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Via Láctea pode ter destino totalmente diferente do que a ciência acreditava

Um dos fatos mais conhecidos sobre a Via Láctea é que ela está em rota de colisão com sua vizinha mais próxima, a galáxia Andrômeda. De acordo com um estudo publicado no ano passado, esse choque deve reconfigurar todo o Sistema Solar.

Mas, será que essa fusão galáctica realmente vai acontecer? Segundo uma pesquisa publicada nesta segunda-feira (2) na revista Nature Astronomy , a colisão entre a Via Láctea e a galáxia Andrômeda pode não ser tão certa quanto se pensava. 

Acreditava-se que as duas galáxias, que estão se aproximando lentamente, acabariam se chocando e se fundindo em cerca de cinco bilhões de anos. Essa fusão daria origem a uma nova galáxia, apelidada de “Milkomeda”. No entanto, os novos dados mostram que essa previsão pode ter sido precipitada.

Três cenários possíveis para o futuro encontro entre a Via Láctea e Andrômeda. Imagem de destaque: uma separação de 100 mil anos-luz leva a uma colisão. No canto inferior esquerdo: a 500 mil anos-luz, a matéria escura fornece atrito que leva as galáxias a um encontro próximo. No canto inferior direito: as galáxias se desviam a um milhão de anos-luz de separação. Crédito: NASA / ESA

Destino da Via Láctea está no “cara ou coroa”

Cientistas agora afirmam que há apenas 50% de chance de que a Via Láctea e Andrômeda se fundam nos próximos 10 bilhões de anos. Ou seja, as possibilidades estão divididas como em um cara ou coroa. “Foi surpreendente descobrir que a fusão é tão incerta”, disse Til Sawala, pesquisador da Universidade de Helsinque, na Finlândia, e autor principal do estudo, ao site Space.com

Para chegar a essa conclusão, os pesquisadores criaram simulações do movimento da Via Láctea nos próximos 10 bilhões de anos. Eles usaram dados mais precisos vindos da missão Gaia, conduzida pela Agência Espacial Europeia (ESA), e do Telescópio Espacial Hubble (parceria ESA/NASA). Essas simulações também consideraram o efeito de galáxias menores ao redor da nossa, que podem influenciar sua trajetória por causa da gravidade.

Uma das principais novidades do estudo foi incluir a Grande Nuvem de Magalhães, a maior galáxia satélite da Via Láctea. Esse corpo celeste exerce uma força considerável e pode alterar o caminho da nossa galáxia. Estudos anteriores não haviam levado esse fator em conta, o que torna essa pesquisa mais completa e atualizada.

Representação artística da colisão entre a Via Láctea e a Grande Nuvem de Magalhães prevista para daqui a cerca de 2,4 bilhões de anos. Créditos: NASA, ESA, Z. Levay e R. van der Marel (STScI), T. Hallas e A. Mellinger

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O modelo criado pelos cientistas apresentou vários cenários possíveis. Em menos de 2% dos casos, haveria uma colisão frontal direta entre a Via Láctea e Andrômeda. Na maioria das vezes, as duas passariam uma pela outra primeiro, perdendo energia até, talvez, se fundirem no futuro. Mas se não se aproximarem o suficiente – a menos de 500 mil anos-luz – é possível que jamais se unam.

Caso as órbitas se alinhem e a gravidade entre elas se torne forte o bastante, a fusão pode acontecer naturalmente. Mas também é quase igualmente provável que ambas sigam caminhos separados, continuando a evoluir de forma independente no Universo. Isso mudaria completamente o destino que os cientistas imaginavam.

Por outro lado, a fusão da Via Láctea com a Grande Nuvem de Magalhães parece inevitável. O estudo indica que esse encontro deve acontecer em até 2,4 bilhões de anos. Os pesquisadores agora esperam por novos dados dos telescópios Gaia e Hubble para entender melhor o futuro cósmico da nossa galáxia.

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Cientistas encontram “mini galáxia” que não deveria existir

Escondido na constelação da Ursa Maior, um punhado de estrelas quase invisível pode estar prestes a reescrever os mapas do cosmos. UMa3/U1, localizado a “apenas” 30 mil anos-luz da Terra, é tão fraco que passou despercebido até agora. Mas o que ele é, exatamente, ainda intriga os astrônomos. Será a menor galáxia já encontrada, sustentada por matéria escura? Ou um aglomerado estelar à beira do colapso que tivemos a sorte de flagrar no momento exato antes de sua extinção?

Com apenas cerca de 60 estrelas e praticamente nenhuma luz para guiá-lo, UMa3/U1 desafia as definições clássicas do que é uma galáxia. Sua estrutura frágil, do tamanho de um bairro interestelar, parece contrariar as forças brutais da Via Láctea, que deveriam ter despedaçado o grupo há bilhões de anos.

As estrelas de UMa3/U1 são muito antigas, com mais de dez bilhões de anos, e se movem juntas em velocidades semelhantes, indicando que fazem parte de um sistema estável. Simulações recentes sugerem que, se for mesmo um aglomerado estelar, ele pode sobreviver por mais dois a três bilhões de anos antes de ser destruído pela gravidade da Via Láctea. As informações são do site IFLScience.

Um pequeno grupo de estrelas perdido na vasta imensidão do universo (Imagem: Alexandru Canpan/Shutterstock)

E se for uma galáxia?

  • Se UMa3/U1 for realmente uma galáxia, ela seria a menor já descoberta até hoje;
  • Para se manter estável com tão poucas estrelas, provavelmente dependeria de uma grande quantidade de matéria escura, que funcionaria como uma “cola” gravitacional;
  • Nesse caso, a massa estaria concentrada no centro do sistema, diferente de um aglomerado estelar, onde a massa fica distribuída de forma mais uniforme;
  • Essa concentração central é um dos sinais que os cientistas procuram para diferenciar galáxias de aglomerados.

Estudos recentes usaram a chamada “função de massa” para analisar a distribuição do sistema. Os resultados indicam que UMa3/U1 se encaixa melhor como um aglomerado de estrelas, mas a dúvida ainda não foi totalmente descartada.

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O que vem a seguir?

Embora ainda não haja uma resposta definitiva, a equipe liderada por Simon Smith, estudante da Universidade de Victoria (Austrália), e Marla Geha, professora da Universidade Yale (EUA), acredita que UMa3/U1 é mais, provavelmente, um aglomerado estelar do que a menor galáxia já encontrada.

Para confirmar isso, eles recomendam que futuras observações coletem dados fotométricos mais detalhados, chegando até a magnitude aparente 25.

A galáxia/aglomeração de estrelas está localizada na constelação de Ursa Maior (Imagem: Savvapanf Photo/Shutterstock)

Com grandes levantamentos astronômicos a caminho, como os realizados pelo Observatório Vera C. Rubin e outros projetos internacionais, espera-se descobrir muitos outros satélites fracos da Via Láctea na próxima década. Essas novas descobertas poderão usar testes de função de massa para, finalmente, revelar a verdadeira natureza de objetos como UMa3/U1.

O estudo que traz essas conclusões foi publicado na revista Monthly Notices of the Royal Astronomical e promete ajudar a avançar nossos modelos cosmológicos, trazendo mais clareza sobre os menores e mais misteriosos habitantes do nosso Universo.

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Cientistas descobrem o que provocou a fratura em formato de cobra na Via Láctea

No centro da Via Láctea existe algo que intriga os cientistas há anos: uma fratura em um formato de cobra. Agora, astrônomos acreditam ter descoberto o que provocou essa fratura com incríveis 230 anos-luz de extensão.

Segundo pesquisadores, um pulsar – uma estrela de nêutrons em rápida rotação – teria colidido com o filamento em alta velocidade.

A descoberta, divulgada recentemente pela NASA e publicada na revista Monthly Notices of the Royal Astronomical Society, combina dados do observatório espacial Chandra, do radiotelescópio sul-africano MeerKAT e do Very Large Array, nos Estados Unidos.

Estrelas de nêutrons são minúsculas e extremamente quentes (Imagem: NASA Goddard/YouTube)

Colisão provocou mais do que fratura na Via Láctea

  • Oficialmente chamada de G359.13142-0.20005, essa estrutura é uma das mais longas e brilhantes da região central da Via Láctea.
  • Imagens de raio-x indicam que um pulsar, remanescente de uma supernova, teria atravessado o filamento a mais de 1 milhão de km/h, provocando a rachadura.
  • Além da fratura visível, os cientistas notaram alterações no sinal de rádio e no campo magnético local, efeitos possivelmente causados pela passagem do pulsar.

O que são os filamentos da Via Láctea, e por que esse é especial?

Filamentos como a “cobra” são estruturas gigantescas e brilhantes visíveis em ondas de rádio, localizadas ao redor do centro da galáxia. Elas são formadas por partículas que se movem por meio de campos magnéticos paralelos, criando padrões luminosos.

A Via Láctea brilhando acima do Telescópio Víctor M. Blanco de 4 metros (que foi usado na descoberta da galáxia) no CTIO - CTIO/NOIRLab/NSF/AURA/D. Munizaga
A Via Láctea brilhando acima do Telescópio Víctor M. Blanco de 4 metros (que foi usado na descoberta da galáxia Aquarius III). Crédito: CTIO/NOIRLab/NSF/AURA/D. Munizaga

Apesar de existirem dezenas dessas formações, ainda não se sabe ao certo por que algumas são mais longas ou mais brilhantes que outras.

“A cobra” chamou atenção por seu comprimento e intensidade, além de exibir uma fratura notável que intrigava os cientistas.

Ao sobrepor dados dos observatórios Chandra, MeerKAT e VLA, os astrônomos perceberam que bem no local da quebra havia uma fonte de emissão intensa: um pulsar extremamente veloz.

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“Essa descoberta mostra como até mesmo uma estrela morta pode sacudir a estrutura da galáxia”, afirmou a equipe da NASA em comunicado.

Como o pulsar causou o impacto

Segundo o site Mashable, estrelas de nêutrons como essa se formam após explosões de supernova e são conhecidas por seus campos magnéticos intensos e altíssima densidade.

Conceito artístico de um pulsar no Universo, elaborado com Inteligência Artificial. Crédito: Flavia Correia via DALL-E/Olhar Digital

O pulsar em questão gira rapidamente, emitindo radiação como um farol cósmico. A colisão teria distorcido o campo magnético da “cobra” e criado um rastro de partículas aceleradas, como elétrons e pósitrons, que também seriam responsáveis pela emissão extra de raios-x na região.

Os cientistas estimam que esse pulsar esteja se deslocando entre 1 milhão e 2 milhões de milhas por hora. Mesmo após a explosão que o originou, ele continua provocando efeitos notáveis nas estruturas ao seu redor – como no caso desse filamento galáctico.

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Túmulos no Egito revelam representação visual mais antiga da Via Láctea

Combinando astronomia com egiptologia, o astrofísico Or Graur, da Universidade de Portsmouth, na Inglaterra, investigou como o Egito antigo via a Via Láctea. Ele acredita ter encontrado a mais antiga representação visual da galáxia em imagens da deusa Nut, figura central da mitologia egípcia. 

Publicada na revista Journal of Astronomical History and Heritage, a descoberta conecta ciência moderna com crenças antigas para decifrar como o céu era retratado há milênios.

Nut é conhecida como a deusa do céu e aparece em muitos caixões e tumbas do Egito. Ela costuma ser mostrada como uma mulher arqueada, com o corpo cheio de estrelas, cobrindo o céu e protegendo a Terra abaixo. Segundo a mitologia, Nut engole o Sol ao anoitecer e o dá à luz novamente ao amanhecer, simbolizando o ciclo do dia. Era assim que os egípcios entendiam o funcionamento do Universo.

A deusa do céu, Nut, coberta de estrelas, erguida por seu pai, Shu, e arqueada sobre Geb, seu irmão, o deus da Terra. À esquerda, o Sol nascente (o deus com cabeça de falcão Re) sobe pelas pernas de Nut. À direita, o Sol poente navega por seus braços em direção aos braços estendidos de Osíris, que regenerará o Sol no submundo durante a noite. Crédito: EA Wallis Budge, Os Deuses dos Egípcios, Vol. 2 (Methuen & Co., 1904).

Pesquisador analisou mais de 500 túmulos milenares

Graur analisou 125 imagens de Nut em 555 sepulturas, algumas com quase cinco mil anos. Em uma delas, do caixão de Nesitaudjatakhet, cantora do deus Amon-Rá, algo chamou atenção: uma curva preta ondulada atravessando o corpo da deusa, do pé até as mãos. Estrelas aparecem tanto acima quanto abaixo dessa linha, como se ela dividisse o céu em duas partes. 

Para o cientista, essa curva pode ser uma representação da Grande Fenda – uma faixa escura de poeira que corta o brilho da Via Láctea quando observada da Terra. Segundo ele, a comparação entre essa pintura e uma foto real da galáxia mostra uma semelhança impressionante.

Imagens parecidas aparecem em outras quatro tumbas, inclusive no túmulo do faraó Ramsés VI. No teto de sua câmara funerária, Nut é desenhada duas vezes, separada por curvas onduladas douradas que atravessam suas costas. Essas formas não são comuns nas outras representações da deusa, o que reforça a ideia de que indicam algo especial – talvez a própria galáxia no céu noturno.

Nut, a deusa egípcia do céu, e figuras humanas representando estrelas e constelações do mapa estelar encontrado na tumba de Ramsés VI. Crédito: Hans Bernhard, GFDL-CC-BY-SA

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Imagens da Via Láctea mostram relação entre religião e astronomia no Egito Antigo

Graur faz uma distinção importante: para ele, Nut não é a Via Láctea em si, mas o céu como um todo. Elementos como o Sol, as estrelas e a própria galáxia são usados para decorar e ilustrar seu papel no universo. Em outras palavras, a Via Láctea ajuda a mostrar a grandeza da deusa, mas não a define.

Em um estudo anterior, publicado em 2024, Graur já havia comparado textos antigos – como os Textos das Pirâmides, os Textos dos Caixões e o Livro de Nut – com simulações modernas do céu do Egito. Ele sugeriu que, no inverno, a Via Láctea poderia marcar os braços de Nut, enquanto no verão, ela destacava sua espinha dorsal. Isso reforçava a ideia de Nut como o próprio céu.

As novas imagens analisadas agora acrescentam uma dimensão visual a essas ideias. Elas mostram que a arte egípcia pode ter sido uma forma de observar e registrar o cosmos, com símbolos que representam fenômenos reais. Segundo Graur, os desenhos pintam, literalmente, um novo quadro da relação entre religião e astronomia no Egito Antigo.

O interesse do cientista por Nut surgiu durante uma visita ao museu com suas filhas pequenas. “Elas ficaram encantadas com a figura da deusa arqueada e pediram para ouvir histórias sobre ela”, disse Graur em um comunicado. Essa curiosidade infantil acabou levando a uma pesquisa que une mitologia, ciência e imaginação através dos milênios.

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Sistema Solar pode ser arrastado por colisão entre galáxias

Faz apenas um século que a humanidade descobriu que o Universo vai além da Via Láctea. Isso aconteceu quando o astrônomo Edwin Hubble observou uma estrela especial e percebeu que ela estava muito mais distante do que qualquer objeto dentro da nossa galáxia. Com isso, ele identificou Andrômeda e entendeu que existiam muitas outras galáxias no cosmos.

Desde então, os cientistas vêm estudando o Universo com telescópios mais avançados. Hoje, sabemos que há bilhões de galáxias espalhadas pelo espaço. A mais próxima da nossa é Andrômeda – e ela está vindo em nossa direção. Segundo a NASA, ela pode colidir com a Via Láctea em cerca de quatro bilhões de anos.

Apesar de parecer um desastre, essa colisão não será como um impacto entre dois objetos sólidos. Galáxias são compostas principalmente por espaço vazio, então as estrelas quase não se chocam. O resultado será a fusão das duas galáxias em uma nova, com forma elíptica. Uma espécie de “mistura” cósmica.

Sistema solar sobreviveria, mas mudaria de lugar

O Sistema Solar, que inclui a Terra, deve sobreviver a essa fusão. No entanto, ele pode ser arrastado para outra parte do Universo. As posições das estrelas vão mudar com a colisão, e o Sol pode terminar em um ponto bem diferente do atual. Mesmo assim, não há risco direto para a vida no planeta.

É o que diz um estudo feito por cientistas usando dados dos telescópios espaciais Hubble e Gaia para simular esse encontro. Eles também consideraram a massa e o movimento das principais galáxias do chamado Grupo Local. O objetivo foi entender como essas galáxias vão evoluir nos próximos 10 bilhões de anos. E os resultados surpreenderam.

Representação artística da Via Láctea e Andrômeda se fundindo. Crédito: NASA; AEE; Z. Levay e R. van der Marel, STScI; T. Hallas; e A. Mellinger

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Disponível no servidor de pré-impressão arXiv, aguardando revisão por pares, o artigo indica que há muitas incertezas envolvidas. Fatores como a velocidade e o atrito entre as galáxias afetam o destino da Via Láctea. Esse atrito é uma força que desacelera as galáxias e ajuda na fusão. Mas, se ele for menor do que o esperado, a colisão pode não acontecer.

Segundo os pesquisadores, existe uma chance de 50% de que a Via Láctea e Andrômeda nunca se choquem. Tudo depende de detalhes ainda difíceis de medir com precisão. Por isso, os cientistas reforçam que novas observações serão essenciais para prever o futuro da nossa galáxia com mais segurança.

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Galáxias satélites de Andrômeda apontam para a nossa casa

Um artigo publicado este mês na revista Nature Astronomy relata uma descoberta inesperada sobre Andrômeda (ou Messier 31), a galáxia mais próxima da Via Láctea. Astrônomos perceberam que a maioria das pequenas galáxias ao redor dela está apontando em uma única direção: a nossa.

Essa organização incomum contraria o que os cientistas esperavam com base no modelo padrão da formação de galáxias, segundo o qual as grandes galáxias, como a Via Láctea e Andrômeda, crescem engolindo outras menores ao longo do tempo. Essas galáxias anãs seriam puxadas pela gravidade, com ajuda da misteriosa matéria escura, e acabariam se fundindo com a galáxia maior. E o esperado é que elas orbitem em todas as direções, de forma desordenada.

No entanto, observações anteriores já indicavam algo esquisito em Andrômeda. Várias de suas galáxias satélites orbitam de forma relativamente plana, como os planetas do nosso Sistema Solar. Isso já era difícil de explicar. Agora, o novo estudo mostra que elas não só estão organizadas, como também parecem “olhar” para a Via Láctea, nossa “casa” no Universo.

Imagem de Andrômeda obtida pelo telescópio espacial Galaxy Evolution Explorer (GALEX), da NASA. Crédito: NASA / JPL-Caltech

Configuração das galáxias satélites de Andrômeda é caso raro na cosmologia

Os pesquisadores analisaram 37 dessas galáxias satélites e descobriram que 80% delas estão reunidas em um hemisfério específico de Andrômeda – justamente o que está voltado para a nossa galáxia. Em modelos de simulação baseados nas leis conhecidas da cosmologia, isso acontece em menos de 0,3% dos casos.

Para os autores do estudo, esse padrão pode ser um desafio sério para o modelo padrão do Universo, conhecido como ΛCDM (Lambda-CDM). Essa teoria é a mais aceita para explicar a origem e o desenvolvimento do cosmos, levando em conta a expansão do Universo e a matéria escura.

Algumas das galáxias anãs que orbitam Andrômeda (M31). Crédito: NASA / ESA / DSS2 / Alessandro Savino (UC Berkeley) / Joseph DePasquale (STScI)

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A simulação de galáxias feita com base nesse modelo simplesmente não reproduz esse tipo de organização. Ou seja, se os dados estiverem corretos, Andrômeda e suas galáxias satélites estão se comportando de maneira que a teoria atual não consegue explicar. Isso levanta dúvidas sobre o que pode estar faltando em nosso entendimento.

Diante desses dados, os cientistas pedem cautela. Antes de questionar toda a teoria do Universo, é preciso considerar explicações mais simples. Por exemplo, pode haver erros nas medições de distância dessas galáxias mais fracas, ou Andrômeda pode ser uma exceção rara, com uma história incomum.

Diagrama esquemático do arranjo das galáxias anãs orbitando M31, mostrando que a maioria delas está do lado da galáxia que é voltado para a Via Láctea. Crédito: Kosuke Jamie Kanehisa/AIP

Em entrevista ao site Space.com, Kosuke Jamie Kanehisa, doutorando em astrofísica no Instituto Leibniz de Astrofísica de Potsdam (AIP), na Alemanha, e principal autor do estudo, sugere que essa estranha organização dos satélites pode estar ligada a um evento dramático ocorrido há bilhões de anos. “O fato de vermos os satélites da M31 nesta configuração instável hoje – o que é estranho, para dizer o mínimo – pode apontar para muitos terem caído recentemente, possivelmente relacionado à grande fusão que se acredita ter sido experimentada por Andrômeda cerca de dois a três bilhões de anos atrás”.

Para tirar conclusões mais sólidas, os astrônomos agora precisam observar com mais precisão as galáxias menores em torno de Andrômeda. Especialmente aquelas que são mais difíceis de detectar. Só assim será possível saber se estamos diante de uma exceção cósmica ou de uma falha no modelo que usamos para entender o Universo.

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Olhar Espacial recebe brasileiro que ajudou a descobrir nova galáxia satélite da Via Láctea

Uma galáxia minúscula e ultrafria foi detectada orbitando a Via Láctea pelo DELVE Survey, uma colaboração internacional para observar o Universo

Batizada de Aquarius III, essa nova vizinha cósmica pode conter apenas algumas centenas ou milhares de estrelas – um número modesto se comparado às grandes galáxias. A nossa Via Láctea, por exemplo, tem de 100 bilhões a 400 bilhões de estrelas, e a Grande Nuvem de Magalhães, algo entre 10 bilhões e 30 bilhões.

A pesquisa foi conduzida em duas etapas. Primeiro, os cientistas usaram imagens públicas capturadas pelo Telescópio Victor M. Blanco, no Chile. Graças ao longo tempo de exposição das fotos, o equipamento registrou áreas com alta densidade de luz, indicando aglomerados de estrelas que poderiam ser galáxias candidatas. Na segunda fase, técnicas de espectroscopia confirmaram que Aquarius III é, de fato, uma galáxia satélite ultrafria com baixa metalicidade, ou seja, poucos elementos químicos além de hidrogênio e hélio – características típicas de objetos antigos no Universo.

Essa descoberta, conforme noticiado pelo Olhar Digital, contou com a participação do astrônomo brasileiro Guilherme Limberg, graduado e doutorado pelo Instituto de Astronomia, Geofísica e Ciências Atmosféricas (IAG) da Universidade de São Paulo (USP), que atualmente é pesquisador de pós-doutorado no Instituto de Cosmologia Física da Universidade de Chicago, nos EUA.

O astrônomo Guilherme Limberg é o convidado desta sexta-feira (25) do Programa Olhar Espacial. Crédito: Arquivo Pessoal

Limberg é o convidado do Programa Olhar Espacial desta sexta-feira (25), para contar tudo sobre essa fascinante descoberta. 

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Como assistir ao Programa Olhar Espacial

Apresentado por Marcelo Zurita, presidente da Associação Paraibana de Astronomia – APA; membro da SAB – Sociedade Astronômica Brasileira; diretor técnico da Rede Brasileira de Observação de Meteoros – BRAMON e coordenador nacional do Asteroid Day Brasil, o programa é transmitido ao vivo, todas às sextas-feiras, às 21h (horário de Brasília), pelos canais oficiais do veículo no YouTubeFacebookInstagramX (antigo Twitter)LinkedIn e TikTok.

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Cientistas descobrem ‘galáxia irmã’ mais distante da Via Láctea

Uma análise de dados do Telescópio Espacial James Webb pode mudar o entendimento de que galáxias são pequenas, caóticas e de formato irregular. Cientistas internacionais liderados por uma equipe da Universidade de Genebra descobriram uma galáxia espiral formada apenas um bilhão de anos após o Big Bang.

Até então, acreditava-se que galáxias como a Via Láctea levariam trilhões de anos para se constituírem como tal. A descoberta publicada na Astronomy & Astrophysics oferece novos insights sobre como esses sistemas podem evoluir rapidamente no Universo primitivo.

Com seus braços espirais e grande disco de formação de estrelas, Zhúlóng se assemelha à Via Láctea (Imagem: Universidade de Genebra/Divulgação)

Sobre a descoberta

Os cientistas batizaram a galáxia de Zhúlóng, que significa “Dragão da Tocha” na mitologia chinesa. Apesar do estágio inicial, o sistema foi considerado “surpreendentemente maduro”, com uma protuberância central antiga, um grande disco de formação estelar e braços espirais.

“O que faz Zhúlóng se destacar é o quanto ele se assemelha à Via Láctea em forma, tamanho e massa estelar”, explica o Dr. Mengyuan Xiao, pesquisador de pós-doutorado no Departamento de Astronomia da Faculdade de Ciências da UNIGE e principal autor do estudo.

O disco da galáxia abrange mais de 60.000 anos-luz, comparável à nossa própria galáxia, e contém mais de 100 bilhões de massas solares em estrelas. Isso levanta questões sobre como galáxias espirais massivas e bem ordenadas puderam se formar tão logo após o Big Bang.

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Descoberta foi feita após análise de imagens capturadas pelo James Webb (Imagem: dima_zel/iStock)

Em busca do novo

A identificação de Zhúlóng foi possível graças a profundas análises da pesquisa PANORAMIC realizada pelo James Webb. O programa explora uma nova metodologia para capturar imagens de alta qualidade enquanto o telescópio coleta dados de outros alvos.

“Isso permite que o JWST mapeie grandes áreas do céu, o que é essencial para descobrir galáxias massivas, já que elas são incrivelmente raras”, diz a Dra. Christina Williams, astrônoma assistente no NOIRLab e pesquisadora principal do programa PANORAMIC.

Observações futuras do JWST e do Atacama Large Millimeter Array (ALMA) ajudarão a confirmar suas propriedades e revelar mais sobre seu histórico de formação.

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James Webb descobre galáxia espiral cinco vezes mais massiva que a Via Láctea

Um estudo publicado na revista Nature Astronomy revelou uma galáxia espiral gigante, cinco vezes mais massiva que a Via Láctea, formada apenas dois bilhões de anos após o Big Bang. Batizada de “Big Wheel” (Roda Gigante), ela foi detectada pelo Telescópio Espacial James Webb (JWST), da NASA, surpreendendo os cientistas por ter se desenvolvido muito cedo na história do Universo.

O equipamento observou a Roda Gigante próxima a um quasar – uma região extremamente energética alimentada por um buraco negro supermassivo. A galáxia está a 11,7 bilhões de anos-luz da Terra e tem aproximadamente o mesmo diâmetro da nossa: cerca de 100 mil anos-luz.

Chamou a atenção dos pesquisadores, em especial, o disco em rotação bem definido, algo típico de galáxias espirais maduras. Isso foi confirmado por meio de medições feitas com um dos instrumentos do Webb, o espectrógrafo NIRSpec, que detectou o movimento do gás e das estrelas ao redor do núcleo da galáxia.

Esse movimento de rotação segue um padrão já conhecido pelos cientistas, chamado de curva de rotação plana. Em termos simples, isso quer dizer que as regiões mais distantes do centro da galáxia giram tão rápido quanto as mais próximas, o que normalmente só acontece em galáxias já bem desenvolvidas.

Além disso, a velocidade de rotação da Big Wheel está de acordo com a chamada relação de Tully-Fisher, que associa o tamanho e a rotação das galáxias. Ou seja, mesmo sendo muito antiga, ela já apresenta características semelhantes às das galáxias modernas, o que é inesperado para aquela fase inicial do Universo.

Galáxia Big Wheel, um enorme disco rotativo a 11,7 bilhões de anos-luz de distância. Sua espiral se estende por 100 mil anos-luz, o que faz dela a maior galáxia confirmada do início dos tempos. Galáxias próximas aparecem como bolhas azuis, com uma galáxia maior na parte inferior esquerda da mesma estrutura. Crédito: NASA / ESA

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Observações do James Webb revolucionam entendimento da formação de galáxias

“Essa galáxia é espetacular por estar entre as maiores espirais já encontradas, especialmente em uma época tão precoce”, afirmou o astrônomo Charles Steidel, um dos autores da pesquisa, em um comunicado. Segundo ele, essa descoberta pode mudar a forma como entendemos a evolução das galáxias.

Uma possível explicação para o crescimento acelerado da Big Wheel é o ambiente em que ela se formou. A galáxia está numa região do espaço extremamente densa, com uma concentração de galáxias mais de dez vezes maior que a média. Esse tipo de local favorece fusões e o acúmulo de gás, que alimentam a formação de grandes galáxias.

De acordo com Sebastiano Cantalupo, coautor do estudo, a Big Wheel pode ter aproveitado a abundância de gás e a dinâmica da região para crescer rapidamente. As fusões com outras galáxias também podem ter ajudado a aumentar seu tamanho em pouco tempo.

O achado levanta dúvidas sobre os modelos atuais de formação galáctica. A existência de uma espiral tão grande e estruturada tão cedo pode obrigar os cientistas a repensar como e em que condições o Universo permitiu o nascimento de gigantes como essa.

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“Tornados espaciais” são observados com nitidez sem precedentes no coração da Via Láctea

Um artigo publicado na revista Astronomy & Astrophysics revelou a existência de “tornados espaciais” próximos ao buraco negro supermassivo no centro da Via Láctea. Observações feitas com o telescópio Atacama Large Millimeter/submillimeter Array (ALMA), no Chile, registraram essas estruturas com 100 vezes mais nitidez do que imagens anteriores.

A equipe de astrônomos analisou uma região chamada zona molecular central (CMZ), onde nuvens de gás e poeira orbitam o buraco negro Sagittarius A*. O objetivo era entender o que impulsiona o movimento dessas nuvens turbulentas, que se deslocam de maneira caótica e veloz no núcleo da galáxia.

Para isso, os cientistas rastrearam moléculas específicas, como o monóxido de silício, que evidencia ondas de choque no gás interestelar. Os dados revelaram detalhes inéditos dessas tempestades cósmicas, incluindo um novo tipo de filamento fino e alongado, formado pela passagem dessas ondas de choque.

Observações do telescópio ALMA, no Chile, capturaram os “tornados espaciais” no centro da Via Láctea com 100 vezes mais nitidez do que imagens anteriores. Crédito: NSF / AUI / NSF NRAO / B.Foott

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Fenômeno no centro da Via Láctea pode espalhar moléculas orgânicas complexas

Em um comunicado, Kai Yang, da Universidade Jiao Tong de Xangai, principal autor do estudo, destacou que esses filamentos são diferentes de qualquer estrutura conhecida. Eles se movem rapidamente em direções opostas às nuvens ao redor. “Podemos imaginá-los como tornados espaciais: são fluxos violentos de gás, se dissipam em breve e distribuem materiais no ambiente de forma eficiente”.

Além de emitir óxido de silício, essas estruturas podem espalhar moléculas orgânicas complexas, como metanol e compostos contendo cianeto, por toda a CMZ e além.

Mapa de rádio da região central da Via Láctea obtido com o telescópio MeerKAT, localizado na África do Sul, com quadrados vermelhos mostrando as estruturas filamentares anteriormente desconhecidas observadas com o telescópio ALMA. Crédito da imagem: Yang et al., 2025

A alta precisão do ALMA permitiu detectar as emissões desses filamentos e confirmar que eles não estão associados a emissões de poeira. O astrofísico Yichen Zhang, coautor do estudo, ressaltou que essas descobertas só foram possíveis graças à sensibilidade do telescópio. “Nossa descoberta marca um avanço significativo, detectando esses filamentos em uma escala muito mais fina de 0,01 parsec para marcar a superfície de trabalho desses choques”.

Os cientistas pretendem continuar estudando esses filamentos para entender sua distribuição dentro da CMZ e seu papel na dinâmica molecular da região. Novas observações poderão revelar mais detalhes sobre esses redemoinhos enigmáticos e sua influência na evolução da Via Láctea.

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