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Como era Tutancâmon vivo? Veja a reconstituição do rosto do faraó

A tumba de Tutancâmon foi descoberta intacta há mais de 100 anos, tornando-se uma das mais importantes descobertas da arqueologia moderna. No entanto, apesar do excelente estado de conservação, a múmia do antigo faraó não permitia identificar com precisão como era seu rosto em vida. Isso mudou há alguns anos, graças a uma reconstituição.

A primeira vez que o corpo de Tutancâmon passou por um escaneamento digital foi em 2005, quando a múmia foi removida de seu sarcófago e reproduzida por meio de 1.700 imagens geradas por tomografia computadorizada.

Quase dez anos depois, em 2014, o radiologista egípcio Ashraf Selim, da Universidade do Cairo, liderou um projeto em parceria com o British Museum de Londres e a emissora de TV BBC. A equipe analisou duas mil imagens radiológicas do corpo e realizou uma pesquisa genética envolvendo cinco gerações de sua família. Com esses dados, foi possível reconstruir o corpo e o rosto de Tutancâmon em uma representação 3D.

Reconstruções faciais de Tutancâmon desde 2005. Imagem: Arqueologia Egípcia

O que a reconstituição 3D de Tutancâmon revelou?

De acordo com a reprodução obtida a partir da necropsia virtual, o faraó tinha um crânio alongado, queixo retraído e dentes protuberantes. Os cientistas também identificaram uma lesão na perna do rei — uma fratura um pouco acima do menisco.

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Ainda segundo a análise de Selim, os dedos do pé esquerdo de Tutancâmon, curvados para dentro, pressionavam seu tornozelo contra o chão, agravando a lesão na perna. Outro detalhe curioso é que seu pênis foi embalsamado em um ângulo de 90 graus, como se estivesse ereto.

O processo também permitiu descartar uma antiga teoria de que ele teria sido assassinado com um golpe na cabeça — uma crença que surgiu devido a uma lesão craniana encontrada anteriormente.

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Reconstrução 3D do corpo do faraó. Imagem: BBC Divulgação

A vida e o legado de Tutancâmon

Tutancâmon foi um jovem faraó que governou o Egito Antigo durante a XVIII dinastia, entre aproximadamente 1332 a.C. e 1323 a.C. Ele é lembrado por sua ascensão precoce ao trono, assumindo o poder aos nove anos de idade. Assim como sua subida ao poder, sua morte também foi prematura e ainda é motivo de debate. Teorias recentes sugerem que uma fratura na perna, combinada com malária, pode ter contribuído para seu falecimento.

Durante seu reinado, houve a restauração dos antigos cultos e práticas religiosas, que haviam sido alterados por seu antecessor e pai, Akhenaton. Isso incluiu o retorno do culto a Amon-Rá, um dos deuses mais importantes do panteão egípcio.

Múmia Tutancâmon com máscara funerária

O período de Tutancâmon também foi marcado pela continuidade das tradições artísticas e arquitetônicas do Egito Antigo. Embora seu governo não tenha sido marcado por grandes construções, diversas obras de arte foram produzidas, muitas das quais hoje estão expostas em museus ao redor do mundo.

Após sua morte, ele foi sucedido por um de seus aliados mais próximos, que já exercia grande parte das funções governamentais devido à pouca idade do faraó. A história do Egito Antigo ainda tem muitas lacunas, e a descoberta da tumba de Tutancâmon ajudou — e continua ajudando — a preencher algumas delas.

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Faraó Tutancâmon pode ter passado por ritual da imortalidade

O faraó Tutancâmon pode ter sido o primeiro a passar pelo rito funerário do deus Osíris em busca da imortalidade, aponta um estudo do The Journal of Egyptian Archaeology. Alguns objetos encontrados na tumba do jovem rei sugerem uma conexão com um antigo ritual egípcio para trazer seu corpo mumificado de volta à vida no reino espiritual.

Entenda:

  • Um antigo ritual egípcio de vida após a morte pode ter sido criado pelo faraó Tutancâmon;
  • Um novo estudo sugere que o ritual de imortalidade relacionado a Osíris, deus egípcio do submundo, foi realizado pela primeira vez no corpo mumificado do jovem faraó;
  • Alguns objetos encontrados em sua tumba sugerem a conexão com o rito funerário de Osíris;
  • Até então, os registros mais antigos da celebração datavam de décadas após a morte de Tutancâmon, e os artefatos encontrados em sua tumba não haviam sido relacionados ao ritual.
Artefatos na tumba de Tutancâmon sugerem que o faraó criou ritual de imortalidade. (Imagem: Brita Seifert/Shutterstock)

Considerado uma das divindades mais importantes da mitologia egípcia, Osíris era o deus dos mortos e do submundo, responsável pelo julgamento final dos humanos na passagem para o além. Morto pelo irmão, Seth, e trazido de volta à vida com a ajuda da esposa, Ísis, Osíris representava a imortalidade e inspirou a criação de mitos e rituais de vida após a morte.

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Ritual egípcio de vida após a morte pode ter começado com Tutancâmon

No estudo publicado há cerca de um mês, o autor Nicholas Brown destaca que quatro cajados de madeira foram encontrados no interior da tumba de Tutancâmon. Os objetos, explica Brown, podem estar relacionados a um antigo ritual voltado à ressurreição de um faraó na forma de Osíris.

Até então, os primeiros registros do ritual datavam de algumas décadas após a morte de Tutancâmon – e, por isso, os cajados encontrados em sua tumba não haviam sido relacionados à cerimônia. Para Brown, entretanto, a evidência indica que o rito foi criado especificamente para o jovem faraó.

Tutancâmon pode ter ligação com ritual de imortalidade do deus Osíris. (Imagem: hemro/Shutterstock)

Em seu reinado, Aquenáton – pai de Tutancâmon – criou uma nova religião monoteísta, desafiando a crença nas antigas divindades egípcias. O reinado de Tutancâmon, porém, não só trouxe o politeísmo de volta, mas ainda “incluiu a restauração de crenças mais tradicionais da vida após a morte e ritos e rituais funerários reais”, escreve Brown no estudo.

“É provável que um dos vários rituais funerários representados na Câmara Mortuária de Tutancâmon seja o rito do Despertar de Osíris, e a disposição dos objetos dentro da câmara seja uma representação física dessa cerimônia, destinada a ser realizada eternamente para o rei falecido a fim de garantir sua vida na vida após a morte”, conclui o autor.

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