As tarifas impostas pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, em produtos importados continuam abalando a economia mundial. Dessa vez, as Bolsas de Valores da Europa e da Ásia iniciaram a semana com quedas expressivas.
Alemanha, Inglaterra e França, na Europa, tiveram quedas que chegaram a 10%. Já na Ásia, China, Hong Kong e Taiwan tiveram perdas entre 8% e 13%.
Investidores estão preocupados com uma possível recessão global (Imagem: Who is Danny/Shutterstock)
Os resultados das Bolsas da Valores mostram o temor dos investidores com uma potencial elevação da inflação no mundo todo, além de uma recessão global. O preço de commodities, como petróleo e cobre, também começou a semana derretendo. A grande preocupação é com a desaceleração do crescimento econômico global.
Para piorar a situação dos Estados Unidos com a China, a venda do TikTok em território norte-americano pode ter sido barrada pelo governo chinês – justamente em resposta às tarifas.
As tarifas comerciais anunciadas pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, já estão causando impactos importantes em praticamente todos os setores da economia. E não é diferente em relação aos chips semicondutores.
As ações das principais fabricantes dos produtores estão despencando desta a última sexta-feira (4). Além do risco de recessão, os investidores temem que as medidas da Casa Branca possam encarecer os produtos, fundamentais para o avanço da inteligência artificial, por exemplo.
Ações de empresas do setor estão despencando
Após o anúncio das tarifas, as ações da Taiwan Semiconductor Manufacturing Company (TSMC), maior fabricante global de chips, caíram quase 10%. O mesmo resultado foi registrado pela japonesa Tokyo Electron, também um importante player do setor.
Já os ativos da sul-coreana de chips de memória SK Hynix, uma das fornecedoras da Nvidia, tiveram uma desvalorização de 9,6%. A holandesa ASML Holding e a ASM International tiveram quedas de 4% e a alemã Infineon Technologies caiu quase 6%.
Tarifaço de Trump já causou perdas milionárias para o setor de chips (Imagem: Anna Moneymaker/Shutterstock)
A STMicroelectronics, que fornece produtos para Apple, Samsung Electronics e Tesla, teve desvalorização de mais de 3%. Enquanto isso, nos EUA, as ações da Nvidia caíram 2% no pré-mercado, e as da Intel tiveram prejuízo de 2,6%.
Os investidores acreditam que as tarifas possam levar a preços mais altos para chips, impactando na demanda pelos produtos caso estes maiores custos sejam repassados aos clientes. Em último caso, este cenário poderia representar um baque também para o setor de IA. As informações são do The Wall Street Journal.
EUA querem impedir acesso da China aos semicondutores (Imagem: Quality Stock Arts/Shutterstock)
Disputa pela hegemonia tecnológica mundial
Além de fomentar a produção nacional de chips e o desenvolvimento da inteligência artificial, o governo dos Estados Unidos tenta impedir o acesso da China aos produtos.
Pequim foi impedida não apenas de importar os chips mais avançados, mas também de adquirir os insumos para desenvolver seus próprios semicondutores e supercomputadores avançados, e até mesmo dos componentes, tecnologia e software de origem americana que poderiam ser usados para produzir equipamentos de fabricação de semicondutores para, eventualmente, construir suas próprias fábricas para fabricar seus próprios chips.
Além disso, cidadãos norte-americanos não podem mais se envolver em qualquer atividade que apoie a produção de semicondutores avançados na China, seja mantendo ou reparando equipamentos em uma fábrica chinesa, oferecendo consultoria ou mesmo autorizando entregas a um fabricante chinês de semicondutores.
Por fim, a Casa Branca anunciou recentemente novas regras com o objetivo de impedir que Pequim tenha acesso aos produtos por meio de países terceiros.
As Bolsas de Valores da Europa e da Ásia iniciaram esta segunda-feira (7) com quedas expressivas. Segundo analistas, isso ainda é reflexo das tarifas comerciais anunciadas pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump.
As perdas das últimas horas seguem as quedas globais já registradas na semana passada. Os resultados indicam o temor dos investidores com uma potencial elevação da inflação no mundo todo, além de uma recessão global.
Mercados estão “derretendo”
Logo após a abertura das operações, o índice Dax na Alemanha caiu quase 10%, enquanto o FTSE 100 em Londres teve uma redução de quase 6%. Já o índice Cac 40 da França está registrando queda de 7%. Os índices futuros Dow Jones, dos EUA, também caíram acentuadamente, o que sugere uma queda importante quando o mercado norte-americano abrir.
Prejuízos podem ser trilionários (Imagem: baldamunda/Shutterstock)
Na Ásia, todos os setores tiveram queda. Na China, o Shanghai Composite caiu mais de 8%, enquanto em Hong Kong o Hang Seng despencou 13%, o pior resultado em 28 anos. Já o Taiex, em Taiwan, teve queda de -9,7%. Todos estes mercados estavam fechados na sexta-feira (04) por causa de feriados locais.
Resultados negativos também foram registrados no STI, em Singapura, com -7,5%, no Nikkei 225, do Japão, -6,5%, no Kospi, Coreia do Sul, -5,2%, no Nifty 50, na Índia, -4,0%, no ASX 200, na Austrália, -3,8%, e no Sensex, na Índia, -3,7%.
Donald Trump anunciou as novas tarifas comerciais na semana passada (Imagem: Chip Somodevilla/Shutterstock)
Tarifas podem desacelerar crescimento econômico global
Os preços das commodities, como petróleo e cobre, também começaram a semana derretendo.
A demanda por estes produtos tende a aumentar quando a economia global está indo bem, uma vez que eles são necessários para fornecer energia e representam componentes-chave para muitas indústrias.
O problema é que as tarifas de Trump podem desacelerar o crescimento econômico global.
Por isso, o preço do petróleo bruto já caiu cerca de 15% nos últimos dias.
Já o cobre teve redução de 6% no início do pregão.
A montadora de carros de luxo Jaguar Land Rover anunciou hoje, 05, que vai suspender a importação para os Estados Unidos. A medida é baseada pelo ‘Tarifaço Trump’: uma política internacional de tarifas, instituída pela Casa Branca na última quarta-feira.
As tarifas do presidente Donald Trump taxam as importações dos outros países em pelo menos 10%, o que impacta o mercado global.
Com esta nova taxa, a Jaguar Land Rover, cuja sede está localizada no Reino Unido, informou que “dará uma pausa” nas remessas enviadas à nação norte-americana. Essa pausa entra em vigor agora em abril e ainda não tem data oficial para terminar.
Para quem tem pressa:
A Jaguar Land Rover, uma montadora britânica de carros de luxo, anunciou hoje que irá suspender a importação de carros para os Estados Unidos;
A decisão está baseada na tarifa imposta pelo governo de Donald Trump, atual presidente dos EUA;
Diante da taxa de 25% sobre os itens importadas, a companhia está reavaliando como pretende lidar com a taxação e, por isso, pausou o envio de veículos para a nação americana neste mês de Abril.
Carro desenvolvido pela montadora Jaguar Land Rover (Imagem: Jaguar Land Rover / Divulgação)
Enquanto trabalhamos para abordar os novos termos comerciais com nossos parceiros de negócios, estamos tomando algumas medidas de curto prazo, incluindo uma pausa nas remessas em abril, enquanto desenvolvemos nossos planos de médio e longo prazo.
Disse a empresa em um comunicado por e-mail
Embora a tarifa mínima para várias nações internacionais seja de 10%, a JRL precisa lidar com uma taxa de 25% sobre os produtos enviados aos Estados Unidos. No todo, o ‘Tarifaço Trump’ atinge mais de 180 nações pelo mundo: a média de taxa é equivalente a 20% para a União Europeia, 34% para a China, 25% para Coreia do Sul, e 24% ao Japão.
Inicialmente, o discurso do presidente Donald Trump era de que sua política de taxas traria benefícios para os EUA. Agora, a fala é outra: ele pede que os americanos aguentem firme, o que reflete que, para além de uma montadora de luxo ter suspendido a importação para lá, os preços de produtos dentro do território estadunidense também não agradam à população.
Depoimento de Donald Trump em sua rede social Truth Social (Reprodução: @realDonaldTrump/Truth Social)
A JRL é uma das empresas britânicas com maiores volumes de venda de produtos do mercado. A companhia vende, todos os anos, aproximadamente 400 mil modelos de Range Rover Sport e Defender.
A tarifa enfrentada por eles, que representa 25%, não afeta apenas esta companhia: toda montadora de carro e caminhão leve, que faz importação para os EUA, é afetada igualmente pela mesma taxa.
A isenção de tarifas de Donald Trump para os semicondutores oferece um alívio temporário, mas a indústria enfrenta um impacto substancial devido às tarifas sobre eletrônicos, conforme relata o Wall Street Journal.
As importações diretas de chips dos EUA, que totalizaram US$ 82 bilhões no ano passado, estão isentas, mas a maioria dos chips é importada de forma indireta. Eles são produzidos e embalados no exterior, inseridos em eletrônicos enviados aos EUA e outros mercados, onde ficam sujeitos a tarifas de até 49%.
Isso significa que muitos chips feitos nos EUA acabam sendo enviados para países como Taiwan ou China para montagem final antes de serem reexportados.
Preços mais altos para muitos produtos que contêm chips ameaçam afetar a demanda – Imagem: deepadesigns / Shutterstock
Obstáculos para obter lucros
O impacto é significativo: os preços mais altos dos produtos tendem a reduzir a demanda por chips, resultando em menor crescimento e lucros para os fabricantes.
As ações de grandes empresas, como Apple e Dell, caíram substancialmente.
Além disso, as tarifas não incentivam os fabricantes a aumentar a produção nos EUA, pois os chips ainda precisam ser exportados e reimportados para montagem.
Empresas com forte presença nos EUA, como Texas Instruments e Analog Devices, também não ganham vantagem, já que seus concorrentes estrangeiros estão isentos das tarifas.
A indústria pode enfrentar cancelamentos de pedidos, antecipando queda na demanda devido aos preços elevados. Eletrônicos de consumo e servidores de inteligência artificial, como os da Nvidia, devem ser os mais impactados.
Embora as empresas ainda não tenham emitido alertas de lucros, a situação continua incerta. A indústria pode tentar negociar com o governo para reduzir as tarifas, mas, dada a postura de Trump, mais tarifas parecem prováveis, o que poderia agravar ainda mais a crise.
Semicondutores estão isentos das tarifas de Trump, mas outros produtos que são usados nos chips não estão (Imagem: Anna Moneymaker/Shutterstock)
O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, anunciou na quarta-feira (02) um pacote de tarifas para produtos importados. Diversos países já reagiram, provocando quedas nas bolsas de valores ao redor do mundo. Ainda pode ser cedo para entender quais serão as consequências do ‘tarifaço’ no país, mas um filme famoso da Sessão da Tarde pode dar uma dica.
Curtindo a Vida Adoidado se tornou um clássico do cinema americano – e da programação da TV brasileira. Em uma cena, um professor explica para os alunos a Lei Smoot–Hawley, que aumentou as tarifas de produtos na tentativa de arrecadar mais receita para o governo e estimular a economia.
O resultado? Piorou a Grande Depressão dos Estados Unidos.
Ferris Bueller’s Day Off (Curtindo a Vida Adoidado, no Brasil) pode te ajudar a entender a situação (Crédito: Paramount Pictures/Divulgação)
Rapidamente, internautas lembraram de uma cena do filme Curtindo a Vida Adoidado. O longa-metragem de 1986 mostra um dia na vida do protagonista Ferris Bueller, em que ele decide fugir da escola com a namorada e o melhor amigo para… curtir.
Antes de Ferris fugir da aula, o filme tem uma cena em que um professor está explicando a Lei Smoot-Hawley, da década de 1930. Os alunos parecem entediados e não interagem com as perguntas, mas ele segue em frente.
A lei pode ter relação com as tarifas de Trump. Conforme o professor explica, em 1930, a Câmara dos Representantes (então controlada pelos republicanos) aumentou as tarifas de produtos na tentativa de arrecadar mais receita para o governo federal e proteger a indústria americana. Isso aconteceu durante a Grande Depressão dos EUA, uma grave crise econômica no país, que seguiu a quebra da Bolsa de Valores em 1929.
O resultado?
Não funcionou e os Estados Unidos afundaram ainda mais na Grande Depressão.
Big techs já perderam bilhões em valor de mercado (Imagem: Ascannio/Shutterstock)
O que a lei de 1930 tem a ver com as tarifas de Trump?
Ao anunciar as tarifas, Trump destacou que seria uma “independência econômica” dos Estados Unidos em relação aos outros países. Ele deixou claro que não se trata de uma retaliação internacional, mas uma tentativa de priorizar a indústria estadunidense e tornar os produtos nacionais mais competitivos dentro do país.
A expectativa é que, com as novas taxas, empresas que produzem fora dos EUA (como as big techs) transfiram sua cadeia produtiva para lá. Na prática, pode ser que isso não aconteça e, na verdade, os produtos aumentem de preço – como pode ser o caso do iPhone.
De acordo com o g1, especialistas argumentaram que levará anos para que as tarifas tenham o efeito desejado por Trump. A curto prazo, é mais provável que os preços aumentem, outros países aumentem tarifas em resposta e a economia americana entre em crise.
Na época, parceiros comerciais dos EUA também adotaram tarifas recíprocas, afetando o comércio internacional.
A própria Lei Smoot-Hawley descrita no filme não atingiu os objetivos. O site de história americana do Departamento de Estado dos EUA escreve que a medida “não fez nada para promover a cooperação entre as nações, seja no âmbito econômico ou político, durante uma era perigosa nas relações internacionais”.
Recessão à vista? (Imagem: Chip Somodevilla/Shutterstock)
Tarifas de Trump podem atrapalhar o governo
A curto prazo, além de complicar a economia, as tarifas de Trump podem afetar outro grande objetivo do governo federal: expandir a infraestrutura de data centers, essencial para o desenvolvimento de inteligência artificial;
No início do ano, o presidente havia anunciado o projeto Stargate, que prevê investimento de US$ 500 bilhões para construção de 20 data centers no país;
A intenção é se manter na liderança da corrida de IA;
Analistas já observam que, com as tarifas, as empresas do setor de tecnologia (como a própria OpenAI, envolvida no projeto) terão que mudar suas prioridades e podem deixar a expansão prevista por Trump de lado.
Desde que assumiu o comando da Casa Branca, o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, anunciou tarifas contra todos os países do mundo. Um dos mais afetados, sem dúvidas, é a China. A taxação total imposta aos produtos chineses importados totaliza 54%.
Um cenário que pode prejudicar a economia global como um todo, mas que também pode servir como uma moeda de troca para um outro assunto que envolve diretamente as duas principais potencias mundiais: a venda do TikTok.
Chineses se negam a negociar
O prazo estabelecido para resolução do impasse envolvendo a rede social nos EUA acaba neste sábado, dia 5 de abril. A plataforma precisa passar para o controle de donos norte-americanos até esta data para continuar operando no país.
Trump apresentou uma nova sugestão para convencer os chineses a negociar a rede social (Imagem: Chip Somodevilla/Shutterstock)
Diversas empresas norte-americanas já demonstraram interesse em comprar a plataforma. O entrave, entretanto, está do lado chinês: o governo da China e a ByteDance, dona da ferramenta, se recusam a aceitar qualquer tipo de proposta.
Neste cenário, o trunfo de Trump pode ser a sua política de tarifaço. O republicano afirmou que aceitaria aliviar as sanções impostas contra os chineses em troca da venda do TikTok. A rede social não se manifestou sobre a declaração até o momento. As informações são da Reuters.
Futuro do TikTok nos EUA será definido nas próximas horas (Imagem: Ascannio/Shutterstock)
Rede social chegou a ser retirada do ar
O prazo inicial para que o TikTok evitasse o banimento da rede social nos EUA acabou em 19 de janeiro.
A justiça do país, então, determinou a interrupção das operações, medida que foi revertida por decreto do presidente Donald Trump, que deu mais 75 dias de prazo para resolver a situação.
O principal impasse é em relação ao uso feito dos dados coletados pela plataforma, que seriam enviados para o governo da China, representando um risco para a segurança nacional norte-americana.
Por isso, o TikTok está sendo pressionado para vender as operações para um dono dos EUA, o que não aconteceu até agora.
A empresa chinesa e o governo do país asiático contestam as alegações e acusam os norte-americanos de ferirem os princípios da concorrência justa.
As tarifas anunciadas por Donald Trump terão impactos profundos na indústria de tecnologia, afetando países como China, Europa, Vietnã, Índia e Coreia do Sul, como mostra uma matéria da WIRED.
Especialistas alertam que essas medidas podem resultar em aumento de preços, inflação e até recessão nos EUA, com uma probabilidade de 35% de uma recessão nos próximos 12 meses, segundo o banco Goldman Sachs.
Após o anúncio, as ações de grandes empresas como Meta, Nvidia, Apple e Amazon caíram significativamente. A Apple, que depende de fabricação na China e na Índia, e a Amazon, que depende de fornecedores chineses, sentirão os efeitos das novas tarifas.
Com isenção das taxas para semicontudores, empresas como a Nvidia se beneficiaram – Imagem: Chung-Hao Lee / Shutterstock
Tarifas impactam diferentes setores
Embora algumas tarifas sejam baixas, outras, como as impostas à China e Vietnã, variam de 26% a 49%.
No entanto, Trump isentou os semicondutores de tarifas, beneficiando empresas como a Nvidia.
A maior mudança, porém, é a eliminação da isenção de impostos para pacotes de menos de US$ 800 enviados da China e Hong Kong, que ajudou plataformas como Shein, Temu e eBay a oferecer produtos com preços mais baixos.
Essa medida afeta diretamente o comércio eletrônico nos EUA, especialmente para plataformas como Amazon.
Apesar disso, algumas empresas, como a Palantir e a Nuvocargo, podem se beneficiar da demanda por serviços logísticos devido às novas tarifas. Especialistas em logística, por outro lado, alertam para o caos causado pelas mudanças frequentes nas tarifas.
A WIRED ouviu de Nick Vyas, diretor da Institute na Marshall School of Business da USC, a sugestão de uma abordagem estratégica de longo prazo, focando na construção de infraestrutura e manufatura avançada nos EUA para reduzir a dependência de países como a China.
Apesar dessa ideia, Vyas reconhece que, no curto prazo, as tarifas resultarão em aumento de custos para os consumidores.
Tarifas de Trump aumentam a chance de uma recessão nos EUA, com especialistas alertando para mudanças profundas no comércio global (Imagem: Evan El-Amin/Shutterstock)
Em um movimento que promete movimentar o cenário do comércio internacional, o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, anunciou nesta quarta-feira (2) a implementação de tarifas recíprocas sobre uma vasta gama de produtos importados.
A medida, detalhada em um pronunciamento na Casa Branca, estabelece uma taxa mínima de 10% sobre todas as importações, com percentuais variados aplicados a diferentes nações. O Brasil, por exemplo, será taxado em 10% sobre todas as importações.
No entanto, o anúncio também trouxe um alívio para alguns setores específicos, com isenções importantes para produtos como aço, alumínio e automóveis.
As mudanças nas tarifas de importação dos EUA
A decisão de Trump de isentar aço, alumínio e automóveis das novas tarifas recíprocas foi recebida com atenção, dado que esses produtos já haviam sido alvo de taxas anteriores, também fixadas em 25%.
A Casa Branca confirmou que as taxas existentes para esses itens permanecerão em vigor, mas não serão acrescidas pelas novas tarifas anunciadas.
Essa medida busca evitar um aumento ainda maior nos custos para setores que já enfrentam o impacto das tarifas anteriores.
Além dos setores automotivo e de metais, a nova ordem de Trump delineia uma série de outras isenções.
Produtos como cobre, produtos farmacêuticos, semicondutores e madeira foram incluídos na lista de isenções, assim como energia e minerais especiais não disponíveis nos Estados Unidos.
Barras de ouro e prata também foram explicitamente isentas, juntamente com outros artigos incluídos na Seção 232 e artigos incluídos na regulação 50 USC 1702(b), que abrange doações, itens pessoais de viagem e produtos de conteúdo informativo, como livros e filmes.
Ordem de Trump especifica que as tarifas permanecerão em vigor por tempo indeterminado. (Imagem: Chip Somodevilla/Shutterstock)
Um ponto notável do anúncio foi a exclusão de México e Canadá das novas tarifas. Trump determinou que os percentuais previamente anunciados em janeiro serão mantidos e posteriormente revisados para esses dois países.
Adicionalmente, as isenções concedidas com base no tratado USMCA (Acordo Estados Unidos-México-Canadá) serão mantidas, reforçando os laços comerciais com os vizinhos da América do Norte.
A implementação das novas tarifas está programada para ocorrer em duas fases: no sábado, 5 de abril, as tarifas de 10% entrarão em vigor, enquanto os países com taxas superiores a esse percentual começarão a ser taxados a partir da quarta-feira seguinte, dia 9 de abril. A ordem de Trump especifica que as tarifas permanecerão em vigor por tempo indeterminado, a menos que sejam explicitamente revogadas.
O anúncio provocou reações diversas em todo o mundo. Embora alguns setores industriais tenham recebido as isenções com alívio, a medida também gerou preocupações sobre o potencial impacto nas relações comerciais internacionais e na economia global.
A União Europeia (UE) prepara-se para anunciar um conjunto de medidas em resposta à imposição de tarifas pelo governo Trump. O anúncio detalhará uma estratégia que visa atingir setores cruciais da economia americana, incluindo gigantes da tecnologia e o setor financeiro.
A decisão de responder às tarifas americanas surge após o anúncio do ex-presidente Donald Trump de sobretaxas de 20% sobre todos os produtos importados da UE. A medida, que Trump classificou como um “Dia da Libertação”, colocou o bloco europeu em alerta, exigindo uma resposta.
A estratégia de retaliação da UE
A UE, que inicialmente esperava tarifas ainda mais elevadas, de até 25%, agora busca equilibrar a necessidade de retaliar para evitar uma escalada prejudicial nas tensões comerciais.
No centro da estratégia de retaliação da UE está a Lei de Mercados Digitais (DMA), uma legislação inovadora que visa regular o poder de mercado das grandes empresas de tecnologia.
A DMA oferece à UE a capacidade de impor multas substanciais a empresas como Apple e Meta, caso sejam consideradas em violação das regras de concorrência.
A utilização da DMA como ferramenta de retaliação sinaliza uma mudança na abordagem da UE, que busca utilizar seu poder regulatório para proteger seus interesses econômicos.
Estratégia de retaliação da UE envolve a Lei de Mercados Digitais (DMA), que visa regular o poder de mercado das grandes empresas de tecnologia. (Imagem: shutterstock/Yavdat)
Além do setor tecnológico, a UE também considera medidas que podem afetar o setor financeiro americano. Restrições à atuação de bancos dos EUA na Europa, a exclusão de empresas americanas de licitações para contratos governamentais europeus e a limitação de direitos de propriedade intelectual estão entre as opções em análise.
Apesar da variedade de opções de retaliação, a UE enfrenta o desafio de alcançar um consenso entre seus 27 membros. As diferentes prioridades dos países do bloco europeu exigem um equilíbrio, especialmente em relação a setores como o vinícola, que enfrenta ameaças de tarifas elevadas, e a atração de multinacionais americanas, que representam investimentos significativos.