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Quais são os tipos de depressão? Entenda as diferenças e sintomas

Os estudos divulgados pelo Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais (DSM) classificam os transtornos depressivos como um conjunto de condições cuja característica central é a presença de humor deprimido, vazio ou irritável.

A pessoa é afetada significativamente por fadiga constante, dores no corpo, dificuldade de concentração e perda de memória ou esquecimento frequente. O que diferencia os diversos tipos de depressão são: a duração, momento do aparecimento e causa presumida.

Veja a seguir os principais tipos de transtornos depressivos classificados neste estudo.

Quais os tipos de depressão?

Transtorno disruptivo da desregulação do humor (TDDH)

O transtorno disruptivo da desregulação do humor é um transtorno mental infantil caracterizado por explosões de raiva intensa verbais ou comportamentais, humor irritável ou zangado persistente entre as explosões, presente na maior parte do dia. Afeta crianças entre 6 e 12 anos, com início dos sintomas antes dos 10.

As crises devem ocorrer por pelo menos 12 meses e em diferentes ambientes, como casa e escola. Estima-se que o transtorno esteja presente entre 2% a 5% em crianças e adolescentes, com taxas elevadas em meninos em idade escolar.

O TDDH é uma forma atípica de expressão depressiva em crianças e aumenta o risco do desenvolvimento de depressão maior e transtornos de ansiedade na adolescência e na vida adulta. O diagnóstico busca evitar a confusão com transtorno bipolar na infância.

Transtorno Disruptivo da Desregulação do Humor tem taxa elevada em meninos em fase escolar (Reprodução: Freepik/Freepik).

Transtorno depressivo maior (TDM)

O transtorno depressivo maior é uma doença mental grave caracterizada por humor deprimido e/ou perda de prazer, persistindo por pelo menos duas semanas. Inclui sintomas como alterações no sono, apetite, energia, dificuldade para pensar, se concentrar ou tomar decisões, além de dificuldades para cuidar de si e do externo e também de sentimentos de inutilidade ou pensamentos suicidas. Essas condições não podem ser atribuídas a substâncias, outras doenças ou transtorno bipolar.

Os sintomas devem causar prejuízo funcional, quando o transtorno mental impede a pessoa de viver sua vida normalmente, impactando negativamente em áreas importantes como: profissional, acadêmico e pessoal. Algumas pessoas se queixam de dores corporais em vez de relatar sentimentos de tristeza.

Experiências adversas na infância, particularmente quando existem múltiplas experiências de tipos diversos, constituem um conjunto de fatores de risco potenciais para transtorno depressivo maior. Eventos estressantes na vida são bem reconhecidos como precipitantes de episódios depressivos maiores.

Transtorno depressivo persistente (distimia)

O transtorno depressivo persistente (TDP), também chamado de distimia, é uma forma crônica de depressão que dura pelo menos dois anos em adultos (ou um em crianças e adolescentes), durante esse período, a pessoa não fica sem os sintomas por mais de dois meses.

Seus sinais se equivalem aos de depressão maior como fadiga, baixa autoestima, alterações no sono, apetite e sentimentos de desesperança.

O início costuma ser precoce, antes dos 21 anos, e pode incluir episódios de depressão maior ao longo do tempo. Está associado a maior risco de transtornos de ansiedade, uso de substâncias e transtornos de personalidade, especialmente borderline. Mesmo leve, seu impacto no funcionamento diário pode ser tão ou mais prejudicial que a depressão maior.

A diferença entre o transtorno depressivo persistente e a depressão maior é a duração e a intensidade. O transtorno depressivo persistente dura pelo menos 2 anos em adultos, com sintomas mais brandos, enquanto a depressão maior é marcada por episódios intensos com intervalos de pelo menos 2 meses. E ambos não podem ser associadas a nenhum transtorno, substâncias ou outras doenças.

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Transtorno Depressivo Persistente duram pelo menos 2 anos em adultos (Reprodução: Freepik/Freepik)

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Transtorno disfórico pré-menstrual (TDPM)

O transtorno disfórico pré-menstrual (TDPM) vai muito além da TPM comum, sendo uma condição que provoca sintomas intensos de humor, ansiedade e físicos na semana anterior à menstruação. Caracterizado por irritabilidade acentuada, tristeza profunda ou ansiedade extrema, o TDPM causa sofrimento significativo e interfere na vida diária.

Além do impacto emocional, a mulher pode sentir mudanças no comportamento (como isolamento social e dificuldade de concentração) e sintomas físicos (como inchaço e dores). Esses sinais atrapalham o dia a dia da mulher, sendo na escola, trabalho ou nas relações pessoais. 

Enquanto a TPM é um conjunto de sintomas que incomodam, mas manejáveis, o TDPM apresenta sintomas muito mais intensos e debilitantes, principalmente emocionais (irritabilidade, tristeza e ansiedade extremas), que chegam a prejudicar significativamente a vida social, profissional e pessoal da mulher.

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O transtorno disfórico pré-menstrual prejudica a vida social, profissional e pessoal da mulher (Reprodução: Freepik/Freepik)

Transtorno depressivo induzido por substância ou medicamento

Um transtorno depressivo induzido por substância ou medicamento ocorre quando sintomas de depressão surgem diretamente devido ao uso ou à abstinência de uma substância (drogas, álcool, remédios).

O diagnóstico exige que a depressão comece durante ou logo após o contato com a substância e não seja explicada por outro quadro depressivo. É crucial identificar a substância causadora, pois muitos medicamentos comuns podem desencadear esses sintomas, impactando a saúde mental do indivíduo.

Transtorno depressivo devido a outra condição médica

O transtorno depressivo devido a outra condição médica é uma depressão cujos sintomas (humor deprimido e perda de interesse, por exemplo) são causados diretamente por uma doença física, como hipotireoidismo ou Parkinson, e não por fatores psicológicos. É crucial que a depressão não seja explicada por outro transtorno.

Sintomas comuns da depressão, como alterações de apetite ou sono, fadiga, dificuldade de concentração, baixa autoestima e, em casos graves, pensamentos suicidas surgem como uma consequência fisiológica direta da condição médica.

Outro transtorno depressivo especificado

O outro transtorno depressivo especificado é um diagnóstico usado quando a pessoa apresenta sintomas de depressão que são clinicamente significativos e causam prejuízos, mas não se encaixam completamente em nenhum dos transtornos depressivos tradicionais (como depressão maior ou distimia).

São classificados em depressão breve recorrente (2 a 13 dias por mês, por 12 meses), episódio depressivo de curta duração (4 a 13 dias) e episódio depressivo com sintomas insuficientes (apenas 1 sintoma além do humor deprimido por ao menos 2 semanas). Não há histórico de transtorno bipolar, psicótico ou transtorno depressivo maior completo.

Transtorno depressivo não especificado

O transtorno depressivo não especificado é um diagnóstico dado quando há sintomas depressivos evidentes, como tristeza persistente, perda de interesse, alterações no sono ou apetite, mas esses sintomas não preenchem todos os critérios necessários para os transtornos depressivos formais (como depressão maior, distimia etc.).

Esse diagnóstico reconhece que a pessoa precisa de atenção clínica, mesmo sem se encaixar em uma categoria exata.

Em caso de suspeita de um transtorno, procure um psicólogo e, posteriormente, um psiquiatra. As informações desse artigo não podem ser utilizadas para diagnosticar qualquer problema de saúde. Depressão é uma doença muito séria e precisa ser tratada e acompanhada por profissionais adequados.

Essa matéria é meramente informativa e não pode ser utilizada como fonte de diagnóstico para qualquer distúrbio psicológico. Todas informações utilizadas foram retiradas da 5ª edição do DSM.

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O que a Ritalina faz no cérebro? Entenda os efeitos do remédio mais conhecido para TDAH

A Ritalina, nome comercial do metilfenidato, é um medicamento amplamente utilizado no tratamento do Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade (TDAH) e da narcolepsia.

Seu uso é comum para melhorar a concentração, reduzir a impulsividade e controlar sintomas de hiperatividade, permitindo que pacientes tenham um melhor desempenho em suas atividades diárias.

Mas como exatamente essa substância age no organismo? Quais mudanças ela provoca no cérebro humano? Entenda a seguir.

O que é e para que serve a Ritalina?

A Ritalina é um medicamento de tarja preta, o que significa que seu uso requer não apenas receita médica, mas também a retenção dessa receita pela farmácia. Além disso, a tarja preta indica que o remédio deve ser utilizado segundo orientações médicas para evitar dependência psíquica.

Blocos com as iniciais do Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade (Reprodução: Phalexaviles/Shutterstock)

Ele é indicado exclusivamente para pessoas diagnosticadas com TDAH ou narcolepsia, e o tratamento deve ser acompanhado de perto por um profissional de saúde, geralmente por psiquiatras. A automedicação, especialmente com psicotrópicos, pode causar danos severos ao organismo.

A pediatra Maria Aparecida Affonso Moysés, em entrevista ao portal Unicamp (Universidade Estadual de Campinas), alerta para a crescente prescrição da Ritalina em crianças e adolescentes sem uma avaliação criteriosa.

De acordo com ela, muitos diagnósticos de TDAH são feitos sem a devida investigação, e a medicação acaba sendo usada como solução rápida para dificuldades escolares e comportamentais. 

No Brasil, o consumo do medicamento tem aumentado exponencialmente, colocando o país como o segundo maior consumidor mundial, atrás apenas dos Estados Unidos.

Sobre o uso indiscriminado da Ritalina

O uso indiscriminado da Ritalina, ou seja, sem supervisão e acompanhamento médico, coloca o paciente em uma situação de risco. Isso porque, como qualquer fármaco, a Ritalina possui tanto efeitos colaterais como certas consequências devido ao uso prolongado.

Pai e filho pintando e desenhando juntos
Pai e filho pintando e desenhando juntos (Reprodução: Alex and Maria photo/Shutterstock)

Quando um médico prescreve um remédio, estima-se que uma investigação (e uma bateria de exames) foi realizada para entender se a substância era a correta para o seu caso.

Isso porque, embora você detenha sintomas que possam ser tratados por determinado fármaco, nem sempre essa mesma substância deve ser prescrita a você, seja porque você é alérgico a algum dos componentes da fórmula ou porque tem alguma condição pré-existente de saúde que impossibilita o uso da medicação.

Desta forma, o uso indiscriminado de qualquer substância (nesse caso, da Ritalina) o coloca em uma zona de perigo porque você não sabe o que pode acontecer com seu corpo durante o uso, porque não passou por uma avaliação médica ou porque não seguiu as orientações médicas adequadamente.

Além disso, há outros casos, como aqueles apontados por Maria Aparecida Affonso Moysés, médica pediatra, que critica como a Ritalina, muitas vezes, é prescrita de forma errônea para crianças que não precisam. Ou seja, em vez de o médico realizar um diagnóstico correto na criança, acaba prescrevendo o remédio para silenciar um comportamento típico, por exemplo, de uma mente mais criativa.

Nisso, todos acabam recebendo o medicamento: quem precisa e quem não precisa. E essa medicalização excessiva de comportamentos infantis é um dos fatores que coloca o Brasil como um dos países que mais utilizam a Ritalina no mundo.

Dentre alguns dos riscos que envolvem o uso da Ritalina, estão a dependência psíquica, insônia, e problemas no coração. Vamos detalhar mais a seguir.

Quais mudanças a Ritalina faz no cérebro e no corpo humano?

A Ritalina atua aumentando a disponibilidade de dopamina e noradrenalina no cérebro, neurotransmissores essenciais para a atenção e a regulação do comportamento.

Cérebro humano sobrecarregado
Cérebro humano sobrecarregado (Reprodução: SOLDATOOFF/Shutterstock)

Seu mecanismo de ação inclui:

Ativação do córtex pré-frontal

O medicamento eleva a atividade dopaminérgica e noradrenérgica nessa região, essencial para funções executivas como atenção, planejamento e controle de impulsos. Isso melhora a concentração e a memória de trabalho, especialmente em pacientes com TDAH.

Modulação do sistema límbico

No hipocampo e na amígdala, áreas associadas à memória e às emoções, o aumento da dopamina pode melhorar a regulação emocional. No entanto, o uso prolongado pode elevar o risco de ansiedade e alterar o sistema de recompensa.

Alterações na neurotransmissão

  • Dopamina: a Ritalina bloqueia os transportadores de recaptação, prolongando sua ação sináptica. Isso influencia na motivação, prazer e cognição;
  • Noradrenalina: aumenta o estado de alerta e a vigília, podendo causar efeitos secundários como insônia.

Riscos neuroadaptativos

O uso crônico pode induzir tolerância (necessidade de doses maiores), afetar o ritmo circadiano e prejudicar o sono e a saúde mental. Por isso, o monitoramento contínuo do tratamento é essencial.

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Efeitos colaterais do uso da Ritalina

A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) classifica a Ritalina como substância de controle especial, exigindo acompanhamento médico rigoroso. O uso do medicamento pode causar efeitos colaterais, variando em intensidade. 

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Homem com grande desgaste mental (Reprodução: pathdoc/Shutterstock)

Os mais comuns incluem diminuição do apetite, insônia, dor de cabeça, boca seca, náusea, nervosismo e aumento da pressão arterial. Em casos raros, pode desencadear reações graves, como batimentos cardíacos acelerados, dor no peito, alucinações, convulsões, movimentos involuntários, ideação suicida e angioedema. 

Para um uso seguro, é essencial acompanhamento médico, especialmente para quem tem histórico de doenças cardíacas ou transtornos psiquiátricos.

Fontes consultadas incluem artigos científicos (Brazilian Journal of Implantology and Health Sciences e Unifal- MG), bulas farmacêuticas, diretrizes de instituições como a Novartis e o Hospital Alemão Oswaldo Cruz.

Quem pode tomar Ritalina?

Apenas pacientes diagnosticados com TDAH ou narcolepsia, sob prescrição e acompanhamento médico.

Precisa de receita para tomar Ritalina?

Sim, a Ritalina é um medicamento tarja preta e só pode ser adquirida com receita médica controlada e retenção da via original pela farmácia.

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Afastamentos por saúde mental dobraram nos últimos 10 anos

O número de afastamentos do trabalho por saúde mental dobrou na última década, segundo dados concedidos pelo Ministério da Previdência Social ao g1. Só em 2024, foram registradas 472.328 licenças médicas relacionadas a transtornos mentais – recorde histórico que resultou em um aumento de 68% em relação ao ano de 2023.

Entenda:

  • Em 2024, foram registrados 472.328 afastamentos do trabalho por saúde mental;
  • Comparado a 2023, o aumento de casos foi de 68%;
  • Em 2014, o número de afastamentos por transtornos mentais foi de 221.721 – ou seja, os casos mais que duplicaram em 2024;
  • Ansiedade e depressão foram os transtornos que mais causaram afastamentos no ano passado;
  • Mulheres lideraram com 301.348 licenças médicas, e os homens somaram 170.980;
  • São Paulo, Minas Gerais e Rio de Janeiro foram os estados com maior número de afastamentos por saúde mental.
Número de afastamentos por saúde mental mais que duplicou na última década. (Imagem: pathdoc/Shutterstock)

Com 221.721 afastamentos registrados em 2014, o número de casos no ano passado mais que duplicou. Além disso, em 2024, as mulheres lideraram com 301.348 licenças médicas, enquanto os homens somaram 170.980 afastamentos. A idade média foi de 41 anos para os dois perfis.

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Ansiedade e depressão lideram afastamentos por saúde mental

Em 2024, ansiedade e depressão foram os transtornos que mais causaram afastamento do trabalho por saúde mental. Quadros como transtorno bipolar e estresse também aparecem no ranking:

  • Ansiedade: 141.414 casos;
  • Depressão: 113.604 casos;
  • Depressão recorrente: 52.627 casos;
  • Transtorno bipolar: 51.314 casos;
  • Vício em drogas: 21.498 casos;
  • Estresse grave e transtornos de adaptação: 20.873 casos;
  • Esquizofrenia: 14.778 casos;
  • Alcoolismo: 11.470 casos;
  • Vício em cocaína: 6.873 casos.
Mulher tampando o rosto com as mãos em meio a uma população
Ansiedade liderou ranking de afastamentos por transtornos mentais em 2024. (Imagem: Tero Vesalainen/Shutterstock)

De 2014 a 2020, os casos de depressão lideraram o ranking. A partir de 2021, porém, a ansiedade passou a ser o principal transtorno por trás dos afastamentos. Para se ter uma ideia, há dez anos, os afastamentos por ansiedade somavam 32 mil. O aumento em comparação com o ano passado foi de mais de 400%, enquanto os casos de depressão quase dobraram (59.268 em 2014).

Quanto aos estados com mais casos de afastamento por saúde mental, São Paulo lidera com 125.141 registros. Em segundo lugar está Minas Gerais, com 65.420 casos em 2024. O Rio de Janeiro vem logo em seguida, com 31.660 afastamentos. Os estados com maior proporção de afastamentos em relação à população, entretanto, foram Distrito Federal, Santa Catarina e Rio Grande do Sul.

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