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Não foi só o asteroide: outra extinção em massa veio antes e matou 85% das espécies

Quando se pensa em extinção em massa, um dos primeiros eventos que vem à mente é o asteroide Chicxulub, que levou à morte de mais de 70% das espécies da Terra (incluindo os dinossauros). Mas essa não foi a única ocasião em que a maioria da vida terrestre foi extinta.

Na verdade, nosso planeta passou por pelo menos cinco extinções em massa ao longo de sua história. Uma delas aconteceu há cerca de 400 milhões de anos antes dos dinossauros, em um período conhecido como Ordoviciano Superior.

Extinção em massa muito antes dos dinossauros

Antes do asteroide e antes da Era Glacial, a Terra começou a ficar… estranha. No Ordoviciano Superior, nem répteis e anfíbios haviam se desenvolvido ainda, o clima era muito quente e os níveis de dióxido de carbono eram altos. Segundo Richard Twitchett, líder de pesquisa do Departamento de Ciências da Terra do Museu de História Natural do Reino Unido, não havia nenhum tipo de animal ou vegetação que conhecíamos.

No entanto, o período foi marcado por sua diversidade… no fundo do mar. Ele até ficou conhecido como Grande Evento de Biodiversificação do Ordoviciano (ou GOBE, na sigla em inglês). De acordo com Twitchett em entrevista ao IFLScience, foi uma época em que os seres vivos estavam explorando diferentes estilos de vida e se adaptando ao ecossistema.

Até que veio a extinção em massa. Porém, ao invés do asteroide que matou os dinossauros ou de uma série de explosões vulcânicas, a “extinção em massa do Ordoviciano tardio” foi, na verdade, uma série de miniextinções. Isso porque ela aconteceu aos poucos, com uma mudança gradual na Terra.

Espécies do período Ordoviciano vivam no fundo do mar (Imagem: Esteban De Armas/Shutterstock)

Como foi a progressão da extinção

Twitchett resumiu a evolução da extinção em massa em dois eventos separados. Primeiro, quando a Terra esfriou. Depois, quando ela voltou a esquentar.

Isso a torna bastante peculiar:

  • Todas as extinções posteriores começaram com o aquecimento da Terra. Já nessa, começou com o resfriamento;
  • Segundo o pesquisador, isso pode ter acontecido pela evolução de algumas plantas terrestres, que podem ter causado uma redução nos níveis de dióxido de carbono e desencadeado a glaciação;
  • Também é possível que o resfriamento tenha sido causado pela movimentação do super-continente Gondwana em direção ao Polo Sul, que mudaria o esquema climática da Terra.

Porém, depois desse resfriamento, veio o aquecimento. As espécies que haviam se adaptado e sobrevivido ao gelo, agora tinham que enfrentar o calor. Nesse período, os oceanos passaram por uma grande desoxigenação, talvez pela floração de algas que prosperam no clima mais quente, talvez pelo aumento do vulcanismo e da lava no mar. O motivo exato é um mistério.

O resultado foi drástico: essas mudanças eliminaram 60% dos gêneros vivos e quase 85% das espécies. De acordo com Twitchett, esta foi a segunda extinção em massa mais importante em termos de perda de biodiversidade.

Diplograptus, uma das espécies extintas no período Ordoviciano (Imagem: Tia Spray/Shutterstock)

Mudança na Terra não foi tão grande

Uma das características das extinções é que, em seguida, há uma mudança drástica nos ecossistemas terrestres. No caso do evento no Ordoviciano, não foi assim.

Apesar de muitos seres vivos terem sido eliminados, o impacto ecológico posterior foi menor do que todas as outras. Twitchett afirmou que, mesmo com perdas de espécies importantes, nenhum grupo desapareceu completamente e nenhum ecossistema ficou totalmente perdido.

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Nesse caso, o impacto a longo prazo foi menor, o que também explica porque a extinção do Ordoviciano é uma das menos conhecidas.

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