youtube-1024x666

Quais seriam as consequências de dividir o Google?

O Google está sob fogo cruzado. Após perder dois importantes processos antitruste nos EUA, a gigante da tecnologia vê seu domínio nas buscas online ameaçado, suas ações estagnadas e promotores federais exigindo a venda de ativos como o Chrome, o Android e sua rede de anúncios.

A menos que consiga reverter essas decisões nos tribunais — um caminho longo e incerto — a empresa poderá ser forçada a se reestruturar radicalmente.

Mas, em vez de resistir, o Google poderia optar por uma saída estratégica: antecipar-se aos tribunais e promover sua própria cisão, como analisa do New York Times. Seria um movimento ousado, no estilo do Vale do Silício — dividir-se antes de ser dividido.

“Partes” do Google se valorizariam caso sejam separadas

  • “Os investidores não querem cortes pontuais. Querem uma cisão radical”, afirma Gil Luria, analista da D.A. Davidson.
  • Em uma nota recente, Luria propôs que o Google se desmembre em várias empresas independentes, o que, segundo ele, poderia quase dobrar seu valor de mercado — hoje na casa dos US$ 2 trilhões.
  • O cálculo de Luria sugere que partes como YouTube, Waymo e Google Cloud estão subvalorizadas dentro do conglomerado.

Além da valorização acionária, uma separação poderia reacender a cultura inovadora que fez do Google um ícone da tecnologia. “Engenheiros brilhantes, livres da burocracia de um gigante, podem criar algo tão revolucionário quanto o buscador original”, diz Luria.

O momento não poderia ser mais sensível: o Departamento de Justiça dos EUA quer que o Google se desfaça de negócios-chave para reduzir seu poder de mercado. A defesa, no entanto, promete apelar, e os embates judiciais podem se arrastar por anos.

Divisão do Google poderia ser benéfica, com partes como o YouTube ganhando valorização – Imagem: Charles McClintock Wilson/Shutterstock

Especialistas apoiam cisão

A proposta de Luria não está sozinha. Gene Munster, da Deepwater Asset Management, diz que a lógica de uma cisão faz sentido neste caso: “Pode ser uma das raras ocasiões em que dividir uma empresa realmente cria valor para os acionistas.”

Há precedentes. A AT&T, sob pressão semelhante na década de 1980, se dividiu voluntariamente. A Microsoft também enfrentou um processo antitruste em 2000, resistiu à cisão, mas ficou estagnada por uma década até se reinventar sob nova liderança.

Apesar dos argumentos favoráveis, o Google se mostra relutante. A empresa defende que forçar a divisão de plataformas como o Android e o Chrome — desenvolvidas ao longo de anos e oferecidas gratuitamente — afetaria negativamente usuários, empresas e a segurança digital.

Leia mais:

google
Especialistas veem paralelos com grandes casos antitruste do passado e defendem uma cisão voluntária como saída estratégica (Imagem: Below the Sky/Shutterstock)

Um porta-voz reforçou que o Google segue inovando e destacou que o YouTube foi a plataforma de streaming mais vista dos últimos dois anos, segundo a Nielsen.

Para alguns, no entanto, tamanho não é mais vantagem. “A cisão só prejudicaria quem se beneficia hoje do poder de mercado do Google”, afirma o advogado Barry Barnett. Startups, concorrentes e consumidores poderiam se beneficiar de um ambiente mais competitivo.

Há ainda um obstáculo importante: a estrutura acionária do Google. Mudanças significativas só aconteceriam com o aval dos fundadores Larry Page e Sergey Brin — e eles, até hoje, mantêm forte controle e apego ao legado que criaram.

Mas, como disse Adam Kovacevich, ex-executivo do Google: “Larry e Sergey gostam de movimentos ousados. Nunca diga nunca.”

google
Google enfrenta cerco judicial e debate sobre monopólio – Imagem: bluestork / Shutterstock.com

O post Quais seriam as consequências de dividir o Google? apareceu primeiro em Olhar Digital.

Leave A Comment

Your email address will not be published. Required fields are marked *