sol. Na simulação para os próximos 5 bilhões de anos, 2% dos cenários terminam com planetas sendo ejetados para o espaço.
A invasão de uma estrela errante poderia causar o caos no Sistema Solar, com a colisão entre os planetas e até com o Sol. Crédito: sdecoret – Shutterstock
A pesquisa demonstra que a Terra tem uma chance de 1 em 500 (0,2%) de ser ejetada do Sistema Solar ou colidir com outro planeta. Marte também está na mira. O Planeta Vermelho tem uma chance maior (0,3%) de se chocar com outro mundo e se perder no espaço.
Em um dos casos, Plutão tem 5% de chance de se tornar instável devido a uma perturbação em sua gigante orbita. Mercúrio, por estar perto do Sol, é o planeta que estatisticamente está mais próximo de seus vizinhos no Sistema Solar, já que suas rápidas voltas em torno de sua estrela o fazem passar mais tempo perto dos outros mundos. Por isso, sua chance de instabilidade cresceu de 50% para 80%.
O estudo sugere que os casos de perda de planeta acontecerão num futuro mais perto do que distante, sendo a influência de uma estrela passageira a maior causa de instabilidade no Sistema Solar para os próximos 4 bilhões de anos.
Muito além de Plutão: pode haver outro planeta anão em nosso Sistema Solar. A novidade astronômica – chamada de 2017 OF201 – foi descoberta por pesquisadores do Instituto de Estudos Avançados de Princeton, nos EUA, e publicada na última quarta-feira (21) no servidor de pré-impressão arXiv.
Entenda:
Cientistas podem ter descoberto outro planeta anão em nosso Sistema Solar;
A rocha foi chamada de 2017 OF201, mede cerca de 700 km de diâmetro e está localizada além da órbita de Netuno;
No ponto mais distante do Sol, sua órbita é mais de 1.600 vezes maior que a da Terra. Já no ponto mais próximo, é 44,5 vezes maior;
A descoberta do 2017 OF201 é uma das evidências mais fortes contra a existência do chamado Planeta Nove.
Como Plutão, Ceres e outros, 2017 OF201 é grande o suficiente para ser planeta anão. (Imagem: NASA/JPL-Caltech; image of 2017 OF201: Sihao Cheng et al.)
O 2017 OF201 está localizado além da órbita de Netuno e tem cerca de 700 km de diâmetro. De acordo com a equipe, o tamanho já é o suficiente para classificá-lo como um planeta anão, mas outro fator interessante é sua órbita: ela é mais de 1.600 vezes maior que a da Terra no ponto mais distante do Sol (chamado de afélio), e 44,5 vezes maior no ponto mais próximo (periélio), explica Sihao Cheng, líder do estudo, em comunicado.
O planeta anão foi revelado por dados do Dark Energy Camera Legacy Survey (DECaLS) e do Telescópio Canadá-França-Havaí (CFHT) coletados entre 2011 e 2018. A rocha foi detectada 19 vezes ao todo, o que permitiu que os pesquisadores analisassem o 2017 OF201 e sua órbita com maior precisão.
A rocha foi avistada a uma distância orbital de 90,5 unidades astronômicas (UA, medida que corresponde à distância entre a Terra e o Sol) – mais que o dobro da de Plutão, que tem cerca de 40 UA. A equipe ainda descobriu que a órbita do 2017 OF201 leva 25 mil anos para ser completada, mas seu surgimento ainda é um mistério.
Localizações atuais de Plutão, Netuno e 2017 OF201 no Sistema Solar. (Imagem: Jiaxuan Li, Sihao Cheng)
2017 OF201 pode refutar existência do Planeta Nove
Como sugerem os autores, a órbita do novo planeta anão é uma das evidências mais fortes contra a existência do chamado Planeta Nove, um objeto hipotético que poderia ser o nono planeta do nosso Sistema Solar. Além disso, sua descoberta também indica que ainda há muitos outros objetos como o 2017 OF201 a serem detectados.
“2017 OF201 passa apenas 1% do seu tempo orbital perto o suficiente de nós para ser detectável. A presença deste único objeto sugere que pode haver cerca de centenas de outros objetos com órbita e tamanho semelhantes; eles estão muito distantes para serem detectáveis agora”, completa Cheng.
Há cerca de 4,5 bilhões de anos, uma nuvem de gás em colapso deu origem ao Sol, marcando o início do nosso sistema solar. Com o nascimento da estrela, o material remanescente formou um disco protoplanetário — uma imensa faixa de gás e poeira em torno do Sol.
Em um artigo no site The Conversation, Christopher Palma, professor de Astronomia e Astrofísica da Penn State University, explica como ocorreu esse processo.
“Partículas colidiam e se agregavam como flocos de neve virando bolas de neve”, explica Palma. Esse processo de acréscimo formou desde pequenos seixos até planetas inteiros.
A linha de gelo é parte importante da história do sistema solar, dando origem aos planetas – Imagem: forplayday/iStock
A linha de gelo
Um fator decisivo na formação planetária foi a chamada linha de gelo, localizada na região que hoje corresponde ao cinturão de asteroides.
Ali, era frio o suficiente para o gelo se formar, contribuindo para o surgimento dos gigantes gasosos — Júpiter, Saturno, Urano e Netuno.
Já os planetas internos, como a Terra, surgiram mais lentamente por estarem em uma região mais quente e com menos material.
“Júpiter e Saturno se formaram rapidamente, em poucos milhões de anos”, observa Palma. Já os planetas internos levaram até 100 milhões de anos. Apesar da diferença parecer grande, é uma fração mínima na escala cósmica.
A influência crucial de Júpiter
Após sua formação, os planetas migraram. Netuno trocou de posição com Urano, e Júpiter se moveu para dentro, influenciando dramaticamente o ambiente. Sua gravidade empurrou detritos, moldou o cinturão de asteroides e ajudou a posicionar a Terra na zona habitável — nem quente, nem fria demais.
“Se Júpiter não tivesse se formado do jeito que se formou, talvez não estivéssemos aqui”, conclui Palma.
Ao saber mais sobre a história do sistema solar, é possível entender como Júpiter ajudou a Terra a existir – Imagem: Buradaki / Shutterstock
Faz apenas um século que a humanidade descobriu que o Universo vai além da Via Láctea. Isso aconteceu quando o astrônomo Edwin Hubble observou uma estrela especial e percebeu que ela estava muito mais distante do que qualquer objeto dentro da nossa galáxia. Com isso, ele identificou Andrômeda e entendeu que existiam muitas outras galáxias no cosmos.
Desde então, os cientistas vêm estudando o Universo com telescópios mais avançados. Hoje, sabemos que há bilhões de galáxias espalhadas pelo espaço. A mais próxima da nossa é Andrômeda – e ela está vindo em nossa direção. Segundo a NASA, ela pode colidir com a Via Láctea em cerca de quatro bilhões de anos.
Apesar de parecer um desastre, essa colisão não será como um impacto entre dois objetos sólidos. Galáxias são compostas principalmente por espaço vazio, então as estrelas quase não se chocam. O resultado será a fusão das duas galáxias em uma nova, com forma elíptica. Uma espécie de “mistura” cósmica.
Sistema solar sobreviveria, mas mudaria de lugar
O Sistema Solar, que inclui a Terra, deve sobreviver a essa fusão. No entanto, ele pode ser arrastado para outra parte do Universo. As posições das estrelas vão mudar com a colisão, e o Sol pode terminar em um ponto bem diferente do atual. Mesmo assim, não há risco direto para a vida no planeta.
É o que diz um estudo feito por cientistas usando dados dos telescópios espaciais Hubble e Gaia para simular esse encontro. Eles também consideraram a massa e o movimento das principais galáxias do chamado Grupo Local. O objetivo foi entender como essas galáxias vão evoluir nos próximos 10 bilhões de anos. E os resultados surpreenderam.
Representação artística da Via Láctea e Andrômeda se fundindo. Crédito: NASA; AEE; Z. Levay e R. van der Marel, STScI; T. Hallas; e A. Mellinger
Disponível no servidor de pré-impressão arXiv, aguardando revisão por pares, o artigo indica que há muitas incertezas envolvidas. Fatores como a velocidade e o atrito entre as galáxias afetam o destino da Via Láctea. Esse atrito é uma força que desacelera as galáxias e ajuda na fusão. Mas, se ele for menor do que o esperado, a colisão pode não acontecer.
Segundo os pesquisadores, existe uma chance de 50% de que a Via Láctea e Andrômeda nunca se choquem. Tudo depende de detalhes ainda difíceis de medir com precisão. Por isso, os cientistas reforçam que novas observações serão essenciais para prever o futuro da nossa galáxia com mais segurança.
Um novo estudo, disponível no servidor online de pré-impressão arXiv, onde aguarda revisão por pares, aponta para uma possível evidência do Planeta Nove – um objeto hipotético e ainda não identificado que poderia ser o nono planeta do Sistema Solar. Segundo os pesquisadores, esse mundo estaria muito além da órbita de Netuno, em uma região ainda pouco explorada pelos telescópios.
Segundo a NASA, a ideia do Planeta Nove surgiu em 2016, quando dois astrônomos do Instituto de Tecnologia da Califórnia (Caltech), Konstantin Batygin e Mike Brown, observaram que seis objetos muito distantes estavam se movendo de forma estranha. Eles pareciam ser puxados por algo com uma forte gravidade, indicando a presença de um corpo grande e invisível.
Representação artística do Sistema Solar (fora de escala), contando com um gigante gasoso depois de Netuno denominado Planeta Nove, que vem sendo procurado pelos cientistas há décadas. Crédito: Vadim Sadovski – Shutterstock
Esse planeta misterioso poderia ajudar a explicar comportamentos curiosos de outros corpos celestes, como órbitas inclinadas ou trajetórias contrárias às habituais. A NASA destaca que, se confirmado, o Planeta Nove também preencheria uma lacuna do nosso sistema, já que muitos planetas de outras estrelas são do tipo “superterra”, maiores que a Terra, mas menores que Netuno – exatamente o perfil que se espera desse novo candidato.
Embora milhares de exoplanetas já tenham sido descobertos fora do Sistema Solar, encontrar novos planetas por aqui é mais difícil do que parece. Isso porque, do ponto de vista da Terra, a maioria deles não passa na frente do Sol, o que dificulta sua visualização direta. Planetas como Netuno, por exemplo, foram detectados observando seus efeitos gravitacionais sobre outros.
Se o Planeta Nove realmente existir, ele pode estar a uma distância de até 700 unidades astronômicas (UA) do Sol. Uma UA equivale à distância entre a Terra e o Sol, que é de 150 milhões de km. Mesmo sendo um planeta grande, ele refletiria pouca luz solar por estar tão longe, o que o tornaria quase invisível para os instrumentos atuais.
Infográfico mostra possível órbita do Planeta Nove e sua distância em relação ao Sol. Créditos: Flavia Correia/Olhar Digital via ChatGPT
Para tentar encontrá-lo, uma equipe formada por astrônomos de Taiwan, Japão e Austrália analisou imagens em infravermelho do céu tiradas com 23 anos de diferença, usando o Satélite Astronômico Infravermelho (IRAS) e o AKARI (“Luz”, em japonês). A aposta foi simples: procurar por algo que estivesse se movendo muito devagar – exatamente o esperado para um objeto tão distante.
A busca começou com 13 possíveis candidatos. Depois de uma análise rigorosa, que incluiu observações visuais detalhadas das imagens, apenas um desses objetos permaneceu como um possível candidato ao Planeta Nove. Ele apareceu em uma posição nas imagens antigas e em outra nas mais recentes, com um movimento compatível com o esperado.
Apesar da descoberta promissora, os dados ainda são insuficientes para confirmar se o objeto é de fato o Planeta Nove. A equipe afirma que novas observações serão fundamentais para determinar sua órbita e natureza. Por enquanto, ele continua sendo um forte suspeito – mas ainda envolto em mistério.
Um artigo publicado este mês na revista Icarus aponta que o Sol pode ajudar a prever chuvas de meteoros raras e intensas. Segundo os autores, uma oscilação sutil do astro influencia o caminho de nuvens de poeira deixadas por cometas, e isso afeta diretamente quando e onde essas partículas vão colidir com a Terra.
Essas colisões são o que geram as chuvas de meteoros, fenômenos que encantam observadores do céu. Algumas acontecem com regularidade, como a Eta Aquáridas, que surge todos os anos em maio, e as Perseidas, em agosto. No entanto, outras aparecem de forma imprevisível, duram pouco e depois somem por décadas, sem deixar pistas claras.
O novo estudo propõe que essa irregularidade pode ser explicada pelo modo como o Sol se movimenta. Apesar de parecer parado, o Sol oscila em torno de um ponto chamado baricentro, que é o verdadeiro centro de massa do Sistema Solar. Esse ponto muda de lugar por causa da influência gravitacional dos planetas, principalmente Júpiter e Saturno.
Vista do céu noturno com um céu estrelado ao fundo e muitos meteoros voando pela atmosfera, aparecendo como traços brancos, com árvores e plantas em primeiro plano. Crédito: Kenneth Brandon
Essa oscilação, embora pequena, é suficiente para afetar a trajetória de partículas espaciais. Quando um cometa se aproxima do Sol, ele libera uma trilha de poeira. Essas partículas seguem orbitando nossa estrela por séculos e, em alguns casos, cruzam o caminho da Terra, gerando uma chuva de meteoros.
Com o tempo, essas trilhas de poeira se espalham e se deformam, tornando-se mais difíceis de prever. Quanto mais antigas, mais largas e difusas elas ficam. Já as trilhas jovens são estreitas e instáveis – e por isso podem causar chuvas intensas e curtas, ou simplesmente não acontecer.
Novo modelo ajuda a prever chuvas de meteoros
Os pesquisadores Stuart Pilorz e Peter Jenniskens, do Instituto SETI, descobriram que, ao não considerar o movimento do Sol, as simulações anteriores estavam incompletas. As trilhas de poeira reagem de forma sensível a essa oscilação solar, o que muda seu percurso ao longo do tempo.
Quando as partículas estão longe, elas orbitam o baricentro. Mas, ao se aproximarem do Sol, passam a ser puxadas diretamente por sua gravidade. Esse “troca-troca” de centro gravitacional altera levemente a velocidade e o caminho dessas partículas, como se recebessem pequenos empurrões.
Essas mudanças são pequenas, mas somadas ao longo dos anos, fazem diferença. Elas explicam por que algumas trilhas atingem a Terra em momentos inesperados. Com base nisso, os autores desenvolveram um novo modelo para prever melhor essas passagens.
Oscilações do Sol em torno do centro de massa do Sistema Solar, no período de 1945 a 2010. São mostradas as posições celestes anuais do baricentro (pequenos círculos) em relação ao centro do Sol (cruz). Crédito: Marcos José de Oliveira/Elaborado com base em Landscheidt (1981) e Scafetta (2010).
A teoria foi colocada à prova em 2023, quando Jenniskens usou o modelo para prever o retorno de uma chuva de meteoros quase esquecida. Ele calculou que a trilha de um cometa antigo cruzaria o caminho da Terra por conta de uma combinação exata entre as órbitas de Júpiter e Saturno.
Jenniskens e Pilorz viajaram até a Espanha para observar. A previsão se confirmou: uma chuva rara e intensa riscou o céu durante 40 minutos. O evento foi curto, mas espetacular – e bateu exatamente com o cálculo feito pelo novo modelo.
Essa chuva específica reaparece a cada 60 anos, seguindo um ciclo que coincide com os movimentos combinados de Júpiter (que leva 12 anos para dar a volta no Sol) e Saturno (que leva 29). A interação desses dois gigantes é o que impulsiona a oscilação solar.
Com o tempo, as trilhas de poeira vão se espalhando e ficando mais fáceis de prever. Mas nos primeiros séculos após sua formação, elas são frágeis e sensíveis. Pequenos fatores, como o movimento do Sol, podem desviá-las ou aproximá-las da Terra.
A novidade do estudo é justamente reconhecer a importância dessa influência sutil. Até então, o movimento do Sol era ignorado nas simulações, por parecer insignificante. Mas o novo modelo mostra que ele tem um papel essencial nas chuvas mais raras.
Mais explosões de estrelas cadentes podem estar a caminho
O impacto é claro: agora os cientistas conseguem prever com mais precisão quando essas chuvas intensas e inesperadas vão ocorrer. Isso ajuda os astrônomos e também fotógrafos e curiosos que gostam de observar o céu.
Além disso, o estudo revela como fenômenos aparentemente invisíveis – como uma leve oscilação solar – podem ter efeitos concretos no nosso planeta. Mostra também como detalhes esquecidos podem mudar nossa compreensão sobre eventos naturais.
Os autores acreditam que o novo modelo vai ajudar a identificar outras chuvas raras no futuro. Eles já planejam novas observações com base nessas previsões. Se tudo correr como esperado, mais explosões de meteoros devem surgir nos próximos anos.
O trabalho também reforça a importância de incluir todos os fatores gravitacionais nas simulações. Mesmo os mais discretos, como a dança do Sol em torno do baricentro, podem mudar o curso de trilhas espaciais com centenas de anos de idade.
Ao entender melhor esses mecanismos, os cientistas abrem caminho para novas descobertas. E para nós, aqui na Terra, isso significa mais oportunidades de presenciar espetáculos celestes que antes pareciam impossíveis de prever.
Encontrar vida alienígena é um dos grandes objetivos da ciência atualmente. Mas não são apenas os ‘aliens’ que podem estar vivendo planeta afora: objetos interestelares se originam fora do nosso Sistema Solar, mas, eventualmente, podem fazer uma ‘visitinha’ por aqui.
Porém, esses corpos celestes apresentam dois problemas: eles são extremamente rápidos e têm trajetórias inesperadas, o que torna muito difícil detectá-los e estudá-los a tempo.
Um projeto em colaboração com o Laboratório de Propulsão a Jato da NASA tem uma solução para viabilizar o estudo desses objetos.
Ilustração do conceito do projeto Neural-Rendezvous. Na imagem, as linhas amarelas representam as trajetórias dos objetos interestelares e as linhas azuis, a trajetória do enxame de naves (Imagem: Tsukamoto et al. 2025)
Objetos interestelares fazem ‘visitas’ ao nosso Sistema Solar
Objetos interestelares são corpos que nascem foram do Sistema Solar, como cometas, asteroides e meteoros. Alguns deles corriqueiramente passam por aqui e chamam atenção da ciência.
O 1I/’Oumuamua, por exemplo, foi o primeiro deles a ser descoberto passando pelo nosso Sistema Solar, em 2017. Ele viajou em uma velocidade de cerca de 315.400 km/h e, inicialmente, foi classificado como um cometa. Depois, foi renomeado apenas como “objeto interestelar”, porque não atendia às características de cometa.
Em 2019, foi a vez do 2I/Borisov, o primeiro a ser classificado como “cometa interestelar”.
Os objetos intrigam a ciência, mas, como são extremamente rápidos e têm trajetórias imprevisíveis, costumam ser difíceis de se descobrir e estudar. Uma equipe liderada por Hiroyasu Tsukamoto, professor da Universidade de Illinois Urbana-Champaign, em parceria com a NASA, pensou em uma alternativa para detectar esses corpos a tempo.
Projeto quer detectar objetos interestelares com segurança
O projeto reconhece os dois desafios (velocidade e trajetória dos objetos interestelares) e pensou em uma solução: uma estrutura de orientação e controle baseada em aprendizado profundo que permite que naves espaciais encontrem os objetos com segurança.
Segundo Tsukamoto, em comunicado, a equipe está “tentando encontrar um objeto astronômico que atravesse nosso Sistema Solar apenas uma vez e não queremos perder essa oportunidade”. Ele destaca que, embora seja possível prever a aproximação dos objetos com antecedência, as condições de sua ‘visita’ são imprevisíveis.
A solução foi o projeto Neural-Rendezvous, que permite que uma nave espacial use IA para “pensar” rapidamente ao se aproximar dos objetos interestelares. De acordo com o Space.com, funcionaria como um cérebro humano, capaz de tomar uma decisão enquanto realiza a ação.
O objeto interestelar ‘Oumuamua (Crédito: ESO/M. Kornmesser)
Em que pé está o projeto?
Tsukamoto quer projetar o ‘cérebro’ e provar que ele funciona com segurança;
Para chegar nesse objetivo, dois membros da equipe, os graduandos Arna Bhardwaj e Shishir Bhatta, tiveram a ideia de implementar o sistema em várias naves ao mesmo tempo. A intenção é maximizar a coleta de informações sobre os objetos interestelares e potencializar a atuação do sistema;
A dupla colocou esse conceito à prova usando simuladores multi-espaçonave M-STAR e pequenos drones chamados Crazyflies, que funcionaram como uma espécie de enxame de naves trabalhando em conjunto;
Os avanços foram descritos em um artigo, mas, por enquanto, o Neural-Rendezvous ainda é um “conceito teórico“. O primeiro teste foi uma tentativa de “torná-lo mais útil e prático”.
Um vídeo no YouTube descreveu como o sistema funcionaria:
Um estudo publicado nesta quinta-feira (03) na revista Geophysical Research Letters descreveu pela primeira vez um fenômeno curioso em Júpiter: um vento solar de 2017 comprimiu a bolha protetora do planeta, aumentando (e muito) a temperatura por lá.
Além disso, os pesquisadores apontam que esse evento pode atingir Júpiter mais vezes do que o esperado, de duas a três vezes por mês.
O trabalho também ajudou a entender a influência do Sol nas atmosferas dos planetas do nosso sistema solar.
Pesquisa mostrou que vento solar que atingiu o planeta teve influências na atmosfera (Imagem: Geophysical Research Letters/Reprodução)
Vento solar comprimiu a bolha protetora de Júpiter
Cientistas da Universidade de Reading descobriram que um evento solar de 2017 atingiu Júpiter e comprimiu sua magnetosfera. Trata-se de uma região comum em planetas magnetizados, que funciona como uma bolha protetora contra a radiação solar e partículas cósmicas.
As observações foram feitas a partir do telescópio terrestre Keck e de dados da nave espacial Juno, da NASA, que permitiram uma modelagem do vento solar. Ele teria ‘esmagado’ a magnetosfera pouco antes do início das observações.
Segundo o Dr. James O’Donoghue, autor principal da pesquisa, a resposta de Júpiter a esse evento nunca havia sido estudada. A análise revelou que o vento solar intensificou o aquecimento auroral nos polos do planeta, fazendo com que a atmosfera se expandisse e derramasse gás quente em direção ao centro. O resultado foi um aumento na temperatura da magnetosfera para mais de 500ºC (normalmente, as camadas atmosféricas mais altas por lá medem cerca de 250ºC).
O vento solar esmagou o escudo magnético de Júpiter como uma bola de squash gigante. Isso criou uma região superaquecida que abrange metade do planeta. O diâmetro de Júpiter é 11 vezes maior que o da Terra, o que significa que essa região aquecida é enorme.
Dr. James O’Donoghue, autor principal
Ainda, segundo o líder do estudo, essa é a primeira vez que um fenômeno assim é visto em qualquer mundo.
Trabalho combinou observações do telescópio Keck e da nave Juno (Imagem: Geophysical Research Letters/Reprodução)
O que isso nos diz sobre Júpiter?
O’Donoghue explicou que Júpiter serve como um laboratório do Sistema Solar. Através dele, é possível estudar e compreender os efeitos do Sol em outros planetas, e entender as consequências das tempestades solares na atmosfera e nas invenções humanas, como redes de energia, comunicações e GPS.
Além disso, os efeitos foram inesperados:
A equipe pensava que a rápida rotação de Júpiter confinaria o aquecimento auroral às regiões polares. A pesquisa mostrou que não, já que o vento solar causou o aumento da temperatura em outras regiões;
Isso indica que as atmosferas dos planetas do nosso sistema solar estão mais vulneráveis às influências do Sol do que sabíamos anteriormente;
O professor Mathew Owens, coautor da pesquisa, explicou que essas descobertas ajudam a entender os sistemas de previsão e podem ajudar a proteger a Terra do clima espacial perigoso.
Quantos planetas possui o Sistema Solar? Bem, se você está atualizado, provavelmente respondeu oito. Mas sabia que desde o século 19 é especulada a existência de um “Planeta 9”? (e não estamos falando do rebaixado Plutão). Agora, um estudo comandado por um brasileiro colocou mais lenha na fogueira e trouxe novos indícios desse astro.
A existência do Planeta 9 começou a ser hipotetizada após a descoberta de Netuno em 1846. Isso, pois características como a direção das órbitas de objetos no Sistema Solar externo, distâncias perihélicas maiores do que o normal e a existência de objetos com elevadas inclinações indicavam a presença de um novo astro.
Essa busca resultou na descoberta de Plutão, mas mais de um século depois foi visto que o Planta não tinha a mesma característica de seus vizinhos, o que fez ele perder seu status.
Mas se Plutão não é esse planeta, poderia existir outro? Após a correção da classificação do nosso anão favorito as buscas se intensificaram, levando a estudos modernos sobre o tema. O mais provável hoje é que, caso ele seja real, esteja situado para além do Cinturão de Kuiper — um vasto disco de objetos espaciais, como asteroides, cometas e planetas anões — em uma região mais externa, fria e escura do Sistema Solar.
Toda essa distância tornaria sua detecção difícil, o que pode explicar a falta de evidências de sua existência.
Estudo de brasileiro indica existência do “Planeta 9”
A pesquisa feita por pesquisadores da Unesp em parceria com cientistas dos EUA e da França analisou a influência do eventual “Planeta 9” na formação e na trajetória de cometas que já foram observados no Sistema Solar.
De acordo com a Universidade, no estudo, publicado na revista científica Icarus, “o grupo relata o resultado de uma simulação de um modelo do sistema Solar contendo um nono planeta. O experimento permitiu monitorar a evolução da nossa vizinhança espacial ao longo de um período equivalente a bilhões de anos”.
Os resultados revelaram que a existência do “Planeta 9” afetaria a formação de duas áreas do sistema solar que abrigam reservatórios de cometas: a área expandida do cinturão de Kuiper e a Nuvem de Oort.
A hipótese moderna mais aceita da existência do astro é de 2016, liderada pelo astrônomo Michael Brown, e considera que Netuno não teria força suficiente para exercer influência gravitacional sozinho contra seis objetos transnetunianos classificados como os mais distantes já registrados no Sistema Solar.
Regiões onde o Planeta 9 ainda não foi procurado (Imagem: Reprodução/Michael E. Brown et al.)
“A ideia é que esse planeta forneceria uma força gravitacional forte o suficiente para alinhar esses objetos”, diz Rafael Ribeiro de Sousa, pesquisador da Faculdade de Engenharia e Ciências da Unesp, campus de Guaratinguetá, à Unesp.
Mas como esses objetos estão muito distantes do Sul e possuem uma órbita extremamente longa, de 10 mil anos, identificar um planeta ali é bem desafiador. “O que os seis objetos transnetunianos indicam é que é preciso descobrir mais objetos assim, para conseguir uma precisão maior da órbita e do local do Planeta 9”, completa Sousa.
“A dificuldade de encontrar objetos distantes no Sistema Solar se deve, basicamente, à distância. Eles precisam ser refletidos, ou seja, a luz do Sol precisa incidir nesses objetos para que apresentem um brilho que possibilite sua observação”, disse ainda o pesquisador.
Como o estudo sobre o novo planeta foi feito
Para contornar isso, o estudo simulou a formação do Sistema Solar e sua evolução contando com a existência do planeta, com o objetivo de entender se essa evolução comportaria o astro.
O experimento simulou a história dos últimos 4,5 bilhões de anos do Sistema Solar, com o Planeta 9 incluído no modelo. O foco estava na formação das regiões do Cinturão de Kuiper e da Nuvem de Oort.
Concepção artística do suposto nono planeta do Sistema Solar. Créditos: Caltech/R. Hurt
Os resultados mostraram que a introdução de um hipotético Planeta 9 resultava na formação de ambas estruturas. Mas, a simulação também resultava no surgimento de uma segunda nuvem, na região expandida do Cinturão de Kuiper.
“Descobrimos que houve um match, uma coincidência. Nossas simulações foram consistentes com as observações das órbitas dos cometas”, disse o pesquisador.
Os próximos passos agora são aprimorar a simulação para abarcar os cometas de longo período e entender a relação entre a origem deles, a Nuvem de Oort e o “Planta 9”.
Os cometas sempre fascinaram a humanidade com suas caudas brilhantes e trajetórias imprevisíveis. Mas por trás da beleza que vemos no céu, há muitos fatos científicos que revelam a importância desses corpos celestes para a compreensão do nosso Sistema Solar. Confira abaixo 10 curiosidades sobre os cometas que você provavelmente não sabia.
1. Cometas orbitam o Sol, assim como os planetas
Cometa cometa C/2023 A3 (Tsuchinshan-ATLAS) fotografado em Vega de San Mateo, nas Ilhas Canárias (Espanha). Crédito: Frank A. Rodriguez via Spaceweather.com
Embora muitas vezes pareçam surgir do nada, os cometas estão presos à gravidade do Sol, assim como todos os planetas do Sistema Solar. Eles seguem trajetórias bem definidas, ainda que bastante excêntricas e inclinadas. Quando se aproximam do Sol, tornam-se visíveis a olho nu, o que dá a impressão de que são imprevisíveis, mas seus movimentos podem ser calculados com precisão.
2. Eles são compostos por gelo, poeira e detritos rochosos
Os cometas são verdadeiros “fósseis gelados” do Sistema Solar. Compostos por uma mistura de gelo, poeira e fragmentos rochosos, eles carregam em seu interior materiais primitivos formados há cerca de 4,5 bilhões de anos. Esses elementos são vestígios da nuvem que deu origem ao Sol e aos planetas, funcionando como cápsulas do tempo cósmicas.
3. Cometas vêm de regiões distantes como a Nuvem de Oort e o Cinturão de Kuiper
O distante Cinturão de Kuiper (além da órbita de Netuno) e a aonda mais distante Nuvem de Oort, são as regiões longínquas do Sistema Solar de onde tem origem os Cometas – Créditos: NASA
A maioria dos cometas tem origem em duas regiões extremas do Sistema Solar: a Nuvem de Oort e o Cinturão de Kuiper. A primeira fica muito além da órbita de Plutão, numa região quase intergaláctica. Já o Cinturão de Kuiper é mais próximo e é o lar de milhares de corpos gelados. Ambos os locais abrigam objetos remanescentes da formação do Sistema Solar, que ocasionalmente são empurrados em direção ao Sol por forças gravitacionais.
Cometa C/2024 G3 (ATLAS) no periélio Órbita e localização do cometa C/2024 G3 (linha branca e ponto) em relação ao resto do Sistema Solar interno em 13 de janeiro de 2025, quando o cometa está próximo do periélio. Imagem: NASA / JPL-Caltech
Ao contrário dos planetas, que têm órbitas quase circulares, os cometas seguem órbitas altamente elípticas. Isso significa que eles passam por períodos muito distantes do Sol, onde permanecem inativos e escuros, e outros em que se aproximam da estrela, ganhando brilho e desenvolvendo suas características caudas. Essa variação de distância influencia diretamente sua aparência e atividade.
Os cometas são classificados de acordo com o tempo que levam para completar uma órbita em torno do Sol. Cometas de curto período completam esse ciclo em até 20 anos, como o famoso Halley. Já os de longo período podem levar centenas ou milhares de anos para retornar, como o cometa Hale-Bopp. Existe ainda uma categoria intermediária chamada de cometas do tipo Halley, com períodos entre 20 e 200 anos.
6. Cada cometa tem três partes principais
Ao todo, dez cometas já foram vistos no Cinturão de Asteroides. Créditos: Marko Aliaksandr/Shutterstock
Um cometa é formado por três componentes principais: o núcleo, a coma e as caudas. O núcleo é o centro sólido, feito de gelo e rochas. A coma é uma nuvem de gás e poeira que envolve o núcleo quando ele aquece ao se aproximar do Sol. As caudas, sim, no plural, se formam quando partículas da coma são empurradas pelo vento solar, criando um rastro espetacular que pode se estender por milhões de quilômetros.
7. A cauda do cometa pode brilhar de diferentes formas
Representação artísticas das moléculas orgânicas encontradas no núcleo do foguete Hale-Bopp, que podem ter se formado nos estágios iniciais do Sistema Solar. Crédito: Eric R. Willis, Drew A. Christianson e Robin T. Garrod
A cauda de um cometa pode brilhar de duas maneiras distintas. A primeira é por reflexão da luz solar sobre a poeira expelida pelo núcleo. A segunda ocorre quando o gás da coma interage com a radiação do Sol, criando uma cauda azulada chamada de cauda iônica, composta por moléculas excitadas. Algumas caudas também emitem luz amarelada por causa de átomos de sódio neutros.
8. O tamanho dos cometas varia muito
Superlua e cometa podem ser vistos no céu esta noite (imagem meramente ilustrativa, já que, na verdade, os dois objetos estarão em lados opostos). Créditos: Smh.shuvo – Shutterstock. Edição: Olhar Digital
Os cometas podem ter tamanhos bem diferentes. Alguns possuem núcleos com menos de um quilômetro de diâmetro, enquanto outros, como o cometa Chiron, chegam a medir até 300 quilômetros. No entanto, cometas gigantes como esse não costumam se aproximar do interior do Sistema Solar. Em geral, os cometas visíveis da Terra têm entre 1 e 10 quilômetros de diâmetro.
9. Cometas podem colidir com a Terra
Cometa C/2024 S1 (ATLAS) em seu mergulho fatal no Sol. Crédito: SOHO
Embora seja raro, existe a possibilidade de um cometa colidir com a Terra. Por isso, cientistas monitoram constantemente a trajetória desses corpos celestes. Conhecer a estrutura, a composição e o comportamento dos cometas é fundamental para desenvolver planos de defesa planetária, caso um deles entre em rota de colisão com nosso planeta.
10. Ainda sabemos pouco sobre o interior dos cometas
A missão Rosetta foi lançada há 10 anos rumo ao cometa 67P/Churyumov-Gerasimenko. Crédito: ESA/Rosetta
Mesmo com os avanços da ciência, ainda há muito mistério em torno da estrutura interna dos cometas. Sabemos que sua superfície é escura e por vezes irregular, mas não se sabe ao certo se existe uma crosta sólida, camadas internas ou um núcleo poroso. Missões espaciais como a Deep Impact ajudam a desvendar essas questões, revelando como esses corpos se formaram e como evoluem com o tempo.